Citando Diógenes, o filósofo grego que certa vez caminhou com uma lanterna acesa, durante o dia, segundo ele procurando um honesto na Grécia, o ótimo blogueiro Parsifal Pontes nos mostra pesquisa divulgada pela Folha de São Paulo que aponta o brasileiro como o segundo maior sonegador de tributos do mundo.
Sou do tempo em que o curso de “Moral e Cívica” era obrigatório nas escolas brasileiras. O curso foi instituído durante a ditadura militar (1964-1985) e deixou de ser obrigatório no país em 1993. No decreto de sua criação, o governo militar dizia que a disciplina tinha entre outros objetivos “a preservação dos valores espirituais e éticos da nacionalidade” e o “fortalecimento da unidade nacional”.
Há um ano o Senado aprovou projeto que obriga as escolas da educação básica a oferecerem as disciplinas de Ética e Cidadania Moral (no ensino fundamental) e Ética Social e Política (no ensino médio).
O autor do projeto, senador Sérgio Souza (PMDB-PR), alegou em defesa da matéria: “Queremos fortalecer a formação de um cidadão brasileiro melhor: pela formação moral, ensinando conceitos que se fundamentam na obediência a normas, tabus, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos; por outro lado, pela formação ética, ensinando conceitos que se fundamentam no exame dos hábitos de viver e do modo adequado da conduta em comunidade”.
O relator, senador Cristovam Buarque (PDT-DF), defendeu o projeto ao afirmar que os problemas “cruciais” da sociedade só serão solucionados com políticas educacionais voltadas para a formação moral e ética das crianças e jovens. “Dada a presente desagregação social pela qual passamos, representada pela atual crise de valores humanos, faz-se necessário que a escola oriente a formação do caráter dos nossos jovens, fortalecendo a formação dada no núcleo familiar”, disse ele à Folha de S.Paulo.
O projeto está em trâmite na Câmara dos Deputados, certamente amadurecendo em alguma gaveta de uma das muitas Comissões daquela Casa presididas por políticos que acreditam que educar o povo não é bom negócio, politicamente falando.
Somos um povo sem cidadania, mas vez ou outra nos transvestimos de cumpridores das leis e saímos às ruas para cobrar dos maus políticos, que nós elegemos, ações que melhorem nossas vidas. Uma pena nos esquecermos que quando sonegamos impostos nos tornamos corruptos, também. Falta-nos cidadania quando deixamos de cumprir regras básicas como não parar nas faixas de pedestres, quando atravessarmos um sinal vermelho, quando furamos uma fila, quando tentamos corromper ou nos deixamos ser corrompidos.
Instituir os cursos acima citados certamente fará de nossos filhos pessoas melhores, que serão, no futuro, políticos melhores e que aplicarão melhores os recursos que hoje sonegamos sob a alegação de que são mal aplicados.