O deputado Igor Wander Centeno Normando, ou simplesmente Igor Normando (Podemos), estreou este ano no legislativo estadual com a mesma motivação com que entrou na política quando tinha apenas 24 anos de idade e foi eleito o vereador mais jovem de toda a história de Belém.
Antes disso, carregava na bagagem plena dedicação ao movimento estudantil, que começou aos 15 anos de idade. Normando dirigiu a União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas (Umes), foi vice-presidente da União dos Estudantes do Pará até ser eleito dirigente da União dos Estudantes no Brasil (UNE).
Acostumado ao debate político, Igor Normando projetou construir sua história no Legislativo. Na Câmara Municipal de Belém, não perdeu tempo. Tanto é que conquistou o título de vereador mais produtivo do Norte do Brasil. Entre suas iniciativas, a criação do Estatuto Municipal da Juventude. Também foi presidente dos “Vereadores do Pará” e convidado para participar da “Brazil Conference at Harvard & MIT”, que discute o futuro do Brasil com diversas lideranças mundiais.
Em 2018, em meio ao mandato de vereador, Igor Normando se viu preparado para concorrer a uma vaga na Assembleia Legislativa e foi eleito com 24.443 votos pelo PHS, do qual fez parte por nove anos, mas se desfiliou do partido para, em abril, adotar o Podemos.
“O partido não atingiu a cláusula de desempenho. A tendência do PHS é a extinção e grande parte dos quadros que eram do partido migrou para o Podemos”, justificou, à época, o parlamentar, que na Alepa é presidente da Comissão Permanente de Relação do Trabalho, Previdência e Assistência Social; vice-presidente da Comissão de Cultura; e membro titular da Comissão de Direitos Humanos.
Como a maioria dos jovens, Igor Normando está cansado da velha política e quer, aos 32 anos de idade, a serem completados dia 29 deste mês, contribuir para a oxigenação do parlamento. “Vim para a Assembleia Legislativa com intuito de resgatar os grandes projetos, os grandes debates para esta Casa. O grande papel do parlamentar, principalmente no momento que vive agora nosso País, é fazer com que a democracia seja exaltada e fazer com que a população, tão descrente da nossa política, possa voltar efetivamente a discuti-la no seu dia a dia, na sua íntegra, na sua essência”, diz o deputado em entrevista ao Blog do Zé Dudu.
Certamente, frisa Normando, os parlamentares não podem fugir do seu papel constitucional, de elaboração de leis, discussão do orçamento estadual e fiscalização do Executivo. Contudo, na avaliação dele, essa não é a única responsabilidade do Legislativo.
“Um valor central que todos nós parlamentares devemos ter, principalmente nós que chegamos com anseio de renovação, é de construir um alicerce para que a população possa nos ver como instrumento de transformação, de verdade, na vida das pessoas, que realmente faça valer o voto de quem confiou em nós, que somos reflexos da população”.
Protetor dos animais
Fortalecer o empreendedorismo no Pará está entre as bandeiras de Igor Normando, na Alepa, para a movimentação da economia no Estado e, consequentemente, geração de emprego. Fora do parlamento, o olhar dele se volta para os municípios mais carentes do Estado, entre os quais os do Marajó, como Afuá e Chaves, onde pode constatar o abandono de várias obras e necessidade de serviços. A pedido de vereadores, ele conseguiu junto ao Governo do Estado a instalação da primeira agência bancária em Chaves.
Mas é legislando em defesa dos animais que Igor Normando vem se destacando no parlamento, uma causa que ele abraçou ainda como vereador, quando apresentou mais de 15 projetos em favor dos bichos, de estimação ou não, como o que criminaliza o abandono e maus-tratos de animais em Belém. “Essa é uma causa por qual me apaixonei desde o início, quando comecei a me envolver com ela, então não tem como não defendê-la”, frisa o parlamentar.
Da tribuna, é com preocupação e carinho que Igor Normando se refere à causa. Na Alepa, ele conseguiu aprovar, em junho passado, a criação da Frente Parlamentar de Bem-Estar, Proteção e Defesa dos Animais, que ficará responsável, por exemplo, em apontar soluções para um problema que tem crescido nas cidades: o abandono e maus-tratos dos animais.
Conforme tem observado o parlamentar em sessões plenárias, não se trata apenas de amor aos animais. É também questão de saúde pública. Em abril deste ano, o Fundo Nacional de Saúde (FNS) liberou R$ 720 mil, para a compra de nove unidades móveis de castração de animais domésticos, que irão contemplar municípios como Parauapebas e Canaã dos Carajás. O recurso foi solicitado por Igor Normando, quando ainda era vereador.
Agora em julho, o deputado do Podemos criou a campanha solidária “Adote um Comedouro”, que já começou a distribuir gratuitamente comedouros e bebedouros comunitários para cães e gatos das ruas de Belém. A instalação também é gratuita e os interessados em ajudar na alimentação dos animais só precisam acessar o link Campanha adote um comedouro.
Em parceria com abrigos e protetores, Igor Normando também realiza feira de adoção de animais. A última foi em abril, em Belém, quando mais de 100 cães e gatos foram apresentados para adoção. A ideia do parlamentar é expandir a feira por todo o Estado.
Em busca de alternativas
Como todo estreante na Assembleia Legislativa, Igor Normando não se mostra satisfeito com a “morosidade” na aprovação dos projetos na Casa. “É algo que a gente realmente precisa rever. Nosso Regimento (Interno) é muito atrasado e acaba que os projetos ficam muito tempo nas comissões. A gente também tem muitos projetos que não beneficiam as cidades, que não beneficiam o Estado, que precisam ser revistos”, defende ele.
Frente a isso, acrescenta Normando, constitui-se no maior desafio dos deputados “ser muito resiliente e construir novas alternativas para poder fazer com que nosso mandato possa, de fato, representar os anseios da população, principalmente de quem mais precisa”.
Para a construção dessas alternativas, aponta o deputado, é preciso participação popular. “Nosso mandato – digo sempre ‘nosso’ porque não sou deputado de mim mesmo – prima pela democracia acima de tudo, para que as pessoas possam ver nele uma ferramenta e um instrumento de transformação, de diálogo, e acima de tudo que possam ver nosso mandato como um canal de diálogo”, assinala Igor Normando.
Por Hanny Amoras – Correspondente do Blog em Belém