Em 46 municípios do Pará, há mais mulheres provedoras do lar que homens

Belém e Ananindeua seguem tendência do Brasil, em que elas emergem como “cumeeiras da casa”, ao passo que Parauapebas e Marabá ainda têm os homens como os principais sustentáculos das famílias

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As mulheres estão dominando o mundo, e o caminho é sem volta. Estão dominando a chefia das famílias também. No Brasil, elas já estão pau a pau com os homens no que diz respeito à responsabilidade de prover lares, e mesmo no Pará, estado considerado machista, 48,9% das unidades domésticas já têm uma mulher para tomar as rédeas da casa. E detalhe: em 46 dos 144 municípios do estado, a mulher deixou de cumprir a mera função de esposa para dizer quem é que manda — e obedeça quem tem juízo!

As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu, que analisou dados divulgados nesta sexta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a composição familiar. Os números fazem parte da etapa de divulgação do Censo 2022 e revelam que as mulheres estão cada vez mais próximas de se tornarem “cumeeiras da casa”, designação informal e antiga para chefes de família.

O município paraense de Colares é onde há mais mulheres provendo, de cabo a rabo, o lar. Ali, 59,23% dos domicílios têm uma pessoa do sexo feminino trabalhando para sustentar a família, o que corresponde a cerca de 2.400 mulheres. Os percentuais também são elevados em Soure (58,66%), Marituba (57,29%) e São Caetano de Odivelas (56,25%).

Na capital paraense, Belém, as mulheres também são quem fala mais alto e mais grosso em casa. Lá, 55,09% dos imóveis são chefiados por elas. Em números absolutos, a metrópole contabiliza 233 mil mulheres chefes de família contra 190 mil homens. Belém é a 13ª cidade do país com as mulheres mais empoderadas em casa — e como nem tudo são flores, cheias de responsabilidades, como contas a pagar, vindo de brinde.

A vizinha cidade de Ananindeua tem perfil similar, com 54,04% dos lares chefiados por mulheres, assim como em Castanhal, onde 53,02% dos domicílios têm elas na frente.

Parauapebas e Marabá dos ‘machos’

Os municípios de Parauapebas e Marabá, dois dos mais importantes da Região Norte, ainda não “acordaram para a vida” e para os tempos modernos. Neles, os homens ainda predominam como provedores — o que não necessariamente é uma notícia ruim para a mulher.

Em Parauapebas, 52,07% dos domicílios são chefiados por homens, enquanto em Marabá a taxa é de 51,08%. Canaã dos Carajás, município que atualmente é a “meca” do processo migratório na Amazônia, é ainda mais dominado por homens, uma vez que 59,33% das famílias locais são comandadas por eles.

O sul do Pará como um todo é predominantemente masculino nas responsabilidades familiares. Os três municípios do estado onde a participação da mulher é menor na chefia dos lares estão todos concentrados nessa região, com destaque para Santa Maria das Barreiras, onde 71,31% das casas têm o homem como manda-chuva; Bannach, cujas famílias são comandadas em 71,33% por eles; e Água Azul do Norte, campeão de todos, que vê o homem chefiar 74,6% dos domicílios. Cumaru do Norte (69,49%), São Félix do Xingu (67,58%) e Piçarra (67,33%) vêm mais atrás.

No Brasil, segundo o Censo 2022, os três municípios onde os lares são majoritariamente chefiados por mulher são o sergipano Umbaúba, com 67,82%; o maranhense São José dos Basílios, com 67,83%; e o paraibano Cacimbas, com 70,1%. No extremo oposto, os três onde o homem reina em casa absoluto são o catarinense Tigrinhos, com 83,33%; e os gaúchos União da Serra, com 84,17%, e Coronel Pilar, com 84,42%.