Nesta quinta-feira, 1º de junho, a temática “inclusão no mercado de trabalho” foi abordada em uma palestra realizada no auditório das Promotorias de Justiça de Marabá, na Rua das Flores, núcleo Cidade Nova. O evento trouxe questionamentos sobre as barreiras enfrentadas por pessoas com deficiência (PcD) em sua inserção, tanto para conseguir emprego, quanto nos mais diversos espaços da sociedade.
No país, pessoas com deficiência já têm seu direito ao trabalho garantido pela a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), de número 13.146, sancionada em 2015. Em seu artigo 34, ela assegura para a pessoa com deficiência o direito ao trabalho de sua livre escolha e aceitação, em ambiente que seja acessível e inclusivo, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.
Ao refletir sobre a temática, Ângela Maria Balieiro Queiroz, promotora de justiça e coordenadora do Centro de Apoio Operacional Cível, Processual e do Cidadão (CAOCPC), aponta que o objetivo da palestra é instigar uma reflexão acerca da importância de possibilitar que a Pessoa com Deficiência (PcD) seja inserida no mercado de trabalho. “A acessibilidade não é só a cadeira de rodas e a calçada. Nós não temos intérpretes de Libras (Língua Brasileira de Sinais) nas delegacias, nos hospitais, nas empresas, é uma grande barreira a ser vencida”.
Ela assevera que, atualmente, a acessibilidade física – como rampas para pessoas em cadeiras de rodas – é uma questão socialmente aceita e disseminada na cultura popular, mas o momento atual pede que o avanço contemple outras deficiências, como auditiