Por Lima Rodrigues*
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 15.351 candidatos tentam ser eleitos prefeitos nas eleições deste ano e 442.179 disputam vagas nas câmaras municipais.
No Maranhão, são 16.997 candidatos a vereador e 664 a prefeito.
No Pará, são 17,266 candidatos a vereador e 479 a prefeito
Em Roraima, são 1.565 candidatos a vereador e 47 a prefeito.
Em São Paulo, são 76.230 candidatos a vereador e 2.017 candidatos a prefeito.
Os 140.646.446 eleitores do Brasil vão eleger em 7 de outubro vereadores, vice e prefeitos em mais de cinco mil municípios. De acordo com dados do TSE, os eleitores estão assim distribuídos por regiões:
Abrangência |
Eleitores |
Centro-Oeste |
10.013.605 |
Nordeste |
38.195.297 |
Norte |
10.600.010 |
Sudeste |
60.789.706 |
Sul |
20.795.485 |
Exterior |
252.343 |
Total |
140.646.446 |
Vereador, o político do povo
O vereador é o político que fica mais próximo do povo. É o que sofre as pressões no dia a dia em sua cidade. As cobranças são inúmeras e os pedidos os mais inusitados possíveis. Sem citar os nomes dos vereadores e das pessoas envolvidas nos exemplos que presenciei em algumas cidades ao longo da minha atividade jornalística, vou narrar alguns exemplos dos pedidos que chegam aos vereadores. São pedidos de dentaduras, botijões de gás, milheiros de tijolos ou de telhas, cimento, medicamentos, dinheiro para pagar a conta de luz ou de água, emprego para o filho, a filha, a esposa ou netos. Bem, esses aí são os mais comuns em todas as cidades do país.
Passemos, então, aos pedidos inusitados:
1) – Em que posso ajudá-lo? Perguntou o vereador.
– Vou me casar e estou precisando de sua ajuda. Estou precisando concluir a construção da minha casa. Sabe como é vereador, como diz o ditado, quem casa quer casa. E estou terminando a construção da minha casa, mas o dinheiro está curto….
– E quanto seria essa ajuda, meu jovem, perguntou o vereador.
– RS 22 mil, respondeu na bucha o eleitor.
– R$ 22 mil? Retrucou o vereador.
– Sim, vereador. É que no banheiro estou colocando porcelanato, e fica mais caro.
O vereador enrolou o cidadão e, claro, o pedido não foi atendido.
2) – Vereador, estou precisando de uma ajuda para ir para Palmas. Eu vou de carro, mas preciso do dinheiro da gasolina. (A ajuda não foi dada na sua totalidade).
3) Vereador, preciso de quatro passagens para Teresina. É que vou levar minha mulher e dois filhos. Ela precisa fazer uma cirurgia.
Nenhuma passagem foi emitida pelo vereador.
4) – Vereador, minha filha precisa fazer uma laqueadura. O senhor pode me ajudar?
Meu nobre amigo, procure o serviço público de saúde. É mais correto, despistou o experiente vereador.
5) – Vereador, estou precisando de carro para trabalhar. O senhor pode me ajudar. Pode ser um carro usado mesmo.
O pedido não foi nem analisado.
6) – Vereador, estou precisando comprar esta receita médica, disse uma senhora, que já havia percorrido outros gabinetes com a mesma receita, sem saber qual o nome do vereador ao qual estava fazendo o pedido. O importante era pedir. Aquela história: se colar, colou.
7) – Vereador, eu vou fazer a prova para tirar minha carteira de motorista no sábado, mas eu não estou preparada para dirigir. Não tive muitas aulas na auto-escola. Tenho certeza que vou ser reprovada. Como o senhor é amigo do diretor, seria possível me ajudar a passar?
Claro, que o pedido não foi atendido.
8) – Vereador, meu filho foi preso por porte ilegal de arma. Me ajude, implorou uma senhora. O vereador acabou usando sua força política e o rapaz responderá o processo em liberdade.
9) – Vereador, estou precisando comprar uma moto. Acho que com R$ 4 mil eu consigo comprar uma. O pedido também não foi aceito.
10) – Vereador, se o senhor arrumar colocação para minha família, eu lhe arrumo 200 votos.
Quando a esmola é grande o santo desconfia, ou melhor, quando os votos são muitos, os vereadores não acreditam.
11) – Vereador, minha mãe morreu e estou precisando de um caixão.
Alguns destes pedidos são atendidos por vereadores em todo o Brasil.
