Depois de nove horas de julgamento, com depoimentos de várias pessoas, o réu Diógenes dos Santos Samaritano, de 42 anos de idade, confessou que matou ex-mulher, Dayse Dyana Sousa e Silva, na residência do casal, em Parauapebas.
A sentença foi lida por volta de 20h30 desta terça-feira, 20, pelo juiz Cláudio Hernandes Silva Lima, da 4ª Vara do Tribunal do Júri, de Belém.
O Conselho de Sentença foi unânime em condenar o réu e o magistrado prolatou 21 anos de prisão, menos um de atenuante. Como Samaritano já cumpriu cinco anos de reclusão, deverá ficar mais 15 anos, iniciando no regime fechado.
“O crime é extremamente reprovado, e a conduta dele foi machista, por razão de ela ser mulher. Mesmo que diga que vítima era violenta, a solução por ele dada ao caso é inaceitável. A culpabilidade do réu é extremamente reprovável e os motivos do crime não são justificáveis, enquanto as circunstâncias são graves, pois a vítima deveria ser sentir segura em ambiente familiar; as consequências são graves, pois a mãe deixou o filho aos quatro anos de idade”, analisou o juiz Cláudio Hernandes.
Dayse foi encontrada morta no dia 31 de março de 2019, na casa onde morava com Samaritano, no bairro Parque dos Carajás, em Parauapebas. De acordo com as informações levantadas pela Polícia Científica, a vítima foi agredida e atirada, já desacordada, pela janela do segundo andar da residência.
Dayse deixou um filho que, atualmente, tem nove anos e mora com a avó materna, em Marabá. Diógenes estava sob custódia há cinco anos, cumprindo prisão preventiva.
Esta foi a primeira vez que Samaritano se pronunciou sobre a morte de Dayse. Ele demonstrava estar bastante nervoso e antes de admitir a autoria do crime, preferiu relatar os fatos do dia da morte da ex-mulher, mas adiantando que não responderia a perguntas da acusação e nem da defesa.
Disse que horas antes do assassinato, foi ao Partage Shopping Parauapebas assistir a um jogo de futebol na companhia do filho, e que Dayse só chegou ao local bem depois. Alegou que a mulher teria dito que ele nunca mais veria o filho, porque ela iria embora para Marabá, onde viveria com sua mãe.
Dali, sob impacto, o réu disse que foi continuar bebendo em uma conveniência, tendo ingerido um litro de whisky e cervejas, tendo chegado em casa no amanhecer do dia seguinte.
Ao entrar, Dayse o teria recebido com discussão e mais uma vez avisou que iria embora de casa com o filho, depois de Samaritano ter sido condenado em 2019. Depois disso, ele passou a ser agredido pela mulher, inclusive com um objeto cortante que ele não soube designar. Ao tentar contê-la, tiveram um embate físico.
Curiosamente, ele disse no julgamento que “apagou” em um tapete, no chão do apartamento, e já acordou com o filho lhe puxando. O pai estaria com as mãos ensanguentadas, mas não sabia o que tinha acontecido.
Só depois que tomou banho, é que deu pela ausência de Dayse e passou a procurá-la pela casa, percebendo que teria caído pela janela. Depois, pegou o filho, saiu de casa e ligou para um advogado, alegando que a mulher teria tirado a própria vida.
Em seu depoimento, reforçou que estava bastante embriagado e que não entendia o que estava acontecendo. Não soube explicar sobre o desaparecimento das câmeras de segurança de casa, assim como seu celular, que teriam desaparecido.
Confrontado pelo magistrado, ele confessou que matou a esposa, mas não quis responder as perguntas da acusação nem da própria defesa.
O magistrado também determinou a perda de cargo público de agente de trânsito para Diógenes Samaritano.
Ao final, os promotores elogiaram o juiz pela condução do julgamento e a defesa não requereu nada, mas ainda tem o chamado “prazo recursal”.