Rebatendo desatinos que vez por outra circulam nos meios políticos e no noticiário do sudeste do país, destinados a tumultuar o andamento da organização para a realização da COP 30 – Conferência do Clima da ONU (Organização das Nações Unidas), previsto para novembro de 2025, em Belém do Pará. O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), declarou que Belém receberá um investimento de cerca de R$ 5 bilhões em infraestrutura, — e, desse total, R$ 3 bilhões serão executados este ano e até R$ 2 bilhões em 2025 — ano do evento.
Em conversa com jornalistas na terça-feira (7), Helder afirmou que o governo do Estado arcará com a maior parte dos recursos. O governador disse que está próximo de finalizar a negociação de uma linha de crédito com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) de aproximadamente R$ 2,3 bilhões.
Os investimentos virão do:
• BNDES: R$ 2,3 bilhões;
• Itaipu: R$ 1,3 bilhão e do
• Orçamento do Estado: estimativa de R$ 1 bilhão.
Segundo Helder Barbalho, todas as obras para receber a COP 30 já estão licenciadas, em fase de licitação ou em execução. Os projetos são voltados para o aprimoramento das infraestruturas de saneamento, mobilidade, hospedagem e portuária.
O governador afirmou que o Estado já realizou a contratação de 260 ônibus elétricos que vão rodar na capital paraense e nas linhas do BRT, que será inaugurado em dezembro deste ano e, depois do evento, serão um dos legados incorporados ao dia a dia povo paraense.
Ruídos
Sobre ruídos e boatos que sugerem a mudança da sede, Helder respondeu: “A capital paraense receberá o evento”, sobre boatos que circulam em colunas de articulistas políticos de alguns jornais do sudeste do país, que sugerem que a capital paraense não tem e não terá tempo nem capacidade para sustentar o evento e que houve movimentações para mudar o lugar da COP ou fatiar os eventos em outros Estados.
Outro ruído veio do líder do Cidadania na Câmara dos Deputados, deputado federal Alex Manente (SP), que defendeu trocar Belém por Porto Alegre (RS). Segundo o congressista, o principal motivo da mudança seria mostrar os impactos práticos das mudanças climáticas, visto que a capital gaúcha, assim como outras regiões do Estado, enfrentam uma tragédia causada pelas fortes chuvas.
O governador do Estado descartou todas as possibilidades de troca da sede e afirmou que a realização da COP 30 em Belém terá um peso simbólico nas discussões climáticas por ser a primeira vez que uma cidade localizada na Amazônia receberá a cúpula da ONU.
“Não existe qualquer possibilidade de mudança no calendário da COP 30. A COP 30 será no Pará e será a COP da floresta. Nós fizemos a escolha de fazer a COP na Amazônia para mostrar ao planeta que é chegado o tempo de discutir o meio ambiente no bioma amazônico para extrair um legado para a sociedade. Belém está se preparando para fazer a mais extraordinária COP”, garante Barbalho.
Parceiros
Como o Blog do Zé Dudu noticiou, a assinatura de contratos e convênios já estão em curso, como o assinado no início da semana em Brasília, entre o Governo do Pará e a Hidrelétrica Itaipu Binacional, estatal que controla a usina hidrelétrica no Paraná na divisa com o Paraguai, que investirá R$ 1,3 bilhão em obras para COP 30.
O governador tambpém assinou a ordem de serviço para construção do Parque Linear da Doca, na Avenida Visconde de Souza Franco, a tradicional Doca, um dos cartões-postais da capital paraense. O projeto será a primeira obra que utilizará os recursos da estatal binacional.
Já estão em obras o projeto Porto do Futuro 2, na área portuária de Belém com recursos da mineradora Vale S/A, ao custo de R$ 300 milhões. A conclusão das obras está prevista para ser concluído em 25 meses a tempo da COP 30.
O novo espaço fica próximo às margens do rio Guamá, na avenida Marechal Hermes, centro de Belém, área onde já há o Porto Futuro I, o Terminal Hidroviário de Belém. Também ficam próximos a Estação das Docas e do Complexo Ver-o-Rio, que compõem um conjunto de atrativos de destaque do turismo paraense.
A primeira etapa do Porto Futuro foi inaugurada ainda na gestão anterior, de Jair Bolsonaro (PL), em 2020. A obra na área portuária teve investimentos federais. O projeto foi planejado pelo governador Helder Barbalho em 2016, quando ele era ministro da Integração Nacional, ainda no governo de Michel Temer (MDB).
O projeto da primeira parte do Porto Futuro foi orçado em R$ 34,5 milhões para construção de complexo turístico com restaurantes e áreas para realização de eventos, além de pistas de corrida e ciclismo, banheiros públicos, playground, wi-fi grátis e um lago artificial. O lago é atração preferida das crianças que frequentam o espaço.
Já o projeto do Porto do Futuro II prevê a criação do espaço do Porto Belém, em sete galpões, oficialmente cedido pela Companhia Docas do Pará (CDP) ao Estado. A previsão é de realização de atividades econômicas ligadas à cultura e ao turismo.
Um Termo de Cessão e o contrato para elaboração do Projeto Básico foram assinados e as obras tiveram o sinal verde para iniciar. Para Helder, a construção “significa que Belém vai ter armazéns do porto adaptados para utilização das atividades do turismo, cultura, lazer, gastronomia, música e de valorização e qualificação profissional”, se tornando mais um dos legados por COP 30.
Sobre a COP 30
A COP 30 será realizada em Belém de 10 a 21 de novembro de 2025. Será a 1primeira vez que a cúpula do clima será sediada na Amazônia e marcará os 10 anos do Acordo de Paris, a principal convenção climática da ONU.
O tratado foi assinado em 2015 durante a COP 21, na capital francesa. O documento estabeleceu metas para a redução de emissões de gases causadores do aquecimento global.
* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.