Vereadores famosos
Muitos políticos no Brasil que chegaram a ser governadores ou senadores começaram a carreira na vida pública como vereador. Alguns cumpriram apenas dois anos na Câmara e na eleição seguinte foram eleitos deputados estaduais, como é o caso do paraense Jader Barbalho (MDB-1967-1971-Belém); do mineiro Tancredo Neves (presidente da República eleito no Colégio Eleitoral, que não chegou a tomar posse em 15 de março de 1985 porque foi internado às pressas e morreu em 21 de abril do mesmo ano em Brasília). Tancredo foi eleito vereador em São João Del-Rei em 1935, exercendo o cargo até 1937; e do paulista Orestes Quércia (eleito pelo então Partido Libertador em 1962, mas com a extinção do pluripartidarismo optou pelo MDB). Orestes Quércia morreu em 24 de dezembro de 2010.
O cantor romântico Agnaldo Timóteo (74 anos) foi vereador no Rio de Janeiro e atualmente exerce o segundo mandato de vereador na Câmara Municipal de São Paulo pelo PR .
A Câmara de São Paulo conta outro vereador famoso em seu segundo mandato: é Aurélio Miguel (PR), um campeão de judô que muito bem representou o Brasil em competições internacionais. Ele foi medalha de Ouro em 1988 nos Jogos Olímpicos de Seul, onde foi campeão na categoria meio-pesado contra o alemão Marc Meilling.
Filiado ao PCdoB, em 2006, o cantor e apresentador de TV, Netinho de Paula, foi eleito vereador para a Câmara Municipal de 2008 da cidade de São Paulo com mais de 84 mil votos.
Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, o destaque é o vereador Carlos Bolsonaro, eleito o mais jovem vereador da história do Brasil em outubro de 2000, quando elegeu-se pela primeira vez aos 17 anos de idade. (Ele completou 18 anos em 7 de dezembro do mesmo ano). Atualmente faz parte da bancada do Partido Progressista (PP) e exerce seu segundo mandato na Câmara Municipal. Hoje com 30 anos, Carlos é filho do polêmico deputado federal Jair Bolsonaro e tem as mesmas ideias do pai, incluindo a pena de morte.
Tioza
Na eleição de 2008, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o mais jovem vereador eleito no Brasil foi Renan Medeiros Venceslau, o Tioza, também com apenas 17 anos na pequena cidade paulista de Aspásia (próxima a Jales). Em 2008, Aspásia tinha 1.790 habitantes e Tioza foi eleito com 62 votos pelo Partido dos Trabalhadores.
Fontes: Tribunal Superior Eleitoral; site da Câmara de Vereadores da cidade de São Paulo; site da Câmara de Vereadores da cidade do Rio de Janeiro; Sistema Mirante de Comunicação; jornal Diário da Região, de São José do Rio Preto (PA), e Wikipédia.
*Lima Rodrigues é jornalista e atua na imprensa de Parauapebas (PA) e de Imperatriz (MA).
2 comentários em “Eleições 2012 : os pedidos curiosos aos vereadores”
Realmente são pedidos bastantes curiosos,mas isso não será por que depois de tantas promessas os ditos cujos eleitos somem até de seus gabinetes,pode ser também por que acostumaram os eleitores mal e eles pensem que esta seria a única maneira de tirar alguma coisas destas pessoas,claro,que talvez o nobre candidato esteja esperando um pedido mais interessante,tipo:darei meu voto se vc depois de eleito ajeitar esta situação da água,precisamos de saneamento básico,um hospital mais digno,pois a saúde está critica e etc… São esses tipos de pedidos que deveriam ser feitos,porém a população,ou seja a maioria,já cansou de ser enganado,e acaba achando que esta é a melhor maneira de usufruir de alguma coisa destas pessoas,que aparecem muitas das vezes de 2 em 2 ou de 4 em 4 anos.
Agora muito me espanta este candidato,tão honeeesto,falar que são pedidos curiosos e pedir pra votar nele?Não é curioso?Por que ele só apareceu agora?Hã?
Parabéns!!!Os cidadãos são pidões e o candidato é tão inocente,que não satisfez nenhum pedido,até por que ele não é fada madrinha…E Eu acredito!?
Esse péssimo comportamento do “toma-lá-dá-cá”, do “faz-me-rir ” para poder “também rir”, do “jeitinho brasileiro” para resolver alguns problemas parece que já faz parte da cultura popular brasileira e até é conhecida internacionalmente. Agora imagine se todos os candidatos a cargos eletivos, seja os detentores de mandatos ou os aspirantes a ele, se unissem em uma única causa e, em uníssono, dissessem: “Não daremos nada a nenhum eleitor, porque, de qualquer forma, eles terão que escolher alguns de nós mesmos”! Ou se nenhum eleitor pedisse algo em troca para votar e que ao votar, acompanhasse as ações do seu candidato eleito para ver se compensava outro voto novamente. Ah, esquece!!!Acho que estou sendo profundamente utópico. Mas, vale apenas sonhar. Vamos que vamos Brasil!!!