Brasília – Foi preso em flagrante, no sábado (24), em Brasília, pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), por atos terroristas, George Washington de Oliveira Sousa, de 54 anos, empresário do ramo de combustíveis, residente em Xinguara, no sul do Pará. O ministro da Justiça, Anderson Torres, determinou que policia federal acompanhe a investigação.

Em depoimento na delegacia, Sousa afirmou ter gastado cerca de R$ 160 mil em armas, munições de diversos calibres e R$ 600 em dinamite antes de sair de Xinguara (PA) para a Capital Federal, onde participava de atos em frente ao QG do Exército, desde 12 de novembro.

O empresário foi preso após as forças de segurança do DF recolherem um explosivo nas proximidades do Aeroporto Internacional de Brasília. No sábado, os investigadores receberam uma ligação de um motorista de caminhão, cuja carreta estava estacionada numa área de grande concentração de empresas de aluguel e concessionárias de veículos, na pista que dá acesso ao aeroporto internacional JK. Ele encontrou e desconfiou de um artefato estranho deixado ao lado da carreta. A denúncia e o recolhimento do artefato impediu a concretização do atentado.

O esquadrão antibomba da Polícia Militar do Distrito Federal foi acionado pelos investigadores da PCDF. Os militares recolheram uma banana de dinamite que estava conectada a um temporizador e o artefato foi levado para a perícia.

Ainda no sábado (24), equipes de policiais civis apreenderam vários armamentos e munições escondidas nas barracas em frente ao QG do Exército. Foram efetuadas prisões e todo o material irregular recolhido para perícia.

O Tribunal de Justiça autorizou no domingo (25) o regime de prisão preventiva expedido contra George Washington de Oliveira Sousa. Ele foi recolhido ao presídio da Papuda, no domingo (25).

O plano

Em depoimento à polícia, George Washington de Oliveira Sousa confessou que a intenção era explodir primeiramente o caminhão e provocar as Forças Armadas a decretarem “estado de sítio” e realizarem uma intervenção militar, o que é inconstitucional.

“Eu resolvi elaborar um plano com os manifestantes que estão acampados em frente ao Quartel General do Exército para provocar a intervenção das Forças Armadas e a decretação do estado de sítio para impedir instauração do comunismo no Brasil”, disse, conforme trecho do depoimento.

Sousa afirmou, no depoimento, que tirou registro de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC) para poder adquirir armas por influência do presidente Jair Bolsonaro. “O que me motivou a adquirir as armas foram as palavras do presidente Bolsonaro que sempre enfatizava a importância do armamento civil”, afirmou.

Ele afirmou que se deslocou a Brasília munido de um arsenal de pistolas, escopetas, um fuzil, mais de mil munições de diversos calibres e cinco bananas de dinamite para apoiar uma intervenção militar.

Após a prisão, Sousa foi levado a uma audiência de custódia na tarde deste domingo. A juíza Acácia Regina Soares de Sá converteu a prisão em flagrante em preventiva (sem prazo para terminar), sob argumento de que o arsenal de armas encontrado com ele apontava “risco à incolumidade pública”, delito previsto na Lei Antiterror aprovada no Congresso Nacional este ano. A intenção do plano era incriminar grupos de esquerda que apoiaram a eleição de Lula

A proósito disso, um colega de Sousa esclarece, em áudio postado em grupos de WhatsApp, dirigido a outros bolsonaristas, que ele não é do PT, que é “bolsonarista doente”. Diz ainda que ele foi “preparado para a guerra”, mas que “é muito gente boa”. Mais adiante, ele afirma que “PT tem é que morrer”. (Ouça o áudio ao fim do texto)  

De acordo com o delegado-geral da Polícia do DF, Robson Cândido mantém ligações com o acampamento de manifestantes pró-Bolsonaro instalado na frente do Quartel-General do Exército, na capital federal. Em conversa com jornalistas, a autoridade afirmou que o empresário preso queria ‘causar o caos’: “Ele confessou que realmente tinha intenção de fazer um crime lá no aeroporto, que seria destruir um poste, uma coisa nesse sentido, para causar o caos, né!? O objetivo dele era chamar a atenção justamente para o movimento que eles estão empenhados”, explicou o delegado.

O empresário preso tem registro de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC), mas o documento estava em situação irregular. “Ele é CAC, porém está todo fora da norma. Será autuado por porte e posse ilegais de armas de fogo, munições e artefatos explosivos e crime contra o estado democrático de direito”, afirmou Cândido.

Futuro ministro da Justiça, Flávio Dino parabenizou o trabalho da PCDF pela apreensão do arsenal encontrado no acampamento em frente ao QG do Exército. Dino afirmou ainda que a concentração dos manifestantes “é uma incubadora de terroristas”. 

Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.