Um total de 20 mil hectares de áreas degradadas, equivalentes a mais de 20 mil campos de futebol, serão recuperados por meio de projeto desenvolvido pelo Fundo Vale em parceria com a empresa Belterra Agroflorestas. A iniciativa aliará o reflorestamento com a ampliação da produção de cacau no Pará, unindo esforços ao combate às mudanças climáticas, ao fazer ressurgir árvores em áreas antes degradadas.
O projeto adota a metodologia dos sistemas agroflorestais, que associam o plantio de culturas agrícolas com espécies florestais, gerando renda e conservação do meio ambiente de forma simultânea. Mais de 2 mil agricultores do sudeste do Pará serão beneficiados.
Para Franz Neld, 42 anos, há 31 anos no Pará, o trabalho no projeto representa a vida. Nascido em família de agricultores, ele foi um dos primeiros contratados no polo da Belterra em Altamira, para atuar como colaborador de campo. Sua atividade diária inclui preparação do solo, plantio, manejo e colheita nos Sistemas Agroflorestais (SAFs). “Esse trabalho é a minha vida. É muito prazeroso mexer com a terra e ver a evolução. Quando começamos o trabalho, as áreas eram só capim, não tinha nada e hoje a gente vê a floresta crescendo e sabe que também faz parte disso,” diz Franz.
De acordo com o geógrafo Valmir Ortega, fundador da Belterra, a implantação dos Sistemas Agroflorestais tem se mostrado um caminho eficiente para a restauração e para contribuir com o modelo produtivo no Pará. “A metodologia dos SAFs é comprovadamente efetiva para a regeneração da saúde do solo e a restauração da paisagem natural e da biodiversidade, o que previne o esgotamento de recursos naturais, promove o desenvolvimento da bioeconomia e ajuda a recuperar florestas que, por sua vez, sequestram carbono da atmosfera e contribuem para o combate ao aquecimento global,” ressalta.
Para o diretor-executivo do Fundo Vale, Gustavo Luz, o projeto é um ciclo virtuoso de desenvolvimento. “O objetivo principal do Fundo Vale é acelerar negócios que possam dar escala para essa economia florestal, movimentem esse círculo de desenvolvimento e prosperidade e promovam o bem-estar social e a proteção do meio ambiente, contribuindo com as políticas públicas e com os agricultores locais para o fortalecimento de outras cadeias produtivas, paralelo à mineração”, afirma Luz.
Pelo projeto, nos próximos sete anos serão disseminados sistemas agroflorestais abrangendo os polos cacaueiro Amazônico, Xingu e Carajás – este último em fase de implantação com mais de 2 mil hectares já recuperados. Segundo Ortega, o objetivo é produzir 60 mil toneladas de cacau. Um viveiro está em construção em Canaã dos Carajás, com capacidade inicial para 2 milhões de mudas de cacau, sendo que nos próximos dois anos alcançará a capacidade de 10 milhões. “Será o maior viveiro de mudas de cacau do Brasil,” destaca o geógrafo.
Meta florestal da Vale
Em 2020, a mineradora Vale definiu a meta de proteger e recuperar 500 mil hectares de florestas brasileiras até 2030. Do total, serão protegidos 400 mil hectares de florestas já existentes, enquanto 100 mil serão recuperados por meio do fomento a negócios de impacto positivo. Deste número, 20 mil hectares estão localizados no Pará.
Além da meta florestal de 20 mil hectares no Pará, o Fundo Vale também se tornou apoiador da Plataforma Territórios Sustentáveis do Governo do Pará. A ferramenta integra setores público, privado e terceiro setor, garantindo escala às iniciativas de desenvolvimento socioeconômico de baixo carbono no Estado. Por meio de um acordo de cooperação técnica, o Fundo irá apoiar a recuperação de mais 10 mil hectares no Pará até 2030. O memorando de entendimentos foi assinado este mês durante a COP 28, em Dubai.
Previsão do projeto Fundo Vale/Belterra em números até 2030
- 30 milhões de mudas serão plantadas;
- 20 mil hectares de áreas recuperadas;
- 2 mil agricultores beneficiados;
- 60 mil toneladas de cacau produzidas;
- Maior viveiro de mudas de cacau do Brasil com capacidade para 2 milhões de mudas, sendo que nos próximos dois anos alcançará a capacidade de 10 milhões.