De 50 requerimentos de vereadores à Prefeitura de Parauapebas, só 3 foram respondidos

E mesmo assim com explicações confusas, vagas ou incompletas. Lei Municipal nº 4.979/21 obriga Poder Executivo responder indicações e requerimentos em até 15 dias, mas não está sendo cumprida

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O prefeito Aurélio Goiano está dando chá de cadeira nos vereadores, principalmente nos opositores ao seu governo. Com a oposição mais produtiva da história, a Prefeitura de Parauapebas tem sido bombardeada de requerimentos que exigem explicações sobre contratos, serviços e pessoal em praticamente todas as pastas. O governo, porém, faz cara de paisagem e as respostas para tantos questionamentos quase não existem.

O Blog do Zé Dudu rastreou os 50 requerimentos apresentados em sessões ordinárias até o momento e encontrou apenas três deles respondidos, e de forma lacônica, trazendo mais dúvidas e pulga atrás da orelha que esclarecimentos.

O Requerimento nº 6/2025, por exemplo, que o vereador Zé do Bode apresentou em 18 de fevereiro, pediu à gestão municipal informações sobre a situação do transporte público de Parauapebas. Na ocasião, o parlamentar pontuou questionamentos sobre quantidade e condições dos micro-ônibus que circulam na cidade; medidas para reduzir tempo de espera dos passageiros; plano de renovação da frota; e perspectiva de aquisição de veículos novos para ampliar atendimento na periferia.

A resposta foi encaminhada à Câmara na última segunda-feira (24), mais de um mês depois, portanto, vinda da Secretaria Municipal de Segurança Institucional (Semsi), que elaborou os esclarecimentos em 27 de fevereiro (veja aqui).

Segundo o titular da pasta, Hipólito Gomes, a Semsi está desenvolvendo atualmente alternativas para lançar um processo licitatório atraente com vistas a contemplar o sistema de transporte público de Parauapebas. Uma tentativa de licitar o transporte público feita no governo anterior teria fracassado.

“Esta secretaria está atuando em conjunto com as cooperativas que operam o transporte público por meio de concessão ou permissão, a fim de viabilizar melhorias urgentes”, diz Hipólito, sem, contudo, responder as perguntas de Zé do Bode. O secretário de Segurança Institucional lembra que os valores do subsídio tarifário ao transporte público foram reajustados, porém reconhece que “não foram observados impactos significativos em melhorias para a população”.

Responder é obrigação

Nada justifica a demora em prestar esclarecimentos muitas vezes simples e de interesse público, notadamente quando se sabe que a resposta será vaga e em não mais que três parágrafos, como no caso do ofício da Semsi.

Desde 2021, a Lei Municipal nº 4.979 (veja aqui) obriga o Poder Executivo a dar respostas nos canais institucionais oficiais a indicações e requerimentos feitos pelos vereadores no prazo de 15 dias da apresentação da proposição. Se, por um lado, as respostas estão chegando aos gabinetes dos vereadores e nem eles próprios sabem, por outro, as explicações não estão sendo adequadamente alimentadas nos ditos canais oficiais. Ainda assim, o mais provável é que nem uma coisa nem outra.

Mas nem tudo é devagar quando se quer. Veja-se o caso do Requerimento nº 11/2025, apresentado na sessão do dia 6 deste mês. Naquele dia, 14 dos 17 vereadores assinaram pedido de esclarecimentos ao prefeito Aurélio Goiano sobre falas dele perante o juiz Lauro Fontes Júnior de que haveria vereador pedindo “90”, “120” vagas, para continuar sendo sua base política.

Diante da repercussão altamente negativa na região, e temendo serem chamados na retranca pelo magistrado, os parlamentares resolveram fazer um requerimento “morde e assopra”, pedindo esclarecimentos para, segundo eles, “ajudar a evitar interpretações equivocadas por parte de terceiros” — e não se sabe se entre tais “terceiros” está o juiz, que viu e ouviu tudo, de camarote.

A resposta veio, diga-se de passagem, meteórica. Em textão assinado anteontem (25) (veja aqui), o prefeito Aurélio Goiano assume tudo, ao dizer que buscou “ilustrar as pressões e demandas que o Poder Executivo enfrenta, vindas de diversos setores, incluindo representantes do Poder Legislativo”, mas em seguida nega ao tentar desconversar que “as menções a pedidos de vereadores para manter determinado número de pessoas no PSS não configuram, de forma alguma, acusação de conduta ilegal ou imprópria por parte dos parlamentares”.

E volta a reafirmar, ao apontar as “diversas influências que a administração pública recebe, sobretudo por parte dos parlamentares, na condição de representantes dos interesses da população”. Como diria o poeta português Bocage, “a emenda saiu pior que o soneto”.

