Foi lançada, na Câmara dos Deputados, uma cartilha com dicas para as mulheres que atuam na política partidária, especialmente as que sairão candidatas a prefeitas ou vereadoras no pleito deste ano. O objetivo é ajudar a compreender os desafios enfrentados pelas mulheres para exercer seus direitos políticos. O lançamento ocorreu no último dia 24.
A cartilha “Mulheres na política: construindo igualdade de gênero nas eleições 2024” foi produzida por pesquisadoras da Universidade Federal de Goiás, a partir de uma parceria com o Observatório Nacional da Mulher na Política da Câmara. O material aborda temas como os obstáculos enfrentados pelas mulheres na política, violência de gênero e a importância da participação feminina nos espaços de poder. O livro pode ser baixado gratuitamente na página na internet deolhonasurnas.ufg.br.
Conforme explicou Ana Paula de Castro, do Projeto de Olho nas Urnas, o objetivo da cartilha é ser acessível e compreensível para todas as mulheres. O livro traz exemplos em resposta a dúvidas manifestadas por 78 entrevistadas em todo o Brasil, especialmente acerca da violência de gênero na política. Um exemplo são os comentários que reforçam a ideia de que a política é um espaço exclusivamente masculino.
“Trabalhamos com extrema sensibilidade nessa cartilha. A cartilha tem uma abordagem inclusiva, sensível às mulheres em geral, mas também em suas particularidades: mulheres cis, trans, negras, indígenas, do campo e da cidade.”
A coordenadora do Observatório da Mulher na Política, deputada [[Yandra Moura]], admitiu que ela própria é vítima de violência de gênero.
“A cartilha foi de extrema importância pra mim, me deu noção de que eu estava sofrendo violência política de gênero no meu estado. Eu não sabia que eu estava sofrendo violência de gênero. Eu, que sou coordenadora do Observatório da Mulher na Política, estou deputada federal, sou advogada. Vocês conseguem imaginar quantas mulheres não se dão conta disso?”
Dados já disponíveis no site De Olho das Urnas apontam para um percentual de 33,5% de mulheres candidatas nas eleições municipais de 2020, dentro do total de candidatos. As eleitas representaram, naquele ano, 15,8% do total. Destas, 59,6% eram brancas; 38,7% pretas ou pardas; e 0,5%, indígenas.
No evento, a presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara, deputada [[Ana Pimentel]], afirmou que não é possível pensar em democracia dentro do atual o grau de exclusão das mulheres.
“É uma exclusão que é consequência da desigualdade entre homens e mulheres na sociedade, que ainda aprisiona mulheres na tarefa de cuidado e ainda constroem uma ideia de que esse é um destino natural das mulheres”.
* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.