Desde o início da pandemia da covid-19, no ano de 2020, o índice de ansiedade e depressão não para de crescer em Parauapebas a exemplo do que vem sendo registrado em todo o Brasil, que no ano passado bateu um triste e alarmante recorde no número de afastamentos do trabalho por causa dos transtornos mentais: foram 472.328 licenças médicas concedidas pelo INSS, um crescimento de 68% em relação a 2023, com 283.471 licenças.

No Pará, foram 5.441 afastamentos do trabalho, sendo 2.262 por ansiedade e 1.286 motivados por depressão, segundo a Previdência Social. Esse número, contudo, deve ser ainda maior, conforme especialistas na área, porque não inclui trabalhadores que pediram afastamento pela iniciativa privada e autônomos, por exemplo.
O certo é que a Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta o Brasil como o quinto país mais depressivo do mundo, com quase 12 milhões de habitantes sofrendo tamanho transtorno até meados de 2024. Além da depressão, a ansiedade, como transtorno, também tem avançado entre a população, inclusive de Parauapebas, que segue na esteira daquilo que já é considerada crise na saúde mental do País.
Em 2023, a rede pública do município registrou 3.728 atendimentos para depressão e ansiedade. Em 2024, esse número saltou para 5.074, um crescimento de 36,48%. Desse total de atendimentos, 2.432 foram para ansiedade contra 1.779 registros em 2023.
Os sintomas da ansiedade extrema vão desde a constante sensação de que algo ruim vai acontecer, sem que haja motivo para isso, até a falta de controle sobre pensamentos, imagens ou atitudes. Ainda fazem parte da ansiedade as fobias sociais, o pânico, reação aguda ao estresse, entre outros sintomas.
Os dados, apresentados com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, são uma soma dos atendimentos realizados pelo Centro de Atendimento Psicossocial (Caps) de Parauapebas – responsável por atender a maioria dos casos – e demais instituições que fazem parte rede de atendimento psicossocial, como as Unidades Básicas (UBS), a Unidade Dispensadora de Medicamentos Especializados (UDME) e o setor de Leitos Psicossociais do Hospital Geral de Parauapebas (HGP), onde são internados os pacientes em estados mais graves, com crises psicóticas.
Avanço das doenças mentais
Pelo histórico dos registros oficiais de Parauapebas a partir do surgimento da covid-19, em 2020, observa-se que o isolamento imposto pela pandemia provocou um boom na mente de parte da população, sentido apenas nos anos seguintes, conforme mostram os números.
Em 2020, a rede pública registrou 1.503 atendimentos para depressão e 512, para ansiedade. Em 2021, os números por tipo de transtorno não apenas dobraram como praticamente se igualaram: foram 2.099 atendimentos para depressão e 2.232, para ansiedade, um crescimento de 115%.
Em 2022, a depressão voltou a ser o principal problema de saúde mental em Parauapebas, com 3.337 atendimentos enquanto 1.458 foram para ansiedade. Somados os cinco anos, contados a partir de 2020, verifica-se que a taxa de crescimento dos atendimentos salta para 151,8%, o que preocupa o CAPS, responsável por 13.701 atendimentos dos 19.953 registrados entre 2020 e 2024.
O coordenador da Rede de Atenção Psicossocial do CAPS, o psicólogo Wagner Caldeira, esclarece que um mesmo paciente pode ter mais de um atendimento, o que não diminui a preocupação com o avanço dos transtornos mentais também em Parauapebas. Pelo contrário, a tendência é que a saúde mental continue a ser atacada por novos e velhos problemas sociais, fazendo maior número de vítimas.
A sobrecarga de exigências no trabalho, o aumento da competitividade, a fixação nas redes sociais, a mudança climática, o extremismo e a intolerância política e agora, no Brasil, a alta da inflação são alguns dos fatores que vêm adoecendo a mente de muitas pessoas.
“Eu não vejo nenhum tipo de perspectiva que faça com que os problemas de ordem mental reduzam”, preocupa-se Wagner Caldeira, sem deixar de observar que as feridas provocadas pela pandemia, como lutos, isolamentos, divórcios, começam a se cicatrizar e muita gente recomeçou a vida e sobreviveu à depressão ou ansiedade, principalmente se foram em menor grau.
Porém, a pandemia não levou junto outros problemas. “A estabilidade econômica, política do país, a precarização do trabalho, as questões ambientais, tudo isso, na verdade, tem se agravado muito mais. E, quando isso se agrava, os casos de transtorno mental também aumentam”, analisa Caldeira.
1 comentário em “Cresce em 36,1% índice de depressão e ansiedade em Parauapebas”
Ixxi, viver numa cidade cheia de buraco, rego de esgoto, mosca, batata, rato, e a catinga junto disso tudo é mesmo depressivo! Pior é ver o abandono público que estamos, e ficar rogando a Deus que novo não seja só promessa. Aí haja antidepressivo!