Semob culpa Semed

No mesmo dia em que foi lançado o polêmico requerimento pedindo esclarecimentos de falas de Aurélio Goiano em audiência judicial, a vereadora Maquivalda, que tem feito trabalho de fiscalização brilhante e irretocável, apresentou o Requerimento nº 21 pedindo explicações à Secretaria Municipal de Educação (Semed) sobre um contrato de reforma das escolas públicas, derivado de adesão a uma ata de registro de preços produzida lá em Goiás.

O contrato, no valor R$ 24,577 milhões, gerou muitos questionamentos e comentários negativos na cidade, especialmente após se descobrir que a empresa beneficiária é de fora de Parauapebas e do Pará.

Antes, a parlamentar havia encaminhado ofícios à Semed, bem como a Secretaria de Obras (Semob), atrás de informações sobre o referido contrato, feito às escuras, sem qualquer transparência pública. Sem resposta por ofício, ela decidiu formalizar o pedido via Mesa Diretora da Câmara.

No último dia 20, veio a resposta (veja aqui): a Semob se esquivou e disse que o contrato 20250186 está sob “competência exclusiva” da Semed. “Esta Secretaria Municipal de Obras participa somente da fiscalização do referido contrato, e em caráter de suplência”, informa a pasta.

A Semed não se manifestou à Câmara, descumprindo o prazo previsto na Lei Municipal nº 4.979 e segue sendo a pasta mais denunciada aos órgãos fiscalizadores do Brasil por falta de transparência e obscuridade em seus processos. Mas não é a única.

Em meio às cinco centenas de requerimentos disparados ao parlamento, as secretarias de Saúde (Semsa) e Urbanismo (Semub) também tem quota de participação. A ordem parece ser a de fazer vista grossa aos pedidos para não dar “ibope” à oposição e perpetuar a falta de transparência. A estratégia é péssima e pode custar caro, tanto do ponto de vista político quanto administrativo.

6 comentários em “De 50 requerimentos de vereadores à Prefeitura de Parauapebas, só 3 foram respondidos

  1. Jeronimo Santana Responder

    A atual gestão pública o que tem feito muito bem é coloar o BLOCO DO OBA OBA nas ruas com o prefeito como ABRE ALAS e a primeira dama como DESTAQUE do bloco. Saúde, educação, transporte e seguranca é obrigação da gestão e não favor.

  2. Adalberto Ferreira Soares Responder

    O Zé do Bode é um desocupado que nunca mais será eleito.. E, porque Dando bode nunca questionou a gestão do Darci Lerdo, sobre o traporte público ?
    E você Blog do Também Zé, agora Dudu, o que ganha com isso ?
    O homem terminou de ser eleito, estamos no mês 3, como assim ?.
    Esses dois “Zes”, quando não dão problemas sendo do Dudu, dão Bode, ou sempre foi: “Zé dar Bode”.

  3. Ronaldo conceiçao moura Responder

    Eu discordo do Adonias dias, prefeito de Parauapebas, herdou o município falido pela gestão Darci, a diferença entre a festa do carnaval e a festa das mulheres.
    Festa do carnaval não trás reconhecimento moral pra cidade.
    Festa das mulheres, trás reconhecimento moral e social pra todas as mulheres de Parauapebas.
    Adonias se você está se sentindo mal com a gestão do novo prefeito, passe o seu lugar pra outro.

  4. Adonias Dias Responder

    Parabéns pela excelente matéria.
    Zé Dudu, confesso que votei neste gestor do desgoverno.
    Ele tem que parar de ” brincar de casinha” e encarar a realidade de frente.
    Nosso município clama por socorro. Não fez carnaval na cidade, porque usaria a verba pra saúde, no entanto, no mesmo mês fez uma festa astronômica em homenagem as mulheres. Será que foi homenagem ou foi uma promoção explícita da imagem da primeira dama, haja vista que, a mesma é SECRETÁRIA DA MULHER.
    Uma mega estrutura, cantores nacionais, gastos exorbitantes. E pra reinaugurar o postinho de saúde da cidade nova, vai inaugurar “meia boca”, pois não dispõe nem de sala de vacina.
    Este é o governo do desgoverno.
    Também, o que se pode esperar de uma pessoa que se auto denomina ” O DOÍDO”?
    Para um gestor, ele não tem o mínimo de postura.

    • Adriano Carlos Responder

      Oposição sendo oposição. Levanta críticas, faz pulso firme, procura chifre na cabeça de cavalo. O intuito é derrubar o oponente. A oposição não se preocupa com bem estar social tem interesse próprio e luta para tirar de cena quem incomoda seus interesses. Então lembre-se a oposição não vem somente dos parlamentares, mas notamos que surgi também dos meios de comunicação. Com intuito de mudar a opinião Pública.

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