Ao defender a soberania da Amazônia e refutar dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) sobre o crescimento em mais de 200% do desmatamento na região, o deputado Eraldo Pimenta (MDB) não só questionou a aplicação do dinheiro do Fundo Amazônia como ainda saiu atirando pesado contra organizações não governamentais (ONGs) ligadas ao meio ambiente.
“Estão ganhando grana do Fundo Amazônia, que é para manter um bocado de vagabundos. Não estou aqui generalizando, mas tem muito mala que pega essa grana para fumar maconha e para consumir cocaína”, disparou Eraldo Pimenta, da tribuna da Assembleia Legislativa, na sessão desta terça-feira, 13, ocasião em que ele repudiou “com veemência” as ONGs “que querem o atraso do nosso Pará, do nosso Brasil”.
No embalo do discurso de Pimenta, o deputado Ângelo Ferrari (PTB) sugeriu a criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) “para saber onde está esse dinheiro” que países como Alemanha e Noruega informaram ter depositado no Fundo Amazônia, criado há onze anos para captar doações em favor da conservação e preservação da região, e cujo repasse foi suspenso este mês por os países divergirem da política adotada pelo governo Jair Bolsonaro.
“Eu convido qualquer deputado, qualquer autoridade, qualquer ambientalista a andar na floresta comigo para ver onde está esse dinheiro”, desafiou Ferrari. Como exemplo da falta de investimentos ambientais, ele citou as condições de trabalho dos funcionários do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) do Porto de Trombetas, onde há quatro funcionários “uma voadeira velha, com motor quebrado, e uma rabeta”.
Na opinião de Eraldo Pimenta, “há controvérsias” nas alegações dos dois países de que suspenderam as doações para o Brasil porque o País não vem cuidando da Amazônia. “É um papo furado absurdo de gente que quer o pior para o nosso Pará, que quer o pior para o nosso Brasil. E eu discuto – pode vir aí o Greenpeace -, eu quero discutir com ONGs irresponsáveis que recebem dinheiro de fora para atrapalhar, para travar o nosso Estado, para frear o desenvolvimento do nosso Brasil”, insistiu o medebista, que é 1º secretário da Mesa Diretora da Alepa, apontado como o segundo cargo mais importante do Legislativo.
Eraldo Pimenta destacou o fato de que o Pará tem recursos naturais que potencializam economicamente não só o próprio Estado, mas todo o Brasil, o que estaria incomodando e preocupando os países ricos, na avaliação do parlamentar. O medebista prevê que em menos de 20 anos o mundo será movido por energia elétrica e não mais por combustíveis fósseis, como o diesel e a gasolina.
E aí entra o Brasil como um dos grandes geradores de energia, com destaque para o Pará, onde se encontra hoje a maior hidrelétrica do País genuinamente nacional, que é a UH de Belo Monte. “Cadê os problemas ambientais que a Belo Monte causou? Causou mazelas sociais porque falta discutirmos as condicionantes que eles (da empresa Norte Energia) não cumpriram. Precisamos brigar por isso”, disse Eraldo Pimenta.
Já a produção de energia, garantiu o deputado, é feita de forma sustentável. “Todas as hidrelétricas feitas agora no Brasil são ‘a fio d’água’. Ninguém aqui evapora a molécula da água. Só dá um tombo. Só aproveita a força da água”, frisou Pimenta, para arrematar: “Isso assusta o Primeiro Mundo. Isso assusta esses países – Noruega, Alemanha – que já usaram 100% dos seus recursos naturais”.
Oxigênio vem dos rios
Em consonância com o que tem sido dito por pesquisadores, de que a Amazônia não é o pulmão do mundo, Eraldo Pimenta disse que esse papel não compete à floresta, mas às aguas do planeta. “A floresta amazônica não é responsável, evidentemente, por gerar o oxigênio para o mundo. Os plânctons, os fitoplânctons, as águas marinhas, o mar que são responsáveis de gerar o oxigênio do nosso mundo”.
Ao final do seu pronunciamento, Eraldo Pimenta elogiou e parabenizou o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, “que peita essa máfia que são as ONGs no Estado do Pará”. E disse que não irá admitir “que metam o bedelho, que venham se intrometer em nosso rico Estado”.
Por Hanny Amoras – Correspondente do Blog em Belém