Comerciante varejista pode estar recolhendo imposto a mais para o governo e ganhando menos

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Por Eleutério Gomes – de Marabá

Em tempos de crise econômica, qualquer perda, por mais insignificante que pareça, pesa no orçamento da empresa, seja de qual porte for, do grande conglomerado ao pequeno negócio de rua. E é o que vem acontecendo com o comércio varejista no País, que pode estar perdendo 3% por cento de seu faturamento ao recolher impostos indevidos ao governo. Ou seja, mais do que deveria pagar. O alerta é do tributarista Rafael Linhares, que proferiu palestra sobre o tema na noite de ontem (28), em Marabá, para, pelo menos, 150 comerciantes do varejo de armazém, a convite do Sebrae (Sistema Brasileiro de Apoio às Pequenas e Médias Empresas), em parceria com o Grupo Martins Atacadista.

Ao Blog, Linhares disse que a palestra servia como alerta em relação à complexidade e às grandes mudanças no sistema tributário, no último ano, quando foi instituído CEST (Código Especificador de Substituição Tributária), que vai valer para todo o País partir de 2018, para o comércio varejista, uma vez que para a indústria já está em vigor. “Vamos mostrar o efeito disso ao varejista na formação do preço de venda dele, qual o impacto da tributação no resultado final dele, que são as vendas”, detalhou o palestrante.

Informação

Segundo ele, com a instituição do CEST, no final de 2015, o Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária) busca a padronização da substituição tributária. E o primeiro passo para isso foi a instituição de um código comum para todos os Estados. “A partir de 2018 os varejistas serão obrigados terem todos os documentos fiscais emitidos” avisou.

Sobre as perdas que hoje o varejista sofre com a carga tributária, o especialista afirmou que isso acontece muito devido à falta de informação. “Por isso, viemos trazer informações a eles, para que possam ter uma tributação correta e não estar pagando imposto a mais, tendo, assim, perdas”, disse Rafael.

Linhares lembra que hoje a tributação consome boa parte do faturamento do empresário. “No varejo, podemos dizer que 8% do faturamento é destinado ao pagamento de tributos, isso somente o incidente sobre a venda. A carga é pesada, sem contar o que já foi recolhido pelo atacadista e pelo fabricante”, detalha.

Pagar só o justo

Segundo Rafael Linhares, além do peso dos impostos, o sistema tributário passa por mudanças contínuas, conforme constatou pesquisa de 2012, do Instituto Brasileiro de Pesquisas Tributárias, a qual revelou que, por dia, acontecem no País mais de 12 alterações tributárias, tanto em nível federal, quanto estadual e, muitas vezes, até municipal.

Indagado sobre a aceitação da palestra em outras cidades onde foi ministrada, Rafael disse que os encontros têm sido bem produtivos porque há muita deficiência na informação. “É algo que o varejista já ouviu falar, mas não didaticamente, detalhadamente, falando dos pontos mais impactantes, mais relevantes, principalmente aos pequenos que têm mais dificuldade em buscar essas informações”, avaliou.

Para Marcelo Ribeiro, gerente do Sebrae em Marabá, esse tipo de palestra esclarece sobre um tema que, para muita gente, chega a ser complicado. “Essa iniciativa faz com que o empresário tenha conhecimento, possa estar a par do assunto e que venha a pagar só o que é justo”.

Investimento no cliente

Lídia Fernandes, analista de trade marketing do Grupo Martins, disse que com iniciativas como essa, de levar esclarecimentos a varejistas de todas as partes do País, o atacadista mostra que não tem interesse apenas em vender. “Para nós, ajudar o nosso cliente pequeno e médio a crescer, se desenvolver, se capacitar também é muito importante. Se os nossos clientes ganham, nós também ganhamos. Se vendem mais, nós vendemos mais”.

O varejista Ladislau Guedes assistiu à palestra e disse que qualquer informação é benéfica para o empresário, para ele que tenha conhecimento e saiba o que está fazendo no mercado. “Quantas pessoas não sabem quanto pagam, o quanto recolhem”?, indaga, acrescentando: “Com um evento desses você fica sabendo quanto vai recolher de impostos, quais mercadorias são substituição tributária e quais não são e por aí vai”.

Após a palestra, aconteceu uma rodada de negócios, onde varejistas puderam fechar negócios com representantes de três indústrias trazidos a Marabá pelo Grupo Martins, sem intermediários. “Vamos ver agora quem é realmente parceiro, quem tem preço e prazo”, disse Ladislau antes de começarem as negociações.

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