As últimas duas semanas do ano prometem provocar uma recuperação no movimento e na circulação financeira no comércio de Parauapebas, principalmente porque amanhã (20) a economia local sentirá o reflexo da segunda parcela do 13º salário.
Nessa expectativa, o comércio acredita num crescimento de em torno de 4,3%, segundo levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas – CDL – de Parauapebas. “Nos últimos 3 anos tivemos resultados negativos, ou seja, as vendas foram menores que dos anos anteriores. Mas ainda acreditamos na recuperação nas vendas neste ano, com uma leve perspectiva de crescimento. Parauapebas ainda é uma cidade forte e com todos os problemas financeiros que afetam o país, o nosso município é privilegiado pela arrecadação com a mineração”, esclareceu o presidente da CDL, Marksan Silva.
Essa força comercial é que motiva Jeová Luiz de Assis, empresário que atua há 21 anos na cidade. “Mesmo com a crise, Parauapebas ainda está melhor que muitas cidades onde tenho amigos empresários. Atualmente meu faturamento é quase igual quando comecei, estamos praticamente empatando. O que dificulta é a concorrência. Parauapebas é conhecida nacionalmente como a terra do minério e todo empresário quer vir para cá. Há dez anos não tínhamos lojas grandes de departamento. E agora, essas empresas grandes estão engolindo o pequeno comerciante. Tenho esperança de que as coisas melhorem em 2018”, explicou o comerciante.
O empresário disse ainda que continua no mercado fazendo algumas adequações, como a redução no quadro de funcionários. “Já cheguei a ter 18 funcionários na minha loja e para sobreviver no mercado tive que reduzir para 10. Eu não perdi minha clientela, mas ela perdeu o poder de compra. Tinha cliente que comprava de R$ 200 a R$ 300 e atualmente compra em torno de R$ 70 a R$ 80. Neste ano o fluxo de pessoas na loja foi o mesmo que nos anos anteriores, mas o dinheiro circulou menos”, detalhou Assis.
“A resposta desse comerciante condiz com a realidade de todos os comerciantes de Parauapebas. A população não deixou de comprar, mas reduziu o valor gasto. Consequentemente menos dinheiro no caixa reduz o giro na economia”, enfatizou Marksan.
Marksan também descreve os últimos 2 anos comerciais da cidade: “2015 e 2016 foram difíceis para os comerciantes. A crise financeira do país fez com que muitos comerciantes fechassem os estabelecimentos ou reduzissem a estrutura. Tivemos demissões em massa e o país atingiu o recorde de desemprego. Estamos findando o ano de 2017 com um leve crescimento, muito pouco ainda e com ressaca dos anos anteriores, mas acredito que meados de 2018 o país volte a crescer como é esperado”.
Essa é a mesma esperança de Antônio Francisco Carvalho, morador de Parauapebas desde 1992, que viveu um ano atípico na cidade. Desempregado há um ano e dois meses, ele aguarda um 2018 diferente. “Não tenho nenhuma perspectiva de presentear minha família. Neste ano não comprei roupa nem para os filhos, nem para esposa e nem para mim. O dinheiro que circulou na minha casa foi apenas para comer e pagar energia. Há 25 anos morando aqui eu nunca tinha passado um final de ano como o que estou passando. Nem a tradicional comemoração da ceia de natal teremos este ano. Mas, tenho esperança de que as coisas vão melhorar”, desabafou Carvalho.