Orientados por professores de história, por meio da organização não governamental Repórter Brasil, e apoiados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), dezenas de estudantes de nove escolas da rede municipal de ensino produziram uma revista com 52 páginas, reunindo produções textuais e desenhos elaborados por eles sobre o tema “Trabalho escravo contemporâneo”.
Propostas pela Secretaria Municipal de Educação (Semed), sob a coordenação da professora Janes Vargem (Coordenação Técnica Pedagógica de História) e apoio de Tereza Cristina Silva de Oliveira (Diretoria Técnica Pedagógica) e Valdelice Cardoso (Divisão de Ensino do 3º e 4º Ciclos), as atividades na produção da revista proporcionaram aos alunos a reflexão e compreensão do trabalho escravo contemporâneo como uma violação dos direitos humanos, configurando uma prática ilegal e imoral existente no município.
A produção do trabalho pedagógico se deu a partir de uma campanha educativa nas escolas, em outubro de 2014, a respeito dessa prática considerada criminosa. Professores e alunos discutiram o tema em sala de aula, traçaram relações com a realidade local e alertam as comunidades sobre o perigo do aliciamento de trabalhadores.
O resultado desse projeto está reunido na revista Trabalho Escravo Contemporâneo – Parauapebas contra essa prática, traduzido em paródias, histórias em quadrinhos, artigos de opinião e desenhos sobre o assunto. A Semed pretende este ano expandir o alcance do projeto e envolver escolas que não participaram no ano anterior.
Para Janes Vargem, coordenadora municipal da área de história e responsável pelo projeto, o trabalho pedagógico contribuiu para despertar o senso crítico e formação cidadã de crianças, adolescentes e jovens acerca do trabalho escravo. “Resolvemos registrar as atividades realizadas pelos professores e alunos como reconhecimento pelo trabalho feito e também para estimular novas abordagens sobre o tema”, declarou.
Formação de gestores
As atividades escolares em Parauapebas são consequência da formação continuada de gestores da Educação realizada pelo programa “Escravo, nem pensar!” em agosto de 2014, em Marabá. Além de Parauapebas, a formação envolve os municípios de Abel Figueiredo, Canaã dos Carajás, Curionópolis, Eldorado do Carajás, Itupiranga, Jacundá, Marabá, Nova Ipixuna, Palestina do Pará, Piçarra, São João do Araguaia e Tucumã.
Em dezembro, aconteceu o primeiro encontro de acompanhamento pedagógico, quando foram exibidos os resultados parciais das campanhas educativas nos municípios. O segundo e último encontro está previsto para maio deste ano.
A formação conta com apoio do Grupo de Articulação Interinstitucional para o Enfrentamento ao Trabalho Escravo no Pará (Gaete), Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e TAM Linhas Aéreas, além da parceria com a Comissão Pastoral da Terra.
Para conhecer um pouco mais da revista desenvolvida pelos alunos da rede municipal de ensino, clique aqui.
Texto: Waldyr Silva – Foto: Luzandra Vilhena – ASCOM PMP