Você acreditaria se alguém lhe dissesse que os produtos e serviços que você consome no Pará ficaram mais baratos no mês passado? Certamente não, e você ainda riria da situação, que mais parece piada. Mas o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acaba de revelar nesta sexta-feira (10) que a inflação oficial do Pará para novembro caiu, ou melhor, simplesmente não existiu. Aliás, houve deflação nos preços medidos a partir da Grande Belém.
As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu, que analisou os indicadores do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgados hoje e que servem de base para o cálculo anual da inflação oficial do país. Enquanto no Brasil o preço médio das coisas encareceu 0,95% em novembro, no Pará houve — pasme! — recuo de 0,03%.
Na prática, é um valor tão irrisório que ninguém vai admitir que sentiu seus efeitos na carteira, com algumas moedinhas sobrando. Para além disso, o peso da inflação é sentido de forma diferente entre as famílias. As de menor poder aquisitivo são as que mais percebem a alta dos preços enquanto, para as mais abastadas, o índice pode ser imperceptível.
De acordo com o IBGE, o Pará acumula este ano inflação da ordem de 7,08%, a menor entre as 16 regiões pesquisadas. No Paraná, o IPCA medido a partir de Curitiba acumula este ano 12,16%. Já passa de 10% no Espírito Santo (10,69%), Mato Grosso do Sul (10,4%), Acre (10,13%), Rio Grande do Sul (10,07%) e Ceará (10,03%).
No acumulado de 12 meses, o Pará registra 8,7% de inflação e, também, é a mais baixa do Brasil. No extremo oposto, a inflação acumulada chega a 13,71% no Paraná e 12,26% no Espírito Santo. Passa de 10% em outras 12 Unidades da Federação. A média nacional, de janeiro a novembro, é de 10,74%. O IPCA, vale lembrar, é utilizado como parâmetro para correção de preços de diversos produtos e serviços, e também do salário mínimo.
Por que a inflação caiu no Pará?
Segundo o IBGE, a variação negativa registrada no estado decorre principalmente dos itens de higiene pessoal (-6,51%) e energia elétrica (-1,92%). Apesar disso, o peso da inflação no bolso dos paraenses é avassalador este no, de maneira que serviços como alimentação (26,87%), transportes (18,84%), habitação (16,66%) e saúde (12,23%) levam embora praticamente 75% do salário da população do estado.
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) calcula que, em novembro, o salário mínimo necessário para uma família brasileira viver com dignidade deveria ter sido de R$ 5.969,17, uma realidade distante da esmagadora maioria dos trabalhadores do país e, principalmente, do trabalhador paraense, cujo rendimento mensal médio não toca R$ 1.600.