Na vã tentativa de “castigar” servidores públicos a quem inicialmente chamava de “caititus” – e cuja esmagadora maioria foram, em verdade, seus eleitores –, o prefeito Aurélio Goiano teve uma ideia, orientado por algum marinheiro de primeira viagem em gestão e administração pública: acabar com o chamado horário corrido e estender a jornada de trabalho de 6 para 8 horas, a pretexto de “melhorar o atendimento ao cidadão”.
Passado um mês e meio da medida, pergunte a qualquer cidadão se o atendimento nos órgãos públicos revolucionou ou se ele, o cidadão, sai de casa para ir às 16h ou às 17h resolver alguma coisa em repartição pública. Nada. Continua o mesmo, mas não para a prefeitura de Parauapebas, que viu seus gastos dispararem, especialmente com energia elétrica, material de consumo e até com um fator inesperado: os pedidos de vale-transporte.
Sim, o governo de Aurélio Goiano assistiu ao crescimento de 80% no custeio de vale-transporte para o funcionalismo da prefeitura, já que em 28 dias de fevereiro deste ano, mês cheio para cômputo da medida do aumento da jornada de trabalho, o desembolso da administração municipal foi de R$ 1,232 milhão contra apenas R$ 686 mil pagos em 29 dias de fevereiro de 2024, ano bissexto.
No ano passado, a prefeitura de Parauapebas pagou, em média, R$ 38.102,86 em vale-transporte por dia útil em fevereiro, já descontados os dias do feriadão do Carnaval. Este ano, os gastos por dia útil subiram para R$ 61.579,70, crescimento de 61% nesse tipo de indenização ao servidor público. E a tendência é aumentar, à medida que novos servidores contratados e comissionados forem sendo adicionados à folha na gestão de Goiano.
Se a ideia era realmente melhorar o atendimento ao cidadão e economizar, o efeito é rebote, e o prefeito deu tiro no pé. Isso porque a concessão de horas-extras não parou e repartições sem atendimento ao público ficam com seus servidores “de castigo”, gastando insumos – como a caríssima energia elétrica à tarde – sem necessidade.
Uma fonte de alta plumagem do governo de Aurélio Goiano confidenciou ao Blog do Zé Dudu que, em sua pasta, a previsão de gastos com água mineral, café, açúcar e material de limpeza feita para um período de dois meses foi consumida em 15 dias após a revogação do horário corrido. O gasto é crescente em tempos de arrocho financeiro.
Efeito no comércio
No início, muitos comerciantes acharam estupenda a investida do prefeito sobre os servidores. Alguns chegaram a ir para as redes sociais encorajar e engrandecer Aurélio Goiano pela atitude e dizer que “servidor tem que trabalhar”, esquecendo-se voluntariamente de que o próprio gestor atual, quando vereador e candidato a prefeito, iludia o funcionalismo ao dizer que “é o servidor efetivo quem carrega este município; a eles, o meu respeito”.
Hoje, pouco mais de um mês depois, comerciantes que antes vibraram com o “castigo” agora se queixam de queda no movimento. Uma lojista da Rua do Comércio contou ao Blog que fevereiro de 2025 foi “o pior mês” desde que abriu sua lojinha de produtos femininos em 2021, porque suas clientes, a maioria servidoras concursadas, “tomaram doril – ninguém sabe, ninguém viu”. Ainda segundo ela, quando as clientes tentam ir à loja, às 18h, o estabelecimento está fechando ou já fechado. “Minhas vendas caíram 60% na comparação com o ano passado,” reclama.
No salão de Maria das Graças Silva, no bairro Liberdade, o movimento também despencou. “Tá feia a coisa porque 80% das minhas clientes trabalham na prefeitura. Todo dia, depois das 14h, vinha uma diferente para eu atender. Agora, vejo uma ou outra só no sábado. As clientes sumiram em fevereiro,” lamenta.
