Guarde bem estes endereços: Mirante do Vale, Mirante Village e Mirante River Beach. Nesses condomínios marabaenses de luxo, os mais badalados do sudeste do Pará, o candidato a prefeito Toni Cunha, que se diz suprassumo da moral e dos bons costumes, possui imóveis de valores vultosos, mas que estão declarados à Justiça Eleitoral como uma mixaria.

No Mirante do Vale, Toni Cunha ergueu um triplex numa área que ocupa dois terrenos e que, segundo fontes do mercado imobiliário consultadas pela reportagem, não custaria menos que R$ 3 milhões em valores correntes. No entanto, o candidato a prefeito de Marabá, que prega honestidade por todo canto, declarou à Justiça Eleitoral que o imóvel vale apenas R$ 800 mil, 73% abaixo da realidade.

Já no Mirante Village, onde Toni Cunha atualmente reside com sua esposa Lanúzia Lobo, o imóvel do casal não custa menos que meio milhão de reais, muito embora ele tenha declarado à Justiça Eleitoral que custe só R$ 27 mil.

No badalado condomínio Mirante River Beach, Toni Cunha comprou um terreno com vista privilegiada para o Rio Tocantins e outros “mimos”. Ele informou à Justiça Eleitoral que o imóvel custa apenas R$ 280 mil, mas corretores experientes consultados pela reportagem combatem o preço: o imóvel, ainda sem construção, não custaria menos de meio milhão de reais.

Mas como ele conseguiu?

Se Toni Cunha decidisse informar o valor real de seu patrimônio imobiliário, sua declaração de bens à Justiça Eleitoral aumentaria mais de 100%, saltando de quase R$ 3 milhões (veja aqui https://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/candidato/NORTE/PA/2045202024/140002182323/2024/04839) para mais de R$ 6 milhões. Para complicar ainda mais a situação, fica a dúvida: como um cidadão autointitulado honesto, delegado de Polícia Federal e que recebe um salário de R$ 21 mil líquidos, consegue ficar milionário de forma mágica e ostentar um patrimônio dessa envergadura?

Para piorar, Toni Cunha declarou à Justiça Eleitoral a existência de R$ 100 mil em espécie (dinheiro vivo), o que é demais curioso, tendo em vista que ele recebe seu salário em conta bancária.

Mas a pergunta que mais intriga os quase 300 mil marabaenses é: como Toni Cunha, com salário de R$ 21 mil por mês como deputado estadual, conseguiu multiplicar seu patrimônio em tão curto período?

Vale lembrar que em 2016, antes de iniciar sua carreira na política, seu patrimônio declarado era de R$ 238 mil (veja aqui https://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/candidato/NORTE/PA/2/140000015856/2016/04839), acumulados durante seus 11 anos de atuação como delegado federal. Após se tornar vice-prefeito em 2017 e, a partir de 2019, deputado estadual, o que eram R$ 200 e poucos mil evoluiu de forma meteórica para cerca de R$ 3 milhões, mas que, agora, a reportagem apura que, em verdade, pode ser R$ 6 milhões.

Qual o segredo para fermentar o patrimônio em 2.900% em apenas oito anos? Com resposta sempre na ponta da língua, Toni Cunha deve aparecer a público para explicar.