Um entre cada 20 habitantes de Parauapebas adoeceu e teve que ficar internado, sob observação, na rede municipal de saúde no ano passado. É uma das mais altas taxas de adoecimento entre os municípios ricos do estado, principalmente se for levado em conta que, em 2018, a saúde pública municipal consumiu pouco mais de R$ 250 milhões. As informações fazem parte de um levantamento realizado pelo Blog do Zé Dudu junto ao Ministério da Saúde para checar quais as doenças mais encaminham os parauapebenses à emergência.
No ano passado, foram registradas exatas 10.070 internações de pessoas com residência declarada no município. As estatísticas de morbidade hospitalar do Sistema Único de Saúde (SUS) revelam que 497.120 paraenses foram internados, com destaque para as parturientes, que lideram o número de ocupação de leitos — tanto em nível estadual quanto em nível municipal, já que em Parauapebas 4.089 mulheres foram internadas por motivos de gravidez e ou parto.
Além das internações que envolvem a gestação, há elevado número de pessoas que ficam acamadas nos hospitais em decorrência da violência (lesões por brigas e acidentes, por exemplo), tentativas de suicídio e envenenamentos. Quedas perigosas e fraturas de ossos também estão no topo da lista.
Peixe morre pela boca
Um velho dito popular diz que “o peixe morre pela boca”. E entre os humanos também. Em se tratando de doenças, propriamente dito, as do aparelho digestivo — sistema do corpo responsável pelo tráfego dos alimentos da boca ao ânus — lideram as passagens pela rede de saúde de Parauapebas. Nessa categoria, as hérnias são as campeãs, com 226 registros de internação. Em seguida, aparecem a inflamação da vesícula, responsável por 173 casos, e a apendicite, com outros 119. Úlceras, gastrites, esofagites e outras doenças de estômago e esôfago internaram 67. Todo esse conjunto pode ser associado, no mais das vezes, a distúrbios na alimentação.
Depois das doenças do aparelho digestivo, aparecem as dos aparelhos geniturinário (540 internações no total), circulatório (526) e respiratório (524). As doenças infecciosas e parasitárias (507 registros) vêm logo atrás. Entre as internações decorrentes de doenças do aparelho geniturinário, a infecção nos rins é a mais frequente, com 174 casos no ano passado. Uma “parente” da mesma classe é a insuficiência renal, que levou 60 a passar pela rede de saúde local.
Entre as do aparelho circulatório, o acidente vascular cerebral, o popular AVC, deu um susto em 97 pessoas, que foram internadas às pressas. Já entre as doenças do aparelho respiratório, a maior — e pior — representante foi a pneumonia, que levou 383 ao leito, o equivalente a mais de uma internação por dia.
Entre as doenças infecciosas e parasitárias, a esmagadora maioria está relacionada ao estômago e aos intestinos. O Ministério da Saúde não dá nome aos bois, isto é, não especifica os agentes causadores de tantas infecções, mas pelas características das internações a causa provável é que Parauapebas esteja vivendo um surto de infecção pela bactéria Helicobacter pylori (ou H. pylori), uma vilã oculta que, da mesma maneira como pode passar anos alojada no estômago sem ser notada, está implicada em sintomas que chegam enganar muitos médicos experientes e, inclusive, é associada aos cânceres de estômago.
Os temidos tumores — e nem todos são malignos — conduziram 278 pessoas aos leitos, com destaque para os miomas no útero, que deixaram 77 mulheres acamadas. Outros tumores preocupantes, mas benignos, acamaram 42 pessoas, entre homens e mulheres. Entre os cânceres que causaram internações, os mais cruéis foram os de colo de útero (17), leucemia (16) e mama (15).
O Blog levantou também que, nos primeiros dois meses deste ano (janeiro e fevereiro), o Ministério da Saúde calcula 1.355 internações. As doenças do aparelho digestivo, mais uma vez, lideram as estatísticas, com 151 ocorrências.