Pouca gente sabe, mas é da Floresta Nacional de Carajás, que se extrai importante componente que é usado no combate ao glaucoma, a maior causa de cegueira no mundo. É o jaborandi coletado na cidade paraense de Parauapebas, que segue para o exterior e é usado na composição de colírio utilizado no tratamento da doença. Nos últimos três anos, os estudos sobre a planta foram intensificados na região fruto de uma parceria entre Vale, Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Na última sexta-feira, 1º de julho, evento no Parque Zoobotânico de Carajás, reuniu pesquisadores, cooperativistas e analistas de meio ambiente, para tratar da importância da espécie, com a apresentação dos resultados do estudo. Na data, foi aberta também exposição sobre a planta com os resultados do programa. O ambiente onde a espécie é encontrada foi recriado para dar uma sensação ao visitante de estar na floresta em contato com a planta, suas sementes e folhas. A exposição permanece no Parque durante todo mês de julho.
Por meio da pesquisa, foi realizado o monitoramento fenológico do jaborandi, ou seja, foram identificadas as épocas e formas de produção de semente e novas folhas e o mapeamento das áreas com a presença da espécie. Um dos resultados importantes foi a identificação de 5.538,90 hectares de área de ocorrência natural do jaborandi em dezesseis pontos de concentração distintos na Flona Carajás.
Resultados
A espécie está na lista da flora brasileira ameaçada de extinção divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente. Segundo a Coordenadora da pesquisa, professora da Ufra, Gracialda Ferreira, “hoje já temos muitas informações que ampliam o total de área com a presença natural do jaborandi e sobre sua forma de reprodução, que podem subsidiar uma revisão da lista e favorecer a sua conservação e a gestão de nossas florestas”.
Além do maior conhecimento sobre áreas, os resultados beneficiam a Cooperativa dos Extrativistas da Floresta Nacional de Carajás (Coex), que atua na coleta e venda da folha do jaborandi para indústria farmacêutica. Foi firmado convênio com a Vale, para capacitação e melhoria da estrutura física da Cooperativa e de sua capacidade de geração de renda.
Para Gilson Lima, membro da COEX, o programa trouxe ganhos significativos. “Trouxe capacitação, a melhor estrutura física com a primeira sede, equipamentos, e principalmente o conhecimento sobre novas áreas com a presença da espécie”, diz ele. Ano passado, a Cooperativa coletou o total de 16 toneladas de folhas, este ano, a meta é colher o dobro, 32 toneladas. O grupo deverá atuar já em parte das novas áreas identificadas. “Vai haver um aumento de produção, o que vai melhorar a renda das famílias”, diz. O trabalho de coleta agora em julho.
Uso do jaborandi
Atualmente 30 cooperados atuam no trabalho de coleta e fornecimento da folha, para a indústria farmacêutica que extrai diferentes produtos da folha para uso medicinal e estética (xampu, óleos, sabonete etc) . O uso medicinal, no entanto, cresce em importância, já que a pilocarpina (alcaloide extraído da folha da planta), é base do colírio utilizado no tratamento do glaucoma e não apresenta outro substituto.