Era por volta das 7 horas, início da manhã deste sábado (19), quando cerca de 40 pessoas, portando armas de fogo e facões, invadiram uma área pertencente à Vale, próximo da pera ferroviária da mina S11D. Imediatamente, o pessoal da segurança patrimonial da mineradora se dirigiu ao local e, após diálogo, conseguiu com que todos deixassem a área. Entretanto, minutos depois, o grupo voltou a tomar o terreno. Novamente o pessoal da segurança voltou à área, mas, desta vez, apenas a metade do grupo aceitou se retirar pela segunda vez. Os demais resolveram enfrentar os seguranças e houve conflito, inclusive com tiroteio. Não se tem notícia, porém, de que alguém tenha saído ferido.
Nos hospitais da região não existem registros de baleamento resultante da confusão, apesar da notícia de que pelo menos uma pessoa teria saído baleada do confronto.
Nos últimos 20 dias, três vias de acesso a unidades e projetos da Vale foram interditadas por manifestantes ligados à Fetraf – Federação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura Familiar – : a estrada de Serra Pelada, a VS-45, que dá acesso aos projetos Serra Leste e Sossego e Rodovia PA-160, que leva a Canaã dos Carajás.
Fonte do Blog dá conta, entretanto, de que o grupo que tentou invadir a área da S11D esta manhã não empunhava bandeira de nenhum movimento social de luta pela terra. O mesmo informante relata que pessoas estão recrutando camponeses, pequenos agricultores, geralmente analfabetos para invadir áreas da Vale, afirmando que elas têm direito à terra. O objetivo seria que, as terras, depois de invadidas e loteadas, os lotes sejam vendidos aos mesmos que estão incentivando as invasões e se tornem objetos de especulação. As áreas invadidas hoje, pertencentes à Vale estão com documentação correta e envolvidas em processos de mineração, e, segundo jurista consultado pelo Blog, tais ações de invasões dessas áreas são consideradas crime, sendo seus executores passíveis de punição pela justiça.
Em nota, a Vale confirmou ao Blog sobre a ocorrência da tentativa de invasão e a respeito do enfrentamento. Confira a nota:
“A Vale informa que, na manhã de hoje, 19/8, houve tentativa de invasão a propriedades da empresa no município de Canaã dos Carajás (PA). Um grupo de aproximadamente 40 pessoas tentou invadir a Fazenda Duas Meninas, quando a equipe de segurança, buscando o diálogo, informou que se tratava de área de propriedade privada e que eles poderiam ser retirados à força do local, caso permanecessem, conforme prevê a lei.
Os invasores, então, se dirigiram para a Fazenda Boa Sorte, também de propriedade da Vale. No local, foi feita a mesma abordagem mas o grupo, que estava armado,insistiu em permanecer. Houve, em seguida, atuação por parte da equipe de segurança, que conseguiu impedir a continuidade da invasão do imóvel, dentro do limite e direito legal de defesa da propriedade.
Quanto ao caso de um invasor que teria sido atingido por tiro na perna, a empresa aguardará o resultado da perícia e avaliação médica. Foram apreendidas duas espingardas com os invasores. A Vale ressalta ainda que não pactua com a prática de violência. A empresa acionou a Polícia, que segue investigando o caso”.
Outra invasão
Informação chegada ao Blog minutos atrás, dá conta de que a Fazenda Fazendinha, no município de Curionópolis, que foi invadida por trabalhadores intitulados sem-terra, ligados ao MST, em junho último, e desocupada uma semana depois, foi novamente ocupada também por volta das 7 horas da manhã de hoje (19).
Cerca de 500 pessoas, sem ligação a nenhum movimento social de reforma agrária, armadas, invadiram as dependências da sede da propriedade. Alguma pessoas ligadas ao MST que estavam acampados na propriedade tentaram por meio da força impedir a invasão, mas sem sucesso. Inconformados, os militantes do MST interditaram a Rodovia PA-275, entre Curionópolis e Parauapebas, onde se localiza o imóvel rural. Um extenso engarrafamento já começa a se formar de ambos os lados da estrada. A direção do MST estadual prometeu emitir nota sobre a ocupação.
Por volta das 18 horas uma guarnição da PM esteve no local e, segundo informações, conseguiu com que invasores deixassem a Fazendinha e que o MST desobstruísse a rodovia.
Em nota enviada ao Blog, Coordenação Estadual do MST diz que fazendeiro, em ato de desespero, articulou a invasão da própria fazenda. Confira a nota:
Na madrugada de hoje (19) famílias do Acampamento Frei Henri, sofreram mais uma vez ataque violento dos latifundiários Darlon Lopes e Dão, que em ação desesperada, de desrespeito ao estado e a justiça brasileira, orquestrou uma invasão de pistoleiros, na sede da Fazenda Fazendinha, atirando , jogando bombas contra as famílias do acampamento e queimando o pasto, cumprindo suas ameaças feitas aos acampados em tentativa de desestabilizar as famílias.
Diante da situação, as famílias interditaram a PA 275 por um período, visando chamar atenção pelo que estava ocorrendo.
Após os ataques, o Movimento Sem Terra comunicou os órgãos responsáveis os ataques violentos praticados pelo latifundiário, para evitar confronto e um novo massacre pudesse acontecer. A Secretaria de Segurança Pública do Estado do Pará (SEGUP) foi acionada, assim como a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Pará (ALEPA).
No período da tarde houve uma audiência com o Instituto de Colonização e Reforma Agrária SR-27, MST e advogado da Comissão Pastoral da Terra, para não só denunciar os ataques do fazendeiro, como cobrar que a instituição tome posse da área, que comprovadamente é pública. Por sua vez, o INCRA se comprometeu que na segunda feira irá requerer o cumprimento imediato da reintegração de posse da área, solicitar a Delegacia Especializada em Conflitos Agrários, que abra investigações para apurar os ataques ocorridos e responsabilizar todos os envolvidos, acionar a presença imediata da Policia Militar para fins de evitar que aconteça tragédia anunciada.
Desde o final de setembro de 2016, o INCRA teve parecer favorável para tomar posse da área pertencente a União. Entretanto, nunca foi efetivado a retirada do fazendeiro, sendo alegado falta de contingente policial especializado para realizar a operação.
As famílias seguem resistindo e afirmam que não desistirão da luta pela terra e da criação do Assentamento Frei Henri.
Lutar, Construir Reforma Agrária Popular!
Coordenação Estadual do MST Pará