Se ser empreendedor no Brasil já é difícil, imagine sê-lo no Pará: quase impraticável. As dificuldades sociais por que o estado tem passado ao longo de sua existência desestimulam novos negócios e faz do Pará um lugar pouco atrativo para investimentos. E esta década isso ficou ainda mais visível.
Números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (26), por meio do Cadastro Central de Empresas (Cempre), revelam que entre 2013 e 2017 a quantidade de empresas e outras organizações em atividade no Pará caiu de 76.892 para 69.523 unidades. É como se todas as empresas em funcionamento nos municípios de Marabá e Parauapebas tivessem fechado as portas em apenas quatro anos. O estado praticamente regrediu ao início da década.
As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que se debruçou nos dados do Cempre, segundo os quais o total de pessoas ocupadas nas empresas paraenses, cerca de 1,06 milhão, é o menor número desde 2010. Segundo o IBGE, o Pará atingiu 1,17 milhão de trabalhadores nas empresas, um recorde nunca mais alcançado. De lá para cá, os empreendimentos do estado vêm enfrentando uma espécie de dissolução, já que, com a crise, muitos estabelecimentos foram obrigados a demitir em massa e até fechar as portas.
Municípios
Canaã dos Carajás é, entre os 144 municípios paraenses, o que mais viu prosperar o número de empresas. Em 2010, a “Terra Prometida” contava com apenas 345 unidades, que se transforaram em 847 sete anos após, um fabuloso crescimento de 145% mesmo numa década difícil, em que o estado e o país assistiram ao recuo da abertura de novos negócios.
Esse aumento expressivo gravita em torno dos projetos de mineração da multinacional Vale, que extrai cobre no projeto Sossego e ferro no projeto S11D, na Serra Sul de Carajás. Da implantação do projeto S11D à sua operação atualmente, especificamente entre 2012 e 2013, Canaã teve o maior boom de empresas em apenas um ano registrado pelo IBGE.
Hoje, Canaã possui mais empresas ativas instaladas em seu território que Abaetetuba inteiro, município cuja população é quatro vezes superior à do município minerador.
No tocante ao pessoal ocupado, o ranking dos seis primeiros lugares segue exatamente o da população: Belém (447,1 mil trabalhadores), Ananindeua (63,5 mil), Santarém (41 mil), Marabá (35,9 mil), Parauapebas (29,8 mil) e Castanhal (29,4 mil). Ao longo da década, Marabá teve perdas de 2,7 mil pessoas ocupadas, enquanto Santarém adicionou 7,6 mil e Parauapebas, 7,2 mil.
Também em termos de pessoal ocupado, Canaã dos Carajás é destaque, já que viu o número de trabalhadores nas empresas ativas saltar de 3.582 em 2010 para 6.222 em 2017. No entanto, nesse quesito, o reinado é de Vitória do Xingu, município onde está instalada a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, que viu o número de trabalhadores nas empresas locais saltar mais de 440% ― de 444 pessoas ocupadas para 2.412.
No Pará, em 2017, cerca de R$ 29,79 bilhões foram movimentados pelas empresas em salários e remunerações ― em 2016, foram pagos R$ 33,55 bilhões em salários. As empresas que desembolsaram os maiores volumes estão em Belém (R$ 15,23 bilhões), Ananindeua (R$ 1,27 bilhão), Marabá (R$ 848,8 milhões), Santarém (R$ 837,1 milhões), Parauapebas (R$ 782,2 milhões) e Oriximiná (R$ 742,2 milhões).
Todavia, os maiores crescimentos proporcionais esta década no pagamento de salários foram verificados em Canaã dos Carajás (de R$ 46,7 milhões em 2000 para R$ 181,3 milhões em 2017) e, principalmente, em Vitória do Xingu (de R$ 5 milhões em 2000 para R$ 56,4 milhões em 2017).
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