Uma reunião tensa da Comissão de Desenvolvimento Urbano, Obras, Serviços Públicos e Transportes da Câmara Municipal de Marabá durou exatamente três horas e foi recheada de cobranças, acusações e até falta de respeito a algumas autoridades do município.

A referida reunião aconteceu na manhã desta quinta-feira, 26, no Plenarinho da Câmara Municipal e recebeu cerca de 100 pessoas, a maioria estudantes universitários, que foram cobrar melhorias na qualidade do transporte da chamada rota universitária.

A pequena quantidade de ônibus circulando na cidade, a demora para passar nos pontos, o sucateamento da frota, a falta de um terminal de integração e o crescimento vertiginoso de serviços clandestinos de transporte na cidade foram os pontos mais discutidos pelas autoridades presentes à reunião.

Pela Câmara, participaram o presidente da Comissão de Transporte, Raimundinho do Comércio, que esteve acompanhado dos colegas Alecio Stringari, presidente da Câmara; Coronel Araújo; Eloi Ribeiro; Frank do Jardim União e Márcio do São Félix.

Pelo Executivo Municipal, participaram o secretário de Segurança Institucional, Jair Barata Guimarães; o secretário de Obras, Fábio Moreira; e o diretor do Departamento Municipal de Trânsito, Benilson Alves Rosário. E, ainda, o diretor da empresa Integração, Clécio Márcio de Siqueira.

Último a falar na reunião, Clécio Márcio fez um discurso apaziguador, mostrando números da empresa e apontando a realidade da mobilidade urbana em Marabá, com um trânsito que não flui em alguns pontos da cidade várias vezes por dia.

Clécio disse que veio de Anápolis para assumir a gestão do serviço. Em primeiro lugar, ele não fugiu da responsabilidade pelos problemas no sistema de transporte coletivo que sua empresa desenvolve em Marabá há três anos.

Por outro lado, reclamou que há muitos serviços de transporte alternativos, que faz com que os ônibus andem quase vazios boa parte do tempo. “Se colocarmos micro-ônibus e mais carros, vamos só afundar o sistema neste contexto”, alertou.

O empresário revelou que fez vários investimentos no sistema, apresentando os números de prejuízos e antecipou que em 2024 vai investir mais R$ 14 milhões na aquisição de novos ônibus, todos com ar-condicionado.

Sobre as reclamações de falta de ônibus para os núcleos Morada Nova e São Félix, ele alertou que há gargalo grande que precisa ser resolvido: os congestionamentos constantes na ponte sobre o Rio Tocantins, assim como no Km 6, que dá acesso ao Campus III da Unifesspa.

A partir de março, segundo ele, haverá um novo sistema eletrônico de bilhetagem, o que deve dar mais celeridade às viagens. Ele prevê certa melhoria quando o Terminal de Integração começar a funcionar, no próximo ano. Por outro lado, apesar das melhorias a serem implementadas, ele alerta que em todo o País houve queda no número de passageiros de transporte coletivo da ordem de 25% em comparação ao período anterior à pandemia da covid-19.

Por fim, ele deixou um aviso preocupante e alerta às autoridades. “Existem falhas no nosso sistema, sim, que precisam ser corrigidas, por isso vim para Marabá nos últimos dias. Mas economicamente todos sabem que está inviável a operação de ônibus na cidade. Se permitirem abrir mais serviço de lotação e outras formas de transporte, eu vou deixar a cidade. Em dois anos e meio dobrou o preço de um ônibus, que agora custa mais de R$ 700 mil. A nossa previsão de investimento dobrou, mas a receita nunca chegou perto do prometido na licitação”.

O secretário de Obras, Fábio Moreira, anunciou que em dezembro deste ano a Prefeitura deverá entregar o Terminal de Integração, o que deve melhorar o transporte coletivo na cidade.