Do Valor Econômico
Proposta de compra da Centrais Elétricas do Pará (Celpa), apresentada ontem à noite pela Equatorial Energia, ainda precisará ser aprovada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), pelos credores e acionistas minoritários da companhia: a BNDESPar, Eletrobras e o Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS), todos estatais. A expectativa é que esse processo ainda leve cerca de 30 dias.
No entanto, é esperado que a proposta não enfrente grandes objeções. A venda da Celpa isoladamente, e não de todos os ativos do grupo Rede de uma só vez, já era uma ideia acalentada pelo próprio governo.
Havia o receio de que a aquisição por uma mesma companhia das nove distribuidoras controladas pelo grupo Rede, que fornece energia elétrica para 5 milhões de pessoas nas regiões Norte e Centro-Oeste, poderia ser ruim para os consumidores.
Com prejuízo de quase R$ 400 milhões em 2011, a Celpa transformou-se em um problema. Em recuperação judicial desde fevereiro, a distribuidora realizará no dia 9 de julho sua primeira reunião com os credores, data que foi mantida apesar da proposta de compra apresentada pela Equatorial Energia.
Em seu comunicado enviado ontem à noite à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Equatorial deixou claro que espera o apoio dos credores da Celpa e que eles apresentem “um plano de recuperação judicial em termos e condições aceitáveis”.
A empresa disse ainda, no mesmo comunicado, que não realizou uma auditoria (due diligence) na Celpa e que sua oferta de compra depende de uma “conclusão satisfatória” desse processo. O valores oferecidos aos controladores do grupo Rede não foram revelados.
Até que a oferta receba o sinal verde de todos, o controle da Celpa não mudará de mãos e seus acionistas atuais continuarão respondendo pela empresa.
Nem a venda da Celpa nem a proposta da Equatorial foram consideradas uma surpresa. A Equatorial, que atua nas regiões Norte e Nordeste, já estava cotada entre os prováveis compradores da distribuidora no Pará.
A venda da companhia também é um alívio. Segundo noticiou o Valor, Os prejuízos da Celpa no ano passado afetaram diretamente a rentabilidade do FI-FGTS, cujo retorno foi de 7,63% em 2011. O valor poderia ter sido, pelo menos, 0,20 ponto porcentual maior, não fosse o efeito da Celpa.