Brasília – A Bell Labs, empresa americana de pesquisa que é subsidiária da Nokia, ficará responsável por desenvolver a tecnologia 4G que será instalada na Lula. A Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço norte-americano – NASA, já fez um pagamento inicial de US$ 14,1 milhões (mais de R$ 78 milhões, na cotação atual) pelo projeto. Será o início da montagem de toda a infraestrutura exigida para a missão tripulada a Marte: o Projeto Artemis. Segundo o comunicado de imprensa, o objetivo é preparar a infraestrutura de comunicações até o fim de 2022.
Será a primeira rede de internet móvel com cobertura 4G fora do planeta Terra, na Lua. A iniciativa faz parte de uma série de esforços para permitir uma presença humana mais duradoura no satélite natural, sede, no futuro de uma base para a viagem a Marte.
Estima-se que a formação da Lua tenha ocorrido há cerca de 4,51 mil milhões de anos, relativamente pouco tempo após a formação da Terra. Embora no passado tenham sido propostas várias hipóteses para a sua origem, a explicação mais consensual atualmente é a de que a Lua tenha sido formada a partir dos detritos de um impacto de proporções gigantescas entre a Terra e um outro corpo celeste do tamanho de Marte. Os detritos se agruparam e foram compactados devido a força gravitacional formando o quinto maior satélite do Sistema Solar.
O equipamento
O equipamento de rede será integrado a uma sonda de pouso da empresa Intuitive Machines e se configurará sozinho ao chegar à superfície da Lua — que bom que ninguém vai precisar chamar o técnico para instalar esse roteador por lá.
Mas por que uma rede 4G na Lua? A rede facilitará o controle de rovers, a obtenção de dados geográficos para navegação no satélite e o envio de vídeos de alta definição é necessidade primordial, mas, na verdade, o projeto é uma das etapas da Missão a Marte, batizada de Projeto Artemis, cujo cronograma começa em novembro de 2021.
Para isso, a Nokia vai desenvolver uma estação base de 4G preparada especialmente para o lançamento e o pouso, além de várias adaptações para poder funcionar nas condições adversas da Lua, como temperaturas extremas e radiação. A cobertura não será muito extensa porque os módulos precisarão ser reduzidos para facilitar o transporte.
A contratação faz parte do esquema Tipping Point da NASA, que contrata empresas privadas para dar suporte à futura missão Artemis. Ela marcará o retorno da humanidade à Lua em 2024 e o estabelecimento de uma base lunar e uma presença humana prolongada até 2030, de acordo com o cronograma atual.
O esquema Tipping Point já investiu US$ 106 milhões em iniciativas inovadoras como um sistema de carregamento sem fio, uma fonte química de energia elétrica e aquecimento e, agora, a rede 4G da Nokia. Outro investimento de US$ 256 milhões foi feito em tecnologias de gerenciamento de fluidos criogênicos, e mais um de US$ 53 na SpaceX, empresa de foguetes do magnata da tecnologia Elon Musk, dono da Tesla, fabricante de carros elétricos.
Todas essas inovações são essenciais para uma presença humana prolongada na Lua, e espera-se que elas ajudem a preparar uma futura missão para Marte. E o 4G é só o primeiro passo. A Bell Labs também disse que pretende, no futuro, atualizar a rede lunar para 5G. Será que também teremos planos de celular com roaming extraterrestre incluso?
Projeto Artemis
A Nasa revelou os detalhes de seu plano para levar astronautas novamente a Lua até 2024. Composto por diversas missões, o projeto Artemis também pretende construir uma base lunar e abrir caminho para também pisarmos em Marte. Se tudo der certo, será a primeira vez que um humano caminhará em nosso satélite desde 1972 — quando aconteceu a última missão tripulada do projeto Apollo. Também será a primeira vez que uma mulher pisará na Lua.
Antes disso, no entanto, serão necessárias algumas viagens para testar os sistemas, principalmente a nova nave Orion e o foguete Space Launch System (SLS, ou Sistema de Lançamento Espacial). No ano que vem, será enviada uma missão não-tripulada e também deve acontecer o primeiro sobrevoo com tripulação. Só depois estaremos prontos para um pouso lunar.
Mas falta um pequeno detalhe: para fazer o projeto Artemis acontecer, a NASA precisa conseguir US$ 28 bilhões nos próximos quatro anos (cerca de R$ 154 bilhões). A verba já foi requisitada ao governo dos Estados Unidos. Se a missão de 2024 for bem-sucedida, a próxima etapa será colocar pessoas na superfície lunar pelo menos uma vez por ano, para construir uma base permanente em nosso satélite natural, em parceria com outras agências espaciais, inclusive Agência Espacial Brasileira (AEB). A NASA também pretende instalar o Gateway, uma estação espacial que orbitaria a Lua, apoiando frequentes viagens à superfície. A meta é que toda essa estrutura e experiência permitam viagens tripuladas a Marte, por volta de 2030.