É do Pará o inglório troféu de nota mais baixa do país no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do ensino médio. Com 3,2 pontos, a maior economia da Região Norte não consegue subir no termômetro da educação nacional, e não apenas isso: não se vê luz no fim do túnel. Na prática, em disciplinas como matemática e português, os alunos paraenses são menos competitivos em relação aos de outras Unidades da Federação em vestibulares e seletivos, por exemplo.
O Blog do Zé Dudu examinou os microdados do Ideb 2021, que têm como parâmetro a nota que os estudantes obtiveram no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), e observou que a pontuação do ensino médio no estado só não foi mais baixa porque, por sorte, a nota total leva em conta o desempenho tanto de estudantes de escolas públicas quanto privadas, e estes equilibraram aqueles. Mas se fosse considerado exclusivamente o desempenho dos alunos da rede estadual, o Ideb seria ainda pior: nota 3.
Se serve de consolo, entre as redes estaduais, o Pará não seria o lanterninha, mas o “vice” pior colocado, à frente do Rio Grande do Norte, cujo Ideb para o ensino médio da rede pública estadual foi 2,8. Os estados com mais alto índice educacional na rede pública são o Paraná (4,6), Goiás (4,5) e o esquadrão formado por Ceará, Pernambuco, Espírito Santo e São Paulo (4,4).
Na rede particular, o Ideb paraense é 5,4. Numa tradução livre, esse dado implica que um estudante do ensino médio da rede privada tem, teoricamente, 80% de condições mais favoráveis de se dar bem num exame qualquer em relação ao seu concorrente que cursa o ensino médio na rede estadual. É uma discrepância avassaladora.
Ainda assim, nem de longe o aluno da particular do Pará é o “maioral”. À frente dele estão os estudantes de Minas Gerais, onde o Ideb da rede privada marca 6,3. O trio formado por Piauí, São Paulo e Distrito Federal vem na sequência com nota 6,2. No geral, somando públicas e particulares, o Paraná lidera o Ideb do ensino médio do país, com 4,9 pontos, seguido de São Paulo (4,7), Espírito Santo, Goiás e Distrito Federal (4,5).
Desempenho em avaliações
Os alunos paraenses do ensino médio têm a 3ª pior média em matemática (250,81) e a 4ª pior em português (259,82), mostram os dados detalhados do Saeb. O topo do ranking do Sistema de Avaliação da Educação Básica nas duas disciplinas é ocupado pelo Distrito Federal, que tirou nota geral de 289,21 em matemática e 289,54 em português. Detalhe: o fosso entre os estados é gritante.
Um estudante de ensino médio da rede estadual do Pará sabe muito menos de matemática (246,26) que um estudante da rede privada do Piauí (341,19), assim como um da rede estadual paraense sabe bem menos de português (255,75) que um do referido estado nordestino (327,16). Mesmo um estudante da rede privada do Pará, com nota 298,21 em matemática e 302,2 em português, fica em desvantagem em relação ao da rede privada piauiense. É o Pará sendo ele mesmo, sem corte e sem censura, nas estatísticas oficiais.