Por unanimidade, a Câmara Municipal de Marabá (CMM), aprovou, nesta quarta-feira (11), na última sessão ordinária do ano, o Orçamento do Município para 2020. A peça orçamentária, Projeto de Lei 72/2019, do Executivo Municipal, deveria ter sido votada na sessão de ontem, terça-feira (10), mas foi cercada de polêmica, por conta de não prever no seu bojo, em rubrica exclusiva, a reposição salarial dos servidores públicos municipais, que estão há três anos com os vencimentos congelados.
Funcionários da prefeitura, de várias categorias, e dirigentes sindicais acompanharam a sessão na plateia e protestaram o tempo todo, exigindo uma atitude dos vereadores, embora a atribuição de reajustar os vencimentos seja do Executivo. Diversas vezes os discursos foram interrompidos pelos protestos de servidores inconformados.
Foi o próprio presidente da Comissão de Finanças e Orçamento da CMM, vereador Gilson Dias Cardoso (PCdoB), que impediu a votação, ontem, justificando que no Orçamento não constava valor destinado ao reajuste, pedindo à Mesa Diretora, que lhe desse mais 24 horas para que o projeto fosse colocado em pauta.
Ele manifestou indignação com o fato, disse que, se dependesse só de sua vontade, o projeto não iria a votação, enquanto o prefeito Tião Miranda não se reunisse com a Câmara e com as categorias para explicar o motivo de não ter reajustado os salários dos servidores nos últimos três anos.
Primeiro a assumir a tribuna no Grande Expediente e criticar o fato, foi o vice-presidente do Legislativo, vereador Ilker Moraes Ferreira (PHS), afirmando que votaria pela aprovação do Orçamento 2020, “mas com ressalvas”, por conta da não previsão de reajuste para os funcionários municipais.
À fala de Ilker, em seguida, juntou-se a vereadora Priscilla Duarte Veloso (PTB). Ela começou elogiando o fato de que a administração do prefeito Tião Miranda deu segurança fiscal ao município, conseguindo equilibrar receitas e despesas, mas ressaltou que “os servidores já pagaram o preço por esse equilíbrio”. Por fim, declarou que espera que o prefeito se sensibilize e conceda, em 2020, o reajuste esperado.
Colocando os pingos nos is
Em contrapartida, o vereador Miguel Gomes Filho (PP) – Miguelito –, considerado o decano da Casa, disse que erra quem afirma que a verba para a reposição salarial não está assegurada no orçamento. De acordo com ele, a rubrica “Despesa por Categoria Econômica”, quando prevê o valor de R$ 467.621.373,38 para “Pessoal e Encargos Sociais” e 284.647.347,81, como “Outras Despesas”, totalizando 752.268.720,97, está prevendo, nesse valor, o aumento salarial dos funcionários municipais.
“Então, isso está no orçamento sim. O que está faltando é ele [o prefeito Tião Miranda] querer [conceder o reajuste]. O recurso tem. O servidor ganha muito pouco, sabemos disso, nenhum vereador é contra aumento de servidor”, reforçou Miguelito, reafirmando que quem concede ou não a reposição salarial é o Executivo, não o Legislativo.
A vereadora Irismar Nascimento Araújo Melo (PR), a próxima a se pronunciar, confirmou o que disse Miguelito, porém foi além: “Eu estou aqui há 11 votações de LOA e nunca vi nós estarmos discutindo remanejamento ou percentual de recomposição [salarial]”, lembrou ela, repetindo a explicação de Miguel, acrescentando: “Se o prefeito quiser dar o aumento ele pode dar. Não é esse orçamento aqui que vai impedir, não. Muito pelo contrário: vai dar garantia pra ele dar o aumento”.
Em seguida ela disse que não ia “brincar com o sentimento de ninguém, principalmente de servidor que carrega o piano, que é quem faz a gestão funcionar”. “Com todo o respeito, meus colegas, mas a gente precisa entender aqui, senhores servidores, que ano que vem é um ano eleitoral. Ano passado não teve essa movimentação aqui. Por que, agora, em face ano eleitoral está tendo essa movimentação?”, indagou, arrematado que a pressão tem de ser feita sobre o prefeito.
