Neste 10 de maio comemoramos o 33º aniversário de emancipação política de Parauapebas. Em virtude da pandemia e dos decretos que visam a contenção da propagação do vírus, não haverá nenhuma festa para comemorar a data. Mas Parauapebas tem muito a comemorar. Nestes 33 anos, o município passou por transformações que seriam inimagináveis para quem, como eu, chegou aqui há 37 anos. A cidade, que abriga a maior mina de ferro do mundo tem hoje uma economia pujante e a mineração como seu carro chefe, o que lhe concede a chancela de maior município minerador do país no momento.
A origem de Parauapebas, mesmo antes de se emancipar de Marabá e se tornar município, está diretamente ligada a história da atividade mineral no país. Partindo da década de 80, com a instalação do projeto Ferro Carajás e a construção das operações da mina, usina e a Estrada de Ferro Carajás, o município passou a ser totalmente dependente da mineração, e da multinacional Vale em especial. Ao longo dessas três décadas, a presença da Vale movimenta a cidade, com a geração de empregos e renda, investimentos e arrecadação.
São 8.400 trabalhadores contratados diretamente na empresa no município, além de um conjunto de prestadores de serviços nas operações e nas implantações de projetos. No movimentar da economia, também por meio de compras locais, por exemplo, nos últimos três anos, mais de R$ 5,3 bilhões em bens e insumos foram adquiridos de empresas com matriz e filial no município, num ciclo que envolve ainda, a geração de negócios e empregos e pagamentos de impostos.
As operações da Vale tornam Parauapebas e o Pará, maiores arrecadadores do Brasil. Neste ano de 2021, o município é o que mais arrecadou CFEM entre todas as cidades brasileiras onde há atividade de mineração. Apenas nos últimos cinco anos (2015 a março de 2021), a Vale gerou por suas operações na capital do minério o total de R$ 5,2 bilhões em Imposto sobre Serviços e na Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM), este último destinado também ao Estado e União.
Floresta protegida
Entre seus encantos, Parauapebas ganha a beleza do verde marcante da Floresta Amazônica na região. Cerca de 80% do território parauapebense é composto pelas Unidades de Conservação da Floresta Nacional de Carajás (Flonaca) e pelo Parque Nacional dos Campos Ferruginosos (Parna). O mosaico de Carajás também é a maior área de Floresta Amazônica contínua e conservada no sudeste do Pará.
Por imagens de satélite é possível ver a evolução da região desde 1973 até os dias de hoje, e perceber que somente a área protegida pelo ICMBio, com o apoio da Vale, permanece conservada. Toda área ao redor sofreu degradação com o avanço da ocupação humana e de áreas de pastagens. Em Carajás, a empresa mantém equipe com 100 vigilantes ambientais em apoio ao ICMBio, que monitora 24 horas a floresta ao longo dos sete dias da semana, além das ações de combate a incêndio e recuperação de áreas.
Dependência da mineração
Os anos vão se passando e o fim do minério de ferro no município ainda não é um debate entre os que dirigem o município. A Vale não anuncia a data final da mineração em Parauapebas, mas, como nosso maior produto exportador é finito, isso já deveria ser tema que preocupasse nossos gestores. A criação de novas alternativas de emprego e renda, de novas matrizes econômicas pós-minério de ferro ainda não é debatido por nossos vereadores, associações e sindicalistas.
Quando cheguei ao município, no início de 1984, propagava-se aos quatro cantos que havia minério de ferro para os próximos 500 anos. Na época, a Vale retirava o minério das minas em gigantescos caminhões 1519, com capacidade de carga próxima a 15 toneladas. Hoje a Vale usa caminhões fora de estrada para transportar o minério dentro da mina, alguns deles com capacidade superior a 350 toneladas, quinze vezes maior que os 1519 do início do projeto.
Entre CPI’s e críticas contra a Vale, é bom salientar que a mineradora tem sido bastante generosa com Parauapebas e que a recíproca é verdadeira.
Se a Vale tem despejado dinheiro no município, via Cfem, ajudado de forma significante no enfrentamento da pandemia, reforçando as medidas para a prevenção do novo coronavírus (Covid-19) em suas operações e na região, reduzindo o efetivo nas suas unidades, além de triagem diária, protocolos para distanciamento social, higienização e o uso de máscaras e testagem em massa de empregados próprios e terceirizados, e além disso, por meio da parceria com o município, construído uma nova ala dotada de equipamentos no Hospital Geral com 68 leitos, contribuindo com ampliação da infraestrutura de saúde municipal, além do suporte financeiro para contratação dos profissionais de saúde que se dedicam ao atendimento dos pacientes com Covid-19. Sem falar que, dentro do pacote de ajuda humanitária, foram entregues equipamentos, como respiradores, equipamentos de proteção individual (EPI’s) para os profissionais de saúde e testes rápidos, material de higienização para as vias públicas, máscaras e álcool gel. Também, em Parauapebas, foi construído pela mineradora um hospital de campanha e assegurado o suporte financeiro para aplicação de 100 mil testes padrão de identificação do coronavírus (Testes PCR) de forma gratuita no município, que contribuíram para a cidade estar hoje entre as que mais testam e com mais altos índice de recuperados. Em contrapartida, a mineradora leva daqui nossa principal riqueza e fonte de toda essa pujança. Até quando? Espero que por muitos e muitos anos… Mas volto a dizer que, mesmo que dure mais 30, 40, 50 anos, é preciso que tomemos as rédeas do nosso futuro e busquemos novas alternativas para o município. Hoje há dinheiro para isso. No futuro, quem sabe haverá?
Parauapebas teve a sorte de ter nascido rodeada de vários minérios cobiçados e explorados. Vale, comunidade e políticos precisam urgentemente iniciar o planejamento para o futuro a médio e longo prazo. A cidade movimenta uma boa fatia do dinheiro do país e, como tal, pode muito bem alçar voos e assumir um lugar polo de desenvolvimento tecnológico, científico e humano, através da instalação de boas universidades, voltadas para a capacitação das pessoas. Além de um lugar abençoado por Deus, nosso jovem município de 33 anos precisa ser uma Meca de conhecimento humano, em todas as áreas. A riqueza só floresce onde há investimentos em educação e ciências.
Parabéns, Parauapebas!