Brasília – Uma reunião virtual com dirigentes sindicais de várias categorias do serviço público federal, debateu a possibilidade da realização de uma greve geral do funcionalismo público já no primeiro trimestre de 2022. O movimento é em resposta ao anúncio do Governo Bolsonaro sobre reajuste no salário de policias federais, em detrimento das demais categorias. A proposta foi apresentada durante a aprovação do Orçamento Geral da União e foi aprovada pelo Congresso Nacional na última sessão do parlamento em 2021.
Diante da reação de descontentamento de várias categorias preteridas do aumento, e diante de uma ação coordenada por auditores fiscais da Receita Federal que entregaram cargos de chefia Brasil afora, o presidente Jair Bolsonaro (PL) negou nas redes sociais que os recursos aprovados no Orçamento seriam destinados “apenas para o aumento dos policiais federais, policiais rodoviários federais e agente prisionais federais”, categorias compostas majoritariamente por supostos apoiadores do presidente.
A fala do presidente não demoveu a articulação para a construção de uma greve geral defendida por representantes do ANDES-SN (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), em conjunto com representantes da Fasubra (Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil), Fonasefe (Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais), Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica) e outras entidades representantes das servidoras e servidores públicos.
David Lobão, presidente do Sinasefe, destacou e a importância da unidade para planejar uma paralisação contra a desvalorização das outras categoriais, que também aguardam receber um reajuste: “Todas as servidoras e todos os servidores públicos estão com a perda salarial alta. A maioria está sem reajuste desde 2017, com perdas que ultrapassam 50%. Nós achamos que todos nós merecemos a reposição salarial, queremos que seja para todos e todas, porque nós sofremos com inflação”, explicou
Na reunião, Rivânia Moura, presidente do ANDES-SN, chamou a atenção para a importância de discutir esse momento, reunindo diversas seções sindicais do funcionalismo público, tratando deste assunto. “Quando falamos de reposição salarial, estamos falando de qualidade de serviço prestado, da condição que esse serviço chega ao público. Esse movimento também é uma pauta em defesa do serviço público e é por isso que estamos discutindo esse tema para que iniciemos 2022 com nossas deliberações acertadas”, disse.
Rivânia também destacou que o ANDES-SN tem discutido, em diversas atividades, sobre a necessidade de uma greve geral, contra os cortes de orçamento para educação pública e também com o objetivo de barrar a PEC 32/2020, da Reforma Administrativa, em tramitação no Congresso Nacional. “Vamos deflagrar uma greve unitária das servidoras e dos servidores públicos do Brasil, vamos parar e dizer que não aceitamos todo o processo de deterioração dos nossos salários, das nossas condições de trabalho e do serviço público como direito de todos os brasileiros” frisou.
Ficou deliberado que durante o mês de janeiro, outras reuniões serão marcadas para discutir as pautas sobre a paralisação do serviço público.
Cinco anos sem aumento salarial
De uma maneira geral, o arrocho salarial que se abate sobre o salário do funcionalismo público federal é um problema de Estado, não apenas do Governo de plantão. Cinco anos sem reajuste salarial é algo inadmissível. Os servidores, não podem ter carreiras paralelas ao serviço público, exceto atuarem como educadores. É proibido, por exemplo, serem sócios em empresas privadas.
O Congresso Nacional aprovou o Orçamento da União para 2022 prevendo um valor de R$1,7 bilhão para reajuste das carreiras de policiais federais, causando uma onda de insatisfação em diversas categorias do serviço público, resultando com mais de 500 servidores da Receita Federal pedissem exoneração até a véspera de Natal de 2021. Na segunda-feira (27/12), ainda no ano passado, auditores fiscais iniciaram uma greve contra a não regulamentação do bônus de eficiência, dos cortes de orçamento em 2022 e contra o reajuste direcionado apenas para as carreiras de policiais federais. Segundo dados da Fonasefe, ao atualizar os números num comunicado, informou que 632 delegados e chefes da auditoria da Receita Federal anunciaram a entrega de cargos, conjuntamente com a deflagração de uma greve.
O Ministério da Economia que absorveu o antigo Ministério do Planejamento, onde o assunto era tratado, até agora não se manifestou sobre a possibilidade de paralização do governo se realmente for deflagrado a greve geral em pleno ano de eleições gerais convocadas para outubro desse ano.
Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.
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