Enfermagem da Ufra desembarca em Parauapebas no 2º semestre de 2022

Nem Marabá possui Enfermagem pelas públicas. Curso gratuito e regular mais próximo está em Tucuruí. Aulas vão ser ministradas à noite e 50% das vagas serão destinadas aos cotistas.

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Agora é oficial: Parauapebas vai ofertar o primeiro curso público presencial e regular, com ingresso anual, de Enfermagem. O campus local da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) recebeu autorização da reitoria, e o curso aparecerá na próxima edição do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) para delírio e concorrência dos aspirantes a uma vaga. Serão 50 cadeiras, com critério de cotas para candidatos negros e estudantes de escolas públicas, e o início das aulas acontece no segundo semestre do ano que vem.

As informações foram repassadas com exclusividade ao Blog do Zé Dudu pelo diretor do campus de Parauapebas, Luís Renan Sampaio Oliveira, um dos grandes responsáveis pela conquista do município. Ele, que está de saída da direção do campus, finaliza a gestão presenteando a Capital do Minério com um sonho que se iniciou em 2019, quando a Ufra divulgou a intenção de implantar Enfermagem. O protocolo de entrada do curso no Ministério da Educação (MEC) data daquele ano.

Foram muitas as dificuldades e críticas, principalmente pelo fato de a Ufra ser enxergada como “universidade rural” e “ligadas às ciências da terra”, mas o campus de Parauapebas conseguiu deixar muitos medalhões do conhecimento acadêmico para trás na corrida pela instalação da graduação, em razão de sua organização administrativa e a qualidade de seu corpo docente.

Para quem não se lembra, a história é parecida com o curso de Administração, que, no início da implantação em Parauapebas, recebeu olhar de desconfiança por ser ofertado pela Ufra, mas na primeira avaliação do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes do Ensino Superior (Enade) a que seus alunos foram submetidos, tirou nota máxima e passou a ser considerado o melhor curso de Administração do Brasil, batendo nomes de universidades tradicionais de São Paulo e Rio de Janeiro.

1º curso público da região

Luís Renan e as professoras Kaliandra Alves e Rosana Luz sabiam das dificuldades para aprovar um curso da saúde em um município sem tradição em cursos públicos regulares do gênero e, principalmente, por meio de uma instituição sem curso de saúde. Ainda assim, não se intimidaram e correram atrás.

Hoje, nem Marabá — que é o maior polo acadêmico do sudeste do Pará com cerca de 40 cursos de graduação públicos em seu portfólio — tem oferta de Enfermagem “0800”. O mais próximo de Parauapebas está em Tucuruí, a 440 quilômetros, ofertado pela Universidade do Estado do Pará (Uepa), que, aliás, prometeu um curso de Enfermagem a Parauapebas, mas ninguém sabe quando virá e se será regular.

Embora esteja sob o comando do Governo do Estado, que já recebeu das costas de Parauapebas entre royalties e taxa mineral cerca de R$ 500 milhões apenas este ano, a presença da Uepa no município depende hoje de dinheiro que a Prefeitura de Parauapebas precisa desembolsar para manter os cursos da instituição, já que ela não “se garante” fixar na Capital do Minério às próprias expensas. A Ufra, por outro lado, é federal e, embora enfrente severos e constantes “toques de recolher financeiro” da União, consegue andar sozinha.

Segundo Luís Renan, todo o esforço de sua equipe valeu a pena porque a semente plantada no início de 2019 agora poderá germinar. “Tivemos muitos momentos de decepção, de desesperança, de questionamentos acerca da viabilidade do curso em nosso município, mas jamais desistimos de acreditar que daria certo. E deu. Esse é um presente para a população de Parauapebas, que tão bem acolheu a nossa universidade aqui há quase duas décadas”, comemora.

Importância das parcerias

O acadêmico ressalta parcerias importantes para que essa conquista tenha alcançado êxito. Ele cita nominalmente a vereadora Eliene Soares, que acompanhou toda a tratativa da implantação do curso e acompanhou, inclusive, a equipe de inspeção do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) durante a vistoria para aprovação (ou não) do curso em Parauapebas, um momento tenso e ímpar.

“A Eliene foi fundamental nesse processo. Sem ela, não teríamos conseguido mobilização política suficiente para que expuséssemos nossas necessidades e nossas carências ao governo municipal. Hoje, todos sabem que temos demandas urgentes que impedem trazermos novos cursos porque ela, a Eliene, nos ajudou a relatar nossa falta de orçamento na tribuna da Câmara. Devemos a ela uma parte significativa dessa conquista”, elogia.

Renan também destaca o empenho do secretário de Educação, José Leal, que, entre todos, foi o que mais se mostrou aberto e disponível a ajudar a Ufra dentro das possibilidades administrativas de sua competência. “Se ele pudesse, já teria nos entregado o bloco de salas de saúde de que tanto precisamos. Você sabe quando a pessoa tem vontade de fazer, e o Leal tem. É uma pessoa humana, do povo, que, se pudesse administrativamente tocar a obra, ele não mediria esforços por enxergar a necessidade que temos de nos consolidar como cidade universitária”.

O diretor da Ufra elogia ainda a boa vontade do prefeito Darci Lermen, que, segundo ele, o pegou pelo braço e o levou a Brasília “para ver se a gente destravava junto o curso no MEC”.

Por fim, Renan alerta para o fato de que a Ufra precisa da construção de mais um bloco de salas para garantir que novas turmas se perpetuem. Se continuasse à frente do campus, a equipe do diretor mandaria para frente um rascunho do curso de Odontologia, que eles têm na gaveta. Devido à tramitação rápida e à aprovação com nota alta de Enfermagem, Odonto talvez ganharia vida com mais facilidade. Mas, às vésperas de passar o bastão da direção, ele quer focar em pós-doutorado em sua área de pesquisa, que é a Medicina Veterinária.

Agora, a Ufra vai abrir concurso com 12 vagas para professores de alto gabarito (com doutorado ou mestrado) para compor o quadro docente de Enfermagem em Parauapebas. As vagas já estão garantidas no MEC. Os professores vão morar no município e dar identidade universitária ao aguardado primeiro curso público regular de saúde. A Capital do Minério merece e agradece.

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ENFERMAGEM NA UFRA EM PARAUAPEBAS

  • Seleção via Sisu em fevereiro de 2022
  • Média mínima de 450 pontos no Enem
  • 50 vagas
  • 50% das vagas para cotistas
  • Início das aulas no 2º semestre
  • Aulas no período noturno

4 comentários em “Enfermagem da Ufra desembarca em Parauapebas no 2º semestre de 2022

  1. WANDERSON LOPES Responder

    Para se inscrever via SISU, você deve fazer primeiro o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM)

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