Foi como o Blog do Zé Dudu previra: Minas Gerais se distanciou do Pará na reta final de 2022 e levou a melhor na corrida da produção de recursos minerais, pegando de volta o bastão de maior minerador nacional, após perder o título para o Pará desde 2019. O estado da Região Sudeste movimentou R$ 100,53 bilhões, enquanto o Pará fechou o ano com R$ 92,367 bilhões, o menor valor dos últimos três anos e uma redução da ordem de 37% frente a 2021. As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu.
A queda das operações do Pará frente a 2021, quando movimentou R$ 146,573 milhões em riquezas minerais, foi a maior da história no recorte comparativo de um ano para outro. E sairá muito caro para o estado, especialmente em 2024, quando acontece a divulgação oficial do Produto Interno Bruto (PIB), pesquisa liderada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que vem com dois anos de atraso em relação ao período de produção dos dados.
Na ocasião, o Pará poderá ser o estado do Brasil com o pior desempenho no PIB, inclusive com encolhimento severo e, por consequência, redução do PIB per capita. Do ponto de vista de mercado, é uma situação constrangedora para o estado, visto que grandes marcas fogem de investir em lugares que estatisticamente apresentam retração econômica. E como a economia do Pará é maciçamente dominada pela indústria extrativa mineral, pouco há a fazer para fugir da realidade que os números de agora vão refletir no futuro.
Para muito além de simbolicamente perder o posto de maior produtor mineral para Minas Gerais, as implicações da queda na produção paraense em 2022 acendem o alerta para o alto grau de dependência da economia estadual à atividade mineradora. Foi, inclusive, pelo baixo desempenho dela que o Pará também encerrou o ano como o grande fiasco da balança comercial, um dos poucos a exportar menos que no ano anterior e o que mais encolheu.
Praticamente carregado nas costas pela mineradora multinacional Vale, ao menos do ponto de vista da movimentação financeira e da geração de receitas, qualquer “abalo sísmico” na mineradora afeta transversalmente a economia e as finanças do Pará, especialmente quando o que está em jogo é sua “imagem estatística” confrontada com as demais Unidades da Federação.
Municípios em queda
Com atividade mineral de R$ 39,669 bilhões, Parauapebas seguiu sendo o maior produtor de recursos minerais do país, mas a queda foi assustadora (de 43,3%) perante os R$ 69,992 bilhões movimentados ao longo de 2021. Foram R$ 30 bilhões a menos de um ano para o outro, o que fará a Capital do Minério reportar a maior queda municipal de PIB do Brasil em 2024. Ou, por outro ângulo, será noticiado no ano que vem como o lugar do país onde a economia mais encolheu em 2022.
Outro que também vai dar o que falar no mesmo tom é Canaã dos Carajás, onde a produção mineral caiu de R$ 54,401 bilhões em 2021 para R$ 31,163 bilhões em 2022, uma retração de 42,7%. Para quem não se lembra, Canaã e Parauapebas figuraram na pesquisa de PIB de 2022 do IBGE, com referência ao ano de 2020, como os municípios que mais enriqueceram no país por causa da boa produção mineral.
Na pesquisa a ser divulgada no final deste ano, com referência a 2021, a Capital do Minério e a Terra Prometida voltarão a ser assunto nacional, visto que a produção mineral capitaneada por ambos os municípios foi recorde. Mas quanto mais alto o apogeu, maior a queda, e assim será na divulgação de PIB de 2024.