Na Rua 14, o proprietário de uma lanchonete também revelou ao Blog que está sentindo o baque. Ele diz que inicialmente até apoiou o prefeito nas redes sociais, mas se arrependeu. “Os funcionários da prefeitura sumiram na parte da tarde. Eles são quem mais comprava com a gente. Saíam do trabalho às 14h e já faziam um lanche reforçado. Agora, nem sinal de fumaça,” conta, estimando que, após o cancelamento do horário corrido na prefeitura, as vendas de seu estabelecimento caíram 30% no turno vespertino. “O servidor público é motor da nossa economia”, reflete.
8 comentários em “Concessão de vale-transporte dispara 80% após ‘caça a caititus’ em Parauapebas”
Um governo desastroso, medidas tomadas sem estudo prévio. Muitos servidores votaram em AG acreditando em tempos melhores. Essa culpa eu não carrego.
Com 6, 8, 22 horas ou mais, a ma vontade de atender é a mesma! Quem tem parente ou padrinho tá dentro, quem não tem se lasca! Esquerda, direita, eixo ou qualquer outro lado, só no oco do pobre!
A decisão de revogar o horário corrido e aumentar a jornada dos servidores públicos em Parauapebas está se mostrando um verdadeiro desastre administrativo. O discurso inicial de melhorar o atendimento ao cidadão não se sustentou na prática, e o que se vê é um aumento absurdo nos custos operacionais da prefeitura sem qualquer benefício real para a população. O gasto com vale-transporte disparou, assim como o consumo de insumos básicos, como café, açúcar e água mineral. Isso levanta a questão: houve algum estudo de impacto antes de implementar essa medida, ou foi apenas uma decisão impulsiva para impor uma suposta disciplina aos servidores?
O mais preocupante é que esse tipo de gestão reflete um total desconhecimento da realidade administrativa e econômica do município. Se a prefeitura já enfrentava desafios financeiros, agora precisa lidar com um aumento de custos que poderia ter sido evitado. Além disso, o comércio local, que no início apoiou a medida acreditando que servidores trabalhariam mais e gastariam mais, agora sente na pele o impacto negativo. Lojas, salões de beleza e lanchonetes viram seus clientes sumirem, simplesmente porque não têm mais tempo para consumir durante o expediente. Ou seja, o tiro saiu pela culatra e atingiu tanto os servidores quanto os comerciantes.
Outro ponto que merece destaque é a forma como os profissionais essenciais foram descartados. A saída de jardineiros da Semel, por exemplo, mostra que a gestão priorizou cortes nos lugares errados. Esses trabalhadores eram responsáveis por manter os espaços públicos organizados e bem cuidados. Em vez disso, ficaram apenas pessoas sem preparo, sem empatia e sem o mínimo de profissionalismo para lidar com a população. A incompetência chegou ao ponto de funcionários que sequer sabem redigir um e-mail estarem ocupando cargos que exigem comunicação eficiente.
Isso mostra que a atual administração de Parauapebas está mais preocupada em promover uma política de confronto do que em buscar soluções inteligentes. A gestão pública deve ser feita com planejamento e estratégia, não com medidas punitivas e decisões precipitadas que acabam prejudicando a todos. O que se vê agora é um aumento nos gastos, um serviço público que continua ineficiente e uma insatisfação crescente entre servidores e comerciantes. Resta saber até quando essa política desastrosa vai continuar antes que a prefeitura perceba o erro e tente corrigir a situação.
Típico jornalzinho de esquerda que só fala mal do atual prefeito, enquanto o outro deitou e rolou como quiz porque será???
O Brasil está afundando dia após dia, tem mais gente no bolsa miséria que trabalhando formalmente, ainda tem gente apoiando servidores trabalhar apenas seis horas prá economizar,coversa fiado,se trabalhar compensa.
Larga de ser babao desse desgoverno seboso !! Esse alucinado nem sabe se fica e ja quer sentar na janela !! Prefeitura nao e empresa privada. Servidor nao trabalha pra gerar lucro pro patrao !!
Mestre, a questão é simples, o servidor pode trabalhar 12 horas por dia que a arrecadação não vai aumentar, só vai manter mais setores funcionando por mais tempo e gastando mais o dinheiro do contribuinte.
O rei está (ficando) nu!