A principal dificuldade percebida pelo Palácio do Planalto para influenciar na troca de comando da Vale é encontrar um grande executivo de mercado para assumir a mineradora no lugar do atual presidente da empresa, Roger Agnelli. Segundo interlocutores da presidente Dilma Rousseff, o governo precisa achar antes esse profissional para não ser acusado de ingerência política, o que seria uma sinalização negativa. Até porque, no governo, Dilma tem feito pressão para vetar nomeações políticas para estatais e agências reguladoras.
É por isso que estão praticamente vetadas indicações com o perfil do ex-presidente da Previ Sérgio Rosa, muito ligado ao PT, para comandar a Vale. Dilma repassou ao presidente do BNDES, Luciano Coutinho, a missão de encontrar um nome adequado para a Vale. Além da confiança pessoal em Coutinho, o BNDES é um dos grandes acionistas da mineradora.
O Planalto vai sinalizar aos acionistas o interesse em fazer uma mudança no comando da Vale. Além do BNDES, o governo tem influência nos votos de fundos de pensão acionistas da Vale. Mesmo assim, por acordo, será preciso negociar com os demais sócios privados, como o Bradesco, fiador de Agnelli na presidência da Vale.
Desconforto com Agnelli aumentou após 2º turno
A relação entre Roger Agnelli e o Palácio do Planalto sempre foi de altos e baixos. Mas desde o segundo turno das eleições do ano passado, o clima no governo e no PT é de desconforto com o executivo da Vale. Na ocasião, ele classificou as notícias sobre eventual mudança na empresa com a eleição de Dilma de "jogo político" por ter muita gente do PT "procurando cadeira".
Agnelli sempre teve bom relacionamento com setores políticos de todos os partidos. Em 2006, a Vale foi uma grande financiadora de campanhas eleitorais. Mas, em 2010, a mineradora evitou doações. Para fontes do Planalto, isso minou ainda mais o respaldo de Agnelli fora do governo.
Além disso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não perdoou o fato de a Vale ter sido a primeira empresa brasileira a demitir em massa, na crise de 2008. Lula também cobrava que a Vale passasse a investir mais em logística e em siderúrgicas.
Fonte: O Globo
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