Brasília – Após a reabertura gradual das atividades não essências nas grandes capitais, o Brasil fechou 10.984 vagas formais de trabalho em junho, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados pelo governo. A expectativa, segundo o consenso dos analistas, era de perda de 220 mil vagas de trabalho.
Junho teve 16% menos desligamentos (166.799) e 24% mais admissões (172.520) do que maio, indicando um viés de alta.
Com relação a abril, pior mês em termos das admissões, houve um incremento de 43% e queda de 41% nas demissões.
Em maio, o Brasil havia encerrado 350.303 vagas formais, após revisão ante o dado anterior de 331.901, no pior desempenho para o mês da série disponibilizada pelo Ministério da Economia, com início em 2010, mas numa melhora em relação à performance fortemente negativa de abril.
Em abril, a crise com o coronavírus levou ao fechamento de 902.841 postos, informação ajustada pelo ministério após a divulgação inicial de fechamento de 860.503 postos.
No acumulado do ano, o saldo do emprego formal fechou o primeiro semestre negativo em 1.198.363, resultado de 6.718.276 admissões e 7.916.639 desligamentos.
A quantidade total de vínculos ativos com carteira assinada ficou em 37.611.260. E o salário médio de admissão em junho foi de R$ 1.696,92.
Agropecuária é destaque positivo
Em junho, a agropecuária foi o setor com o melhor desempenho, com a abertura de 36.836 novas vagas, seguido pela construção civil que registrou um saldo positivo de 17.270 postos de trabalho. Comércio e serviços registram saldos negativos com o fechamento de 16.646 e 44.891 vagas, respectivamente.
Entre as regiões, Centro-Oeste, Norte e Sul tiveram resultados positivos, com saldos de 10.010, 6.547 e 1.699, respectivamente. O pior resultado foi o da região Sudeste que fechou o mês com menos 28.521 vagas. Já no Nordeste o saldo ficou negativo em 1.341.
Entre as Unidades da Federação, o melhor resultado foi registrado em Mato Grosso com a abertura de 6.709 postos de trabalho. Em contrapartida, o pior resultado foi no Rio de Janeiro que em junho registrou o fechamento de 16.801 vagas.
De acordo com o relatório, a modalidade trabalho intermitente teve saldo positivo de 5.223 empregos, resultado de 11.848 admissões e 6.625 desligamentos. Setenta e nove trabalhadores tiveram mais de um contrato intermitente.
Com 5.889 admissões em regime de tempo parcial e 11.461 desligamentos, o trabalho em regime de tempo parcial teve resultado negativo (-5.572). Dezenove trabalhadores celebraram mais de um contrato em regime de tempo parcial.
Junho ainda teve um saldo negativo, mas já indicando uma certa estabilidade dos efeitos negativos da economia por conta da pandemia do novo coronavírus.
Quando analisado o saldo negativo de vagas no semestre é muito preocupante, uma vez que representa a perda de mais de 1 milhão de vagas formais, indicando que uma grande parcela da população está fora do mercado ou foi para o trabalho informal, gerando maior instabilidade em termos de renda para a população.
O fim de algumas medidas tomadas para manter a situação do emprego também é outra fonte de preocupação, como a redução de jornada de trabalho e o de afastamento dos funcionários. “Se a situação não melhorar em termos de aquecimento da economia – temos visto um aquecimento, mas ainda bem incipiente -, passado esse período de políticas de manutenção de emprego, as empresas podem começar a demitir ou abrir mão do quadro de funcionários que elas têm. Então o governo precisa refletir os próximos passos”, avalia Samuel Durso, professor de economia da Fipecafi.
Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.