Traídos ou exaltados pelos números, e por essa nem mesmo os candidatos a prefeito do segundo município mais rico do Pará esperavam: o primeiro colocado no início da corrida eleitoral acabou em terceiro; um então desconhecido candidato se tornou segundo; e o que era segundo no início da disputa, e que vinha se arrastando com elevado índice de rejeição, virou primeiro sem muito esforço, tornando-se prefeito para um quarto mandato.
Os resultados foram se desenhando e ficando ainda mais clarividentes a partir de agosto, quando o nome que vinha liderando as pesquisas caiu para segundo, e em outubro a muvuca de um suposto atentado — ocorrido em circunstâncias cheias de desconexões — embolou tudo e causou um baita susto numérico, rearranjando as posições mais inferiores pressionando as superiores, de modo a tornar candidato desconhecido em um dos favoritos.
Toda essa configuração só foi possível ser percebida com as pesquisas eleitorais, muitas das quais passaram a mobilizar e guiar eleitores ainda indecisos, que geralmente tendem a votar naquele que está na frente. Neste sentido, o Instituto Data Populi teve papel imprescindível na conformação do cenário final da disputa porque realizou o maior número de levantamentos no município.
Em sua derradeira pesquisa, publicada na última sexta-feira (13), o Data Populi simplesmente acertou as cinco primeiras posições do cargo de prefeito, cravando — tanto na pesquisa estimulada quanto na pesquisa espontânea — Darci Lermen (MDB) eleito com ampla vantagem; Júlio Cesar (PRTB) em 2º; Valmir Mariano (PSD) em 3º; Hipólito (Patriotas) em 4º; e Marcelo Catalão (Avante) em 5º. No começo da corrida, Valmir era 1º, Darci era 2º e Júlio César era um praticamente inexpressivo candidato.
Outras pesquisas foram realizadas no município, por outros institutos, mas nenhuma conseguiu acertar o resultado do último domingo (15) com tamanha precisão. E cabe ressaltar que até na pesquisa para vereador, que geralmente é a mais difícil de obter significativa margem de acerto na ordem exata, o Data Populi conseguiu “eleger” oito dos 15 postulantes à cadeira, com acerto dos dois primeiros nomes mais votados, nas posições tais como foram eleitos.
O instituto também conseguiu acertar o placar no vizinho e filho de Parauapebas, Água Azul do Norte, onde o prefeito atual, que tentava reeleição, foi derrotado por um pecuarista. Acertou, inclusive, os números absolutos da vitória por lá, dentro da margem de erro da pesquisa registrada no Tribunal Superior Eleitoral.
Aos candidatos derrotados e que, porventura, voltem a tentar se movimentar nas próximas eleições, um alerta: não desprezem pesquisas eleitorais. Elas orientam, alertam, advertem, lançam luz à escuridão das ideias, clareiam redutos eleitorais invisíveis, sinalizam a hora de recuar, mexem com a cabeça do eleitor indeciso, ajudam, sim, a decidir eleição em cenários visivelmente apertados e, não raramente, são bem mais baratas que os custos financeiros de campanhas improfícuas, geralmente terminadas em dívidas, e também mais em conta que os desgastes físicos, emocionais e psicológicos sofridos ao longo do processo eleitoral.