Fortes emoções vão sacudir Canaã dos Carajás em 2020, na disputa de uma das cadeiras mais macias do Pará. Visada, a prefeitura é a 6ª mais rica do Pará e uma das dez do país onde a receita líquida mais cresce, impulsionada pelos royalties de mineração pagos pela multinacional Vale, que lavra minérios de ferro e cobre no território municipal.
No ano que vem, Jeová Andrade, em seu segundo mandato consecutivo, se despedirá da administração da “Terra Prometida” e a chegada do sucessor promete agitar o município, que assistiu ao eleitorado aumentar impressionantes 100% em menos de uma década. O Blog do Zé Dudu levantou neste sábado (17) os dados de eleitorado consolidados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para o mês de julho de 2019 e confrontou com julho de 2010, quando a atual década estava vindo à luz. O resultado é impressionante.
Em Canaã dos Carajás, o eleitorado local saltou de 19,5 mil para 38,9 mil. É o maior crescimento em toda a Região Norte e um dos maiores do país. Esse movimento tem a ver com a implantação, no meio da década, do projeto de minério de ferro S11D, assinado pela Vale, em torno da qual gravitam 85% da economia da microrregião de Parauapebas, na qual Canaã se insere.
Não por acaso, Parauapebas, que ganhou cerca de 64,5 mil eleitores, é o terceiro no Pará no ranking da expansão do eleitorado, tendo saltado de 92,4 mil em 2010 para 156,8 mil em 2019. O eleitorado de Parauapebas aproxima-se do de Marabá, que atualmente possui 161,3 mil votantes, segundo o TSE.
Entre Canaã e Parauapebas está o crescimento do eleitorado de Anapu, cortado pela Rodovia Transamazônica (BR-230), onde o total de votantes saiu de 10,4 mil para 21,7 mil, crescimento de quase 92%. O crescimento de Anapu se justifica por dois fatores: os efeitos das obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, que, embora tenham sido economicamente mais fortes em Altamira e Vitória do Xingu, fez muitos trabalhadores migrarem para Anapu; e o crescimento da agropecuária, com destaque para a cultura do cacau e a criação de gado bovino, o que tem levado o município a prosperar.
Em valores brutos, Ananindeua, com 65,1 mil novos eleitores, lidera no estado, seguido de perto de Parauapebas. Santarém (32,5 mil), Marabá (27,7 mil), Altamira (25,9 mil), Abaetetuba (24,8 mil), Barcarena (23,8 mil) e Castanhal (23 mil) vêm na sequência. A capital paraense, Belém, teve incremento de apenas 4,7 mil eleitores — o que se deve, sobremaneira, à revisão do eleitorado durante a biometria, que “cassou”, por exemplo, títulos de pessoas falecidas que eram considerados ativos.
Sudeste do Pará em crise
O Blog do Zé Dudu notou uma espécie fenômeno de esvaziamento eleitoral em 19 municípios paraenses. Chama atenção, no entanto, o fato de, entre esses 19, exatos 15 municípios serem do Sudeste Paraense. Em números brutos, o encolhimento vai de cerca de 300 eleitores, como em Aveiro, a mais de 6,4 mil, como em Rondon do Pará.
Em termos proporcionais, foi São Geraldo do Araguaia quem teve a maior perda de eleitores no estado, com decréscimo de 22%. São Geraldo perdeu pouco mais de 4,6 mil votantes em menos de uma década, o segundo maior volume bruto após Rondon do Pará, este o qual, além de líder em números absolutos, é o segundo com maior perda proporcional, 21%. Além de Rondon e São Geraldo, os demais municípios do sudeste do estado que tiveram perda de eleitorado foram Goianésia do Pará (20%), Bannach (17,5%), Piçarra (16,7%), São Domingos do Araguaia (12,3%), Palestina do Pará (12%), Água Azul do Norte (11,5%), Nova Ipixuna (11%), Cumaru do Norte (8,2%), São João do Araguaia (7,4%), Abel Figueiredo (7%), Brejo Grande do Araguaia (5,5%), Itupiranga (5,4%) e Jacundá (4,3%).
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