Marabá: Desemprego e proximidade do Natal fazem crescer o comércio informal nas ruas da cidade

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Por Eleutério Gomes – de Marabá

Josenilson vende água mineral, Manoel vende roupas, Vitória vende eletroeletrônicos do Paraguai, Elivaldo vende churrasquinho no espeto, o popular espetinho, Olavo vende CDs e DVDs de filmes e músicas, Normando vende óculos de sol, Elivaldo vende bichos e bonecos de pelúcia. E tudo isso nas calçadas dos três núcleos urbanos de Marabá, que praticamente viraram um shopping horizontal e informal. O que todos eles têm em comum? Um dia foram empregados, com carteira assinada, direitos garantidos e tudo mais. Porém, a crise econômica, que provocou o fechamento de empresas e a redução de quadro em outras, os empurrou para as ruas.

“Era isso ou a gente ia passar fome. Ou, então, virar bandido”, disse Normando Damasceno, 25 anos, ao Blog. Desempregado há oito meses e após receber a última parcela do Seguro-Desemprego ele se viu “sem ter para onde correr”.

“Peguei o pouquinho que recebi de FGTS, que estava lá, guardadinho na poupança, e investi nisso aqui”, conta ele, acrescentando: “E, olha, numa cidade como a nossa, onde é sol forte e é muita claridade o dia todo, até que tô defendendo direitinho o do rango, vendendo esses óculos escuros”, disse, sorridente.

Igual a história de Damasceno é a de Olavo Freitas, 33 anos. “Vendo CDs e DVDs de filme e música há uns seis meses. Dizem que não é muito legal, né? Mas tem muita gente sobrevivendo disso, moço. O que seria de mim e de outros que não têm como sustentar a casa?”, indaga e, ao mesmo tempo, responde: “Estávamos mendigando ou fazendo coisa errada. O senhor sabe que menino, quando tá com fome, não quer saber se tem ou não, quer é comida”, afirma ele, que tem mulher e três filhos.

Elivaldo dos Santos, 30 anos, vende espetinhos em um carrinho. Por causa da dificuldade em conseguir emprego e, segundo ele, pelos baixos salários oferecidos pelo mercado, optou por trabalhar por conta própria. Deu certo. “Financeiramente, o meu trabalho está dando mais resultado do que quando eu era empregado. Já consegui adquirir muita coisa com o dinheiro que ganho aqui”, comemora.

Wallace Oliveira de Santana, 22 anos, veio de Pernambuco, onde, segundo ele, tinha várias profissões: “Faço de tudo o que o senhor possa imaginar se tratando de trabalho. Mas, a empresa faliu e eu mais cinco amigos agora viajamos pelo País, vendendo bonecos e bichos de pelúcia. E olha, de todas as cidades que temos passado, Marabá é a melhor para as nossas vendas”, conta.

Segundo o último levantamento da Coordenadoria de Posturas da Prefeitura de Marabá, cerca de 1.500 camelôs e ambulantes trabalham na informalidade nas ruas da cidade, mas, tudo leva a crer que, com a proximidade do Natal, esse número vem aumentando a cada dia. E nem precisa de números oficiais para se constar isso, basta passar diariamente nas vias mais movimentadas e perceber o crescimento.

De acordo com o secretário municipal de Indústria e Comércio, Ricardo Pugliese, até o momento não há um programa voltado a esse trabalhador informal. Ele acredita, entretanto, que o aumento desse número de ambulantes e camelôs, sobretudo aqueles que vendem os mesmos artigos encontrados no comércio formal, sejam estimulados pelos próprios comerciantes, que lhes repassariam as mercadorias e, assim, minimizariam a concorrência das ruas.

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