A Reportagem do blog mergulhou em dados obtidos junto ao SIM (Sistema de Informação de Mortalidade) do Ministério da Saúde, o mais abrangente e confiável, que cruza informações de pessoas que morrem em todos os municípios do País. Os números revelam que em 2017 morreram 2.236 pessoas em Marabá e Parauapebas, sendo 1.438 no município-mãe e 798 na Capital do Minério.
As doenças cardiovasculares – que afetam o sistema circulatório e o coração – matam mais marabaenses e parauapebenses que o câncer. Ao todo, os dois municípios mais populosos do sudeste do Pará registraram no ano de 2017 nada menos que 422 mortes causadas pelos três maiores problemas: infarto, insuficiência cardíaca e derrame.
Com população superior, Marabá teve o maior número de casos de mortes por doenças relacionadas ao coração, com 249 óbitos, contra 173 de Parauapebas.
Os números são mais que o dobro quando comparados a todos os tipos de câncer. No ano passado, em Marabá, as neoplasias tiraram a vida de 131 pessoas, enquanto em Parauapebas 80 cidadãos faleceram com diversos tipos de tumor.
Os números mostram uma disparidade na morte por sexo. Em Marabá, os dados do SIM revelam que doenças do aparelho circulatório tiraram a vida de 132 mulheres em 2017, enquanto o número de homens foi menor, 117. Já em Parauapebas, foram registradas 101 vítimas do sexo masculino contra 72 do feminino.
Por outro lado, o temido câncer, que também tem números considerados altos nos dois municípios, tirou a vida de 75 homens e 56 mulheres em Marabá. Já em Parauapebas, foram 46 homens e 34 mulheres.
Em Canaã dos Carajás, cidade bem menor, mas dentro do polígono do minério, o número de mortes por doenças relacionadas ao aparelho circulatório foi quase três vezes maior que os óbitos por câncer. Ao todo, 41 pessoas morreram em 2017 por doenças do coração, enquanto as neoplasias (tumores) mataram 15 residentes naquele município.
O caso mais emblemático na região de Carajás ocorre em Curionópolis, onde o número de mortes por doenças relacionadas ao aparelho circulatório foi sete vezes maior que o de câncer. Ao, foram 36 mortes por doenças do coração e 5 de neoplasias.
Em Eldorado do Carajás, foram 31 casos de mortes relacionadas aparelho circulatório e 8 ao câncer, o que representa praticamente 4 para 1.
Mas as chamadas causas externas de morbidade e mortalidade, ou seja, mortes violentas com armas de fogo ou faca, por exemplo, ainda lideram o ranking nos dois maiores municípios da região. Em Parauapebas, foram 210 mortes violentas no ano passado, representando 26,2% do total. Em Marabá, o número é bem superior: 389 óbitos, o que representa mais de um óbito por dia neste grupo.
MORTE MATERNA
Outro dado preocupante é o número de morte materna em Parauapebas. Em 2017, cinco mulheres que estavam para dar à luz vieram a óbito, número que a Organização Mundial de Saúde considera altíssimo para os dias de hoje. Com isso, a taxa de mortalidade materna da Capital do Minério ficou em 109 para cada 100 mil nascimentos.
A meta estabelecida pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da OMS era chegar a uma taxa de 35 mortes por 100 mil nascimentos.
O QUE FAZER?
Cuidados com a alimentação e a prática de atividade física são algumas das orientações dos profissionais de saúde. “Hipertensão, diabetes, colesterol elevado, sedentarismo, tabagismo e o etilismo exagerado são fatores de risco que podemos modificar. Só não modificamos três: a hereditariedade, a idade e o sexo”, explica o médico Maurício Nunes.