Cultura: entrevista com Ivan Oliveira, cineclubista parauapebense

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Na semana em que Parauapebas será contemplada com mais uma Mostra de Cinema, o Blog entrevista Ivan Oliveira (foto), paraense de Altamira e radicado em Parauapebas, jovem produtor cultural, cineclubista, webmaster e cineasta nas horas vagas. Ivan, que vem realizando um trabalho a frente do Labirinto Cinema Clube em Parauapebas utilizando o cinema como ferramenta fundamental para a formação de ideias, pensadores, a formação do cidadão, atitudes e ações, diz que “ser cineclubista, antes de tudo, é se posicionar perante a vida”. Acompanhe o que disse Ivan:

Blog – Ivan, o cinema é considerado a sétima arte, fale um pouco disso.

Ivan -  É uma arte “síntese” de várias outras artes (como a música, a pintura, a escultura, teatro, literatura e a dança), a meu ver o cinema é uma arte de possibilidades diversas, talvez aí esteja sua magia.

Blog -  O seu interesse pelo audiovisual (cinema) começou cedo?

Ivan – Eu nasci em Altamira – PA, e tive a feliz sorte de poder ainda criança ir a um cinema. Na minha cidade tínhamos o Cine Bonay, tudo começou ali.

Blog – Quais foram os primeiros filmes que você viu e que mais te marcaram?

Ivan – O cinema italiano, é sem dúvida o que mais me marcou, Cinema Paradiso, O homem das estrelas, filmes do cineasta Giuseppe Tornatore. O Cinema Paradiso é um clássico, acho que a maior homenagem que um cineasta já fez ao cinema é o final deste filme. E tem o cinema nacional que é uma coisa que a gente gosta e defende muito também.

Blog – Parauapebas é uma das cidades mais ricas do Brasil e não tem uma sala de cinema, comente!

Ivan – Do ponto de vista territorial temos um cinema, e muito bom por sinal, do ponto de vista da acessibilidade não temos. Acredito que muito em breve esse quadro vai mudar, só no Shopping serão 4 salas de cinema, há uma especulação para criação de um CineTeatro que será construído pela Vale por causas da questão das horas in itineres. E tem nosso cinema de guerrilha, que é este que fazemos com o Labirinto Cinema Clube.

Blog -  Fale sobre o LCC – Labirinto Cinema Clube

Ivan – O LCC é um cineclube de Parauapebas, surgiu em 2006, onde realizou a I Mostra de Cinema de Parauapebas, o sucesso foi tão grande que no mesmo ano realizamos a segunda mostra. Ali nascia um projeto audiovisual chamado Labirinto Cinema Clube. O nome do cine é uma homenagem a Glauber Rocha, cineasta brasileiro. Costumo dizer que com o tempo tudo vai se definindo, e assim foi com o cineclube, que passou a ser uma referência em Parauapebas, no Pará e no Brasil. Fomos contemplados em parceria com o FAM com edital do Ministério da Cultura através da Ação Cine Mais Cultura, que disponibiliza os equipamentos de projeção e os filmes para as exibições, hoje temos um acervo totalmente respaldado para exibição, pois os direitos autorais das obras são concedidos ao cineclube. Nosso trabalho acabou repercutindo no Ministério da Cultura, onde fui convidado para ser o monitor do Cine Mais Cultura na região Norte, então passamos a trabalhar nessa monitoria dando suporte a 21 cineclubes dos estados do Pará, Roraima, Tocantins e Acre. Nosso cineclube é filiado ao CNC – Conselho Nacional de Cineclubes, que recentemente realizou a 28ª Jornada Nacional de Cineclubes em Recife-PE, onde estivemos presente representando nossa região. O Labirinto Cinema Clube também é co-realizador do CURTACARAJÁS – Festival de Cinema de Parauapebas, juntamente com a Secretaria de Cultura.

Blog – Quem são seus parceiros, e qual a importância deles?

Ivan – O LCC tem uma diretoria, tem um quadro de pessoas que atuam e colaboram, temos nosso grande amigo Maicon Meireles, que é o homem da técnica, a pessoa que liga os cabos, regula o som e o projetor, HD Produções, Edinan Costa e Gilson Mesquita que também são do cineclube, o pessoal do FAM, Gilvan e Wesley que estão entrando agora para compor esse esquadrão, Dr. Rubens Moraes Jr., um dos fundadores do Labirinto Cinema Clube, e que sempre colabora, Amparo Borges da Agência ABCOM, que da uma força na comunicação, é um coletivo cultural, ainda em formação e aberto a qualquer pessoa que queira colaborar, tenho assumido a frente do processo, mas sem os amigos e parceiros seria impossível alcançar êxito nesse trabalho.

Blog – Qualquer pessoa pode fazer cinema? Dê uma dica para os leitores do blog.

Ivan – Qualquer um que se dedique a aprender as técnicas e as linguagens do cinema pode fazer sua produção audiovisual. A dica é estudar, tentar aprender os conceitos básicos de uma produção, o resto é feeling.

Blog – Fale sobre os dois Festivais de Cinema já realizados em Parauapebas e qual o resultado que considera satisfatório

Ivan – O CurtaCarajás já se firmou como festival de cinema brasileiro, os números do festival dizem isso, acho que é motivo de orgulho para a cidade ter um festival de cinema quando não se tem um cinema. É Lógico, que ainda é só o começo, a produção local está amadurecendo, na última edição tivemos 10 filmes produzidos na região, este ano teremos a mostra competitiva local com premiação em dinheiro, mas sabemos da imensa dificuldade em produzir, as palavras de ordem são fomento e produção.

Blog – Como está a produção de filmes em Parauapebas?

Ivan – A vontade de se produzir é grande, tem muita gente que tem esse interesse, mas antes de tudo é necessário uma preparação, como para tudo na vida, é preciso pensar em mecanismos que fomentem a produção local, mas quem tem vontade mesmo, acaba fazendo, sempre é preciso começar de algum ponto. Realizamos em 2010 dois documentários, “Mulheres de 20” e “Gente que brilha!”, este último sem nenhum incentivo financeiro, graças ao apoio da HD Produções.

Blog – Como fazer para fomentar a produção e o interesse da população para a sétima arte em Parauapebas?

Ivan – Exibir filmes gratuitamente nos mais diversos locais do nosso município já é um começo, dando acesso à produção cinematográfica, oferecer cursos e oficinas ajudaria também, mas isso é um trabalho coletivo que estamos buscando, chamar a iniciativa privada e o governo para comungar do nosso projeto audiovisual, os frutos virão com o tempo.

Blog – Quais são os planejamentos a pequeno e médio prazo?

Ivan – O fortalecimento do LCC, a constituição do cineclube em uma entidade formal, associar novos colaboradores, ajudar na criação de novos cineclubes nos bairros da periferia, ministrar cursos e oficinas de capacitação, levar o cinema para escolas, e fazer o melhor festival de cinema do norte do Brasil.

Blog – Quem quiser ajudar de alguma forma onde te procurar?

Ivan – Quem quiser ajudar, agradeceríamos muito, e tenham a certeza que estarão contribuindo por uma Parauapebas melhor, nossos contatos são cine@labirintocinemaclube.com.br  – celulares: 94 – 8129-5125/ 9145-0077 twitter: @labcine. No mais quero agradecer ao blog pelo espaço e oportunidade de divulgação do nosso trabalho.

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14 comentários em “Cultura: entrevista com Ivan Oliveira, cineclubista parauapebense

  1. Marcos Manoel Ribeiro Responder

    Ainda sobre a MOSTRA DE CINEMA realizada na Câmara, valeu a iniciativa, porque O Cinema divertiu e com certeza também ADVERTIU, como no filme ESTAMIRA, onde os problemas mentais de uma mulher, mãe de três filhos, muda a vida desta, interagindo com o mundo, emanando simpatia e desprezo, pena e solidariedade, tratar uma pessoa com essa patologia em sanatórios ou num espaço familiar. Uma doença que está muitas vezes longe de nós e ao mesmo tempo perto também.
    O filme sobre Chico Sciense divertiu e tb Advertiu, mostrando que o local em que a gente vive pode mudar culturalmente, quem tem idéias na cabeça precisa colocar pra fora esse sentimento, deixar fluir, buscar na essência de um povo inspiração que possa traduzir em arte, e esta ser mostrada para o mundo.

  2. Ivan Oliveira - Labirinto Cinema Clube Responder

    Antes de tudo, quero agradecer ao blogger pelo espaço e divulgação do nosso trabalho. Incrivel é ver a grande ferramenta de comunicação que esse blog é, Parabéns!

    O Labirinto Cinema Clube agradece a todos que colaboram direta ou indiretamente com nosso projeto social e cultural, que se apropriou do cinema com os “filmes dos outros” como ferramenta de transformação e formação de ideias e pensamentos, dessa forma construindo uma “escada” para a construção do olhar crítico.

    Parauapebas precisa de muitas coisas, e nós sabemos bem de tudo isso, mas são as pessoas que que irão transformá-la numa cidade “gostosa de se viver”, mas só se muda as pessoas através da cultura e educação, é bom pensarmos nisso agora, para que nossos filhos possam mais tarde conduzir o processo de transformação.

    Mostra DOC de Cinema continua hoje e amanhã
    Vá e participe dos debates.
    em breve a mostra acontecerá em Canaã dos Carajás.

    Grande Abraço, FICA com DEUS e Força Sempre.

  3. Marcos Manoel Ribeiro de Assis Responder

    A minha análise do primeiro dia da mostra labirinto cinema clube realizado na camara de vereadores é muito boa,. essa mostra sera um sucesso nos outros dois dias de evento, com certeza.
    O primeiro filme exibido, sobre carajas, levantou vários comentários no público presente, e, como sempre, a questão mineral ainda vai levantar muita polêmica. Os presentes puderam presenciar o quanto foi importante este filme ter sido exibido.
    O segundo documentário foi sobre o grande músico recifense CHICO SCIENCE, que deixou um legado extremamente grande tanto material, quanto na mente das pessoas, através da sua consciencia social.
    Chico Science, sem querer ser didático, colocou em pauta na vida nacional e internacional vários gargalos do miserê do povo. Ele misturou sons que ecoam no mundo cultural, e ativou a consciencia de cada indivíduo(ser humano) que escuta as suas músicas – ele, Chico foi o grande porta voz do MOVIMENTO MANGUE BEACH, que repercutiu mundialmente.
    O terceiro filme foi sobre o PASQUIM, antigo jornal de humor e entrevista que foi criado em meio a ditadura e fez muito sucesso.
    Que venha os próximos filmes nesta quarta e quinta.

  4. Gil Responder

    É claro que a gente, mesmo concordando em fazer a viagem, tem que esperar a hora do vôo. O labirinto é uma das iniciativas culturais mais louváveis nessa cidade. E esse movimento vai longe., com certeza. Parabéns Ivan!

  5. Téo Responder

    as coisas vão acontecendo aos poucos, e se começa exibindo mesmo. e tem que exibir muitos filmes, mais e mais. fazer crítica em cima disso é burrice e falta de conhecimento ou inveja, porque o trabalho esta sendo feito e reconhecido, parabens Ivan

  6. mazarópe Responder

    a questão é fazer cinema popular de verdade e não viver apenas mostrando filme dos outros. preta atenção que isso é escada. para empresas e partidos!

  7. kerendo ver o cinema acontecer Responder

    Bom, como foi bem explanado na entrevista, o que precisa para fomentar o gosto em assistir o cinema é a sua exibiçao. tanto na zona urbana ou rural, mas isso gera custos.
    As empresaas aki residentes bem que poderiam ajudar nessa questão, o traslado dos equipamentos e pessoal não é tão caro assim… EMPRESAS, você tem sua cota de responsabilidade na vida social da cidade,
    Ouvi dizer que em Manhattan (EUA) tem mais cinemas que o Brasil inteiro, com a palava os cinéfilos e crítIcos do Brasil inteiro, já que este BLOG é nacional…internacional

    tem que ter salas ou no m[íninimo o gosto em fazer cinema. são as mínimas condições básicas, primeiro vem o interesse, que é do indivíduo, segundo são as condiçõejs, que são os oficinas, que precisam de apoio do Governo Federal, Estadual e Municipal, MAS, principalmente da iniciativa privada, que poderia fazer toda a diferença, já que aki se lucra e aki tem que se deixar humanizar… mas o pontapé inicial sempre é ou da iniciativa individual ou da governamental, esta última sempre burocrática, difícil, morosa, lenta, incompreensível até…

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