Ao completar dois meses no cargo de titular da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), em substituição a José das Dores Couto (o “Coutinho”), o empresário alagoano Gilberto Regueira Alves Laranjeiras (o “Betinho”), amigo da rainha do rebolado e dos memes, Gretchen, ainda não disse a que veio. A saúde do município continua exatamente como antes: alvo de vídeos polêmicos, reclamações e insatisfação popular. Tudo destoa da real capacidade financeira da Semsa, cujo orçamento estimado para este ano é de R$ 200,5 milhões.
O Blog do Zé Dudu levantou que, desde o dia 21 de maio, quando tomou posse como secretário municipal de Saúde, Betinho já realizou despesas que totalizam R$ 34.874.966,16. As informações podem ser consultadas no Portal de Transparência do município. Empresário do ramo turístico no município de Maragogi, litoral alagoano, nem mesmo lá, em sua terra natal, Betinho viu tanto dinheiro assim. Nem se ele fosse prefeito.
Isso porque a receita da Prefeitura de Maragogi arrecadada nos primeiros quatro meses deste ano, no valor de R$ 33.575.902,60, passa longe do tamanho dos gastos de Betinho em apenas dois meses à frente da Saúde de Parauapebas. O Blog confrontou os dados de receita corrente do primeiro quadrimestre da Prefeitura de Maragogi, disponíveis na Secretaria do Tesouro Nacional (STN), com as despesas liquidadas pela Semsa na era Betinho e concluiu que o atual gestor da Saúde municipal está quase R$ 1,5 milhão mais confortável aqui que a prefeitura inteira de lá.
Aliás, é muito mais negócio para Betinho ser secretário municipal de Saúde em Parauapebas, tomando conta de um orçamento superior a R$ 200 milhões, do que ser prefeito em Maragogi, onde a receita estimada para o ano de 2019 inteiro não passa de R$ 76,5 milhões.
Com passagem pelo Ministério da Saúde, em funções de direção e coordenação em setores da pasta, Betinho Laranjeiras ainda não conseguiu importar sua experiência macro para aplicar no tão castigado município de Parauapebas, que, mesmo econômico e financeiramente rico, ainda padece com pestes e moléstias já erradicadas há décadas em lugares nacionais mais desenvolvidos. E mesmo com a bênção da rainha do rebolado, o titular da Semsa ainda não demonstrou jogo de cintura para resolver problemas herdados de anos e que tanto afligem usuários da rede pública de saúde.
A própria população se presta a fazer avaliação nas redes sociais, destilando em vídeos e comentários suas dores, angústias e até veneno pela precariedade da oferta de um serviço que, a rigor, deveria ser essencial, mas tem qualidade duvidosa diante do aporte de recursos de que é espécie. Enquanto a saúde não avança, Betinho segue secretariando. E gastando.