“Mas, eu vou dizer pra vocês o que eu penso de estratégia política. Aí, depois, vocês vão esquecer de três anos que ficaram sem aumento: até março, o prefeito var dar aumento, porque ele não é burro, não. Só está faltando melhorar isso. Então, mesmo que seja um percentual pequeno ou grande, ele vai dar, isso é estratégia política. Parem de achar que esta Casa vai dar aumento. Vereador não pode criar despesa”. enfatizou Irismar Melo.
O presidente da Câmara, vereador Pedro Correa Lima (PTB) – Pedrinho – agradeceu aos demais membros da Casa e disse que cada um dos 21 trabalhou muito pelo município em 2019, de várias formas. Ele lembrou que no Legislativo anualmente os servidores têm seus vencimentos reajustados com a reposição da inflação, mas, quanto aos servidores do Executivo, a decisão de conceder ou não reposição é do prefeito.
Pedrinho afirmou, inclusive, que sempre que mantém reuniões com Tião Miranda o assunto está na pauta, mas o prefeito ainda não tomou uma decisão. “Acho também um absurdo ficar três anos sem reajuste. Se hoje temos um município devidamente administrado, equilibrado financeiramente isso deve também a trabalho do servidor”, afirmou.
COMO FICOU O ORÇAMENTO DA PREFEITURA DE MARABÁ PARA 2020
O total do Orçamento da Prefeitura de Marabá para 2020 é de 1.029.201.958,82, recurso proveniente de Receitas Correntes (Tributária, Contribuições, Patrimonial, Serviços, Transferências e outras, R$ 935.686.382,98; de Receitas de Capital (Operações de Crédito e Transferências); de Receitas Corrente Intraorçamentária (R$ 47.872.427,57); e de Deduções (Formação do Fundeb, -59.456.604,25).
As despesas, por secretaria e o orçamento da Câmara Municipal ficaram assim distribuídas:
Gabinete do Prefeito R$ 7.119.103,54
Comunicação R$ 3.245.637,97
Procuradoria Geral R$ 5.019.041,60
Planejamento R$ 2.599.287,73
Administração R$ 28.622.679,59
Finanças R$ 1.827.359,41
Gestão Fazendária R$ 7.128.306,10
Educação R$ 87.292.496,40
Cultura R$ 5.589.967,28
Esporte e Lazer R$ 3.021.292,56
Saúde R$ 194.515.984,41
Assistência Social R$ 20.284.252,71
Obras R$ 126.322.187,48
Agricultura R$ 13.470.347,15
Meio Ambiente R$ 5.152.950,90
Indústria, Comércio R$ 1.152.186,21
Turismo R$ 674.365,98
Segurança Institucional R$ 35.779.399,88
Controladoria Geral R$ 1.427.479,32
Super. Desenvolv. Urbano (SDU) R$ 3.721.658,53
Fundação Casa da Cultura R$ 10.191.610,50
Ipasemar R$ 128.232.050,73
Ambiental Saneamento R$ R$ 57.783.031,19
Fundeb R$ 214.999.999,80
Encargos Gerais R$ 37.954.281,85
FMDCA R$ 275.000,00
Câmara Municipal R$ 25.800.000,00
DESPESAS POR CATEGORIAS ECONÔMICA
DESPESAS CORRENTES R$ 756.652.130,16
Pessoal e Encargos Sociais R$ 467.621.373,38
Juros e Encargos da Dívida R$ 4.383.408,97
Outras Despesas Correntes R$ 284.647.347,81
DESPESAS DE CAPITAL R$ 174.879.605,68
Investimentos R$ 162.447.982,52
Amortização da Dívida R$ 12.431.623,16
RESERVA DE CONTINGÊNCIA R$ 97.670.222,98
Por Eleuterio Gomes – de Marabá