Cinco deputados federais visitaram, nesta quarta-feira (24), o Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (SICRIDE) para conhecer o trabalho da delegacia no Paraná. Os deputados fazem parte da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados, que investiga o desaparecimento de crianças e adolescentes no Brasil. O Paraná é o único estado que tem uma unidade especializada para investigar crianças desaparecidas e é considerado exemplo por ter índice de 99% na solução dos casos.
A visita teve origem quando a delegada-chefe do SICRIDE, Ana Cláudia Machado, participou de uma audiência pública em que explicou o funcionamento da unidade. Na manhã desta quarta-feira (24), deputados se reuniram com o delegado-geral da Polícia Civil, Jorge Azôr Pinto, o delegado Harry Carlos Herbert, que atuou cerca de sete anos na unidade, e atualmente é chefe do Departamento de Inteligência do Estado do Paraná (DIEP), e também a delegada Márcia Tavares do Santos, que também já foi delegada-titular da unidade e hoje atua na Assessoria Civil da Secretaria da Segurança Pública.
Para o delegado Azôr a visita mostra a importância da unidade no cenário nacional. “O SICRIDE é referência, porque apresenta grande índice de solução dos casos e porque foi o primeiro órgão do País criado exclusivamente para investigar o desaparecimento de crianças.”
O delegado Harry, um dos criadores do SICRIDE, disse que o reconhecimento da unidade por parte dos deputados é muito importante. “A principal preocupação do SICRIDE, sempre foi a prevenção e repressão contra o desaparecimento de crianças de até 12 anos. Este trabalho sempre deu muito certo, porque a unidade sempre contou com profissionais muito competentes e dedicados.”
Para a delegada Márcia Tavares que atuou durante quatro anos na unidade, a responsabilidade e a especialização da equipe na busca imediata das crianças desaparecidas são fatores que contribuem para eficiência do trabalho da unidade. “Nos últimos 15 anos, tivemos o registro de 1.176 casos e 99% deles foram solucionados. É importante ressaltar que os desaparecidos continuam sendo procurados pela polícia”, afirmou.
DEPUTADOS – Entre os deputados que participaram da visita estão a deputada Andréia Zito, relatora da CPI, o deputado Geraldo Pudim, ambos do Rio de Janeiro, o deputado Antônio Chamanz, de Alagoas, o deputado Geraldo Thadeu, de Minas Gerais, e a deputada Bel Mesquita do Pará, presidente da CPI e responsável pela comitiva.
A deputada Bel Mesquita avalia que o trabalho desenvolvido no Paraná é exemplar. “O trabalho do SICRIDE pode servir de modelo para o País, porque é articulado e eficiente. Ele mantém convênio com a Polícia Rodoviária Federal e estão integrados com Santa Catarina e com o Rio Grande do Sul, no controle do desaparecimento de menores”, disse a deputada.
Segundo a deputada essa visita teve como objetivo conhecer causas, consequências e os responsáveis pelos desaparecimentos no Paraná. “No Brasil, não existe um sistema que controle os casos de desaparecimentos de crianças e o SICRIDE se apresentou como o único do Brasil que trabalha exclusivamente com esse problema.”
Para a relatora da CPI, Andréia Zito, o assunto precisa ser amplamente discutido. “A partir dessa visita pretendemos propor a criação de unidades como esta em outros estados”, disse. A deputada lembrou que, nesta sexta-feira (26), será lançado o cadastro nacional de crianças desaparecidas que será gerenciado pelo Ministério da Justiça. Segundo ela o cadastro surge de um projeto da deputada Bel Mesquita e já virou lei.
ÍNDICE DE SOLUÇÃO – O SICRIDE foi criado em 1996 e desde a sua criação foram registrados 1.176 casos de crianças desaparecidas, sendo que 1.166 foram resolvidos, índice de 99%. De acordo com a polícia cerca de 70% desses casos são de crianças que fugiram de casa e cerca de 30% são infrações penais como homicídio, sequestro e sonegação de incapaz.