A Casa das Artes, localizada em Belém, tem dado espaço em seus muros para que artistas façam homenagens ao legado deixado por mulheres que fizeram história com seus conhecimentos, repassados de geração em geração. O projeto, intitulado “Anciãs Amazônidas”, foi pensado para resgatar aquelas que deixaram sua marca na cultura e história da região, seja através da arte, música, dança, religião ou gastronomia, por exemplo.
Uma das mulheres homenageadas é Sultana Xavier. Nascida em Santarém, oeste do Pará, em 12 de janeiro de 1924, veio de uma família de mulheres fortes e resilientes. Junto com a mãe, Maria Amélia, trabalhou desde cedo na roça e enfrentou todas as adversidades da vida junto dos nove filhos, até 1994.
Desde cedo, tinha o dom da cura a partir do uso de plantas e orações, sendo reconhecida sacaca – palavra de origem Tupi, usada na Amazônia para designar um tipo de xamã. Seu mentor, o pajé Laudelino, era uma grande liderança indígena na região do médio Tapajós, por conta da sua luta pelo reconhecimento da identidade e demarcação da terra dos Munduruku de Taquara.
Sultana possuía uma forte ligação com a cultura da terra, incentivando festividades de santos, remédios feitos com ervas e orações e possuindo uma significativa relação com os demais ribeirinhos. Além de curandeira, era parteira e atendia mulheres que não tinham condições de chegar aos hospitais. Deixou um legado de acolhimento e sua casa é lembrada por sempre estar de portas abertas a quem precisasse de cura, conselhos ou alimento.
Sobre o projeto
Idealizado pelo Núcleo de Conexão Artística e Feminina MARPARÁ (Mulheres Artistas Pará), o projeto de muralismo “Anciãs Amazônidas” foi selecionado pelo edital do Prêmio Fundação Cultural do Pará de Incentivo à Arte e Cultura 2022, do governo do estado.
Moara Tupinambá, autora do mural que homenageia Sultana Xavier e integrante do grupo que realiza a curadoria e produção cultural da iniciativa, descreve a exposição como uma oportunidade importante “para que nós artistas possamos, a partir da arte, representar e trazer a história de mulheres que de alguma forma não estão nos livros ou na grande mídia, mas que foram e continuam sendo muito necessárias para a construção da nossa cultura viva na Amazônia”.
Para saber mais sobre as artistas e mulheres homenageadas, acesse a página do Instagram do projeto.