Esta terça-feira (16), primeiro dia de sessão deliberativa da semana legislativa na Câmara dos Deputados, começou quente. Visivelmente desequilibrado, o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) tirou à força da Câmara dos Deputados o influenciador Gabriel Costenaro, integrante do MBL (Movimento Brasil Livre). Em um vídeo, é possível ver o parlamentar empurrando e desferindo chutes no youtuber. O grupo foi conduzido para o Departamento de Polícia Legislativa (Depol), onde o psolista também discutiu com o deputado federal Kim Kataguiri (União-SP) e precisou ser contido pelos policiais.

O grupo do MBL estava na Câmara para conversar com parlamentares contra a regulamentação do Uber. Ainda não há imagens que mostrem o início da discussão. Após o incidente, Glauber Braga divulgou uma nota afirmando que “não se arrependia do que tinha feito” e que foi provocado pelo integrante do MBL.

“É a quinta vez que esse sujeito me provoca. Na quarta, no Rio de Janeiro, ele ameaçou a mãe de um militante do PSOL, de mais de 70 anos, falando que sabia onde ela morava. Eles tentam nos intimidar, tentam, através do medo, fazer com que a gente recue, mas nós não vamos recuar para militante fascista. Não me arrependo de nada do que fiz!”, disse o deputado em vídeo publicado em sua conta no X (ex-Twitter).

Após a primeira discussão, os envolvidos foram encaminhados para a Depol, a Delegacia da Polícia Legislativa dentro da própria Câmara dos Deputados, onde o caso foi registrado. É neste segundo momento que acontece a discussão entre Glauber Braga e o também deputado Kim Kataguiri. Nas filmagens, é possível ouvir o psolista chamando o deputado do União Brasil de São Paulo de “defensor do nazismo”.

“Cada vez que eu estiver em um lugar e os marginais do MBL quiserem vir me intimidar, sabe o que vai acontecer? Abaixo a mão! “, prometeu Braga aos berros, antes da discussão aumentar e o parlamentar precisar ser contido pelos agentes da Polícia Legislativa Federal.

O deputado Kim Kataguiri disse que irá pedir a cassação do psolista, no Conselho de Ética. Ele também disse que pedirá celeridade na análise do caso.

“Vou conversar com o presidente do Conselho de Ética e com o presidente Arthur Lira, para exigir o máximo de celeridade, dentro do prazo que o regimento determina. Precisa haver uma punição veloz até para que ela seja efetiva”, airmou Kataguiri.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) também comentou o caso em suas redes e disse que o PL também ingressará com representação conta Braga no órgão.

Em 2022, uma discussão áspera ocorreu em plena sessão do Plenário da Casa, entre o deputado Glauber Braga e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que foi ofendido pelo congressista fluminense, considerado de temperamento explosivo e acusado por alguns deputados de ser um homem desequilibrado.

O deputado federal Bibo Nunes (PL-RS) disse há pouco, no Pequeno Expediente, que vai pedir à Mesa Diretora, que faça exame toxicológico em todos os congressistas, sem citar o nome de Glauber Braga.

Já o deputado federal Eli Borges (PL-TO) lamentou, depois de ver os vídeos, o confronto entre o deputado Glauber Braga, que já tem um histórico de agressões nesta Casa. “Lembro o que ele fez com o nosso deputado José Medeiros, eu estava perto e vi. Hoje, ele retira um cidadão brasileiro aos chutes desta Casa de Leis, desrespeitando o significado do Poder Legislativo e da participação popular, que é legítima nesta Casa. Tudo, possivelmente, porque esse cidadão é do MBL, Movimento Brasil Livre, que tem um amigo, o nosso querido deputado Kim, e que, naquele momento, também foi confrontado verbalmente e, de alguma forma, até na tentativa de segurar a mão dele.”

“É preciso, presidente, tomar providências, porque não há muito tempo que o nosso deputado Messias Donato também foi agredido nesta Casa. E, quando não acontece uma reação deste Poder — e, aí, eu me dirijo ao presidente Lira — as coisas vão tomando formas em que o perigo do debate livre começa a acontecer aqui, partindo para agressão física”, precificou.

“Deixo a minha solidariedade a esse jovem do MBL, que luta por um Brasil livre, que naturalmente não tem, na sua visão de brasilidade, a mesma visão do colega que o agrediu e expulsou desta Casa. Deixo a minha solidariedade ao nosso querido Kim, que, de igual modo, luta e comanda esse movimento no Brasil”, continuou o congressista tocantinense.

“Deixo esse registro, presidente, com muita preocupação, porque, se esta Casa não tomar providências, eu não sei aonde nós iremos chegar em breve. Isso porque as tensões estão à flor da pele, e as pessoas querem sair do debate democrático para agressão física, talvez por despreparo”, advertiu.

O presidente da Câmara dos Deputados, desafeto de Glauber Rocha, ainda não assumiu a direção dos trabalhos da Sessão, e o blog estará atento se houver manifestação do presidente da Casa.

* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.