Os números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) referente à Covid-19, divulgados na última quinta-feira (20), trazem uma informação indigesta à maior economia da Região Norte: a taxa de desocupação disparou entre maio e julho. O desemprego em maio, que era de 10,8%, saltou para 12,5%, ganho de 1,7 ponto percentual. Na prática, o número de pessoas sem sustento avançou de 362 mil para 421 mil no período, dado impulsionado pelas medidas de isolamento social, de restrição à circulação e de suspensão de diversas atividades econômicas impostas pela pandemia do novo coronavírus. Essas medidas culminaram no encerramento de milhares de postos de trabalho.
As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu, que analisou os microdados da temática de trabalho da Pnad. Em apenas três meses, o Pará ganhou uma legião de novos desempregados suficiente para erguer cidade de 59 mil habitantes, do tamanho de Cametá. Atualmente, o estado é o 9º do país em número absoluto de desocupados. Só perde para Goiás (468 mil), Pernambuco (490 mil), Rio Grande do Sul (568 mil), Paraná (669 mil), Bahia (924 mil), Rio de Janeiro (1,079 milhão), Minas Gerais (1,235 milhão) e São Paulo (3,295 milhões de desocupados). Roraima, com 34 mil desempregados, tem o menor contingente.
Se, por um lado, o desemprego aumentou no Pará, por outro houve aumento do rendimento médio daqueles que se mantiveram empregados. A renda média do paraense passou de R$ 1.422 em maio para R$ 1.458 em junho. Em julho, saltou para R$ 1.567. Embora ainda continue abaixo da média nacional, a população do Pará deixou de ter uma das cinco piores rendas. A parte de baixo do ranking nacional é ocupada por Ceará (R$ 1.566), Piauí (R$ 1.541), Sergipe (R$ 1.524), Bahia (R$ 1.427), Alagoas (R$ 1.423) e Maranhão (1.290). O Pará movimentou R$ 4,168 bilhões em salários em maio, R$ 4,263 bilhões em junho e R$ 4,449 bilhões em julho.
De acordo com o IBGE, o estado mais rico da Região Norte é, contraditoriamente, o 3º do país onde mais moradores precisaram recorrer ao auxílio emergencial. É o dilema clássico numa terra onde as riquezas não chegam a todos e sua má distribuição e superconcentração gera empobrecimento. Nas contas do IBGE, ao menos um morador de 64,5% dos domicílios recebeu a ajuda disponibilizada pelo Governo Federal na pandemia. Taxas mais altas só foram encontradas no Amapá (68,8%) e no Maranhão (65,8%).