A fórmula da Equatorial para resolver os problemas da distribuidora de energia do Pará, a Celpa, não estará baseada em tecnologia, mas sim em gestão. “Tecnologia não é a solução”, afirmou o diretor financeiro da Equatorial, Eduardo Haiama, na sexta-feira, em teleconferência com analistas, ao citar como exemplo a Cemar, distribuidora de energia do Maranhão adquirida pela empresa em 2006 e que é considerada um caso bem-sucedido de reestruturação.
Um dos desafios será reduzir as perdas da Celpa – ou os populares “gatos”, a energia que não é paga pelos consumidores. Segundo Haiama, assim como foi feito na Cemar, a ideia é “dividir um problemão em vários probleminhas e montar um plano de ação para [combater] cada um deles”.
Mas, na avaliação de um analista, o combate aos “gatos” pode ser uma tarefa mais difícil no Pará do que foi no Maranhão, há seis anos. Com o aumento do poder aquisitivo, o consumo de energia também cresceu entre a população de renda mais baixa, o que deixou a conta de luz mais cara.
Durante a teleconferência com analistas, a Equatorial não fez comentários sobre a oferta primária de ações anunciada na noite anterior, avaliada em R$ 1 bilhão, por estar em período de silêncio. A operação deve financiar tanto a aquisição da Celpa, que está em recuperação judicial, bem como a compra das demais oito distribuidoras do grupo Rede, que estão sob intervenção da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
A Equatorial apresentou a oferta para adquirir as oito distribuidoras em conjunto com a CPFL e a expectativa é que as duas empresas dividam o negócio meio a meio. Uma fonte a par do processo afirmou ao Valor que as negociações estão “bem encaminhadas” e que será uma “surpresa” se o acordo não for fechado. O analista do banco Espírito Santo, Gabriel Laera, acredita que a aquisição poderá ser concluída ainda este ano.
Na sua avaliação, o deságio nas dívidas da Celpa e do Rede poderá alcançar 65%. Segundo ele, a aquisição da Celpa aumentaria em R$ 5 o valor justo para as ações da Equatorial, enquanto a aquisição do grupo Rede elevaria esse valor em R$ 8,9. Mas a oferta primária de ações, em compensação, irá diluir em R$ 9,1 o preço da ação da companhia. Na sexta-feira, as ações da Equatorial caíram 0,88% e fecharam o pregão a R$ 17,94.
Fonte: Valor Econômico