Segundo um estudo de Andressa Parente, Everaldo de Souza e João Batista Ribeiro, todos do programa de pós-graduação em Ciências Ambientais da Universidade Federal do Pará (UFPA), denominado “A ocorrência de malária em quatro municípios do estado do Pará, de 1988 a 2005, e sua relação com o desmatamento”, o desmatamento pode ser um fator que influencia o aumento do número de casos de malária no estado do Pará. O artigo foi publicado na edição de março deste ano na Acta Amazônica.
A malária, segundo os pesquisadores, é uma questão de saúde publica mundial, pois é uma das doenças parasitárias de elevado índice de morbidade e mortalidade. Ela é de caráter sistêmico, febril e de transmissão vetorial e ocorre em regiões tropicais e subtropicais. No continente americano, o Brasil apresenta os maiores números de casos e o estado do Pará contribui, significativamente, com as elevadas taxas de incidência da doença, informam na publicação.
Para os autores, fatores como “o alto índice de desenvolvimento por migração nas últimas três décadas, crescimento urbano desordenado sem acompanhamento de infraestrutura sanitária e desmatamento” contribuem para a prevalência de endemias regionais. O estado do Pará reflete esta realidade regional e, nos últimos anos, apresentou altas taxas de infecções da malária, explicam. Há ainda o acelerado processo de desmatamento florestal, por causa dos processos econômicos – interesses madeireiros e agropecuários – e do avanço dos centros urbanos sobre a vegetação, acrescentam os autores.
Durante a pesquisa, a equipe observou que as maiores ocorrências de desmatamento – nos anos de 1988, 1995, 1996, 2000, 2002 e 2004 – são seguidas do aumento significativo na incidência de malária nos anos posteriores. Para os pesquisadores, “as modificações promovidas pelo homem no ambiente natural continuam propiciando a formação de habitats favoráveis à proliferação de mosquitos transmissores de infecções humanas”. Além disso, “há pouca informação sobre os possíveis impactos da mudança climática sobre a floresta tropical da Amazônia”, alertam.
“As atividades econômicas praticadas na região como garimpo, extração de madeiras e grandes projetos que demandam a exploração ambiental, são causas dos impactos ambientais e agravos à saúde”, afirmam os autores. Essas atividades econômicas alteram o padrão da endemia, ou seja, elas podem aumentar ou diminuir os casos, principalmente, se estiverem envolvidas com o processo de deslocamento populacional, ausência de investimentos em infraestrutura sanitária e de serviços de controle de malária que é uma doença endêmica na região Norte do país, explicam.
Os autores concluem que o desmatamento pode ser um fator, em menor ou maior intensidade, o qual contribui para a prevalência e flutuações nos casos da malária no estado do Pará. Entretanto, eles alertam que generalizar um perfil de malária para a região é um risco, devido às diversas realidades que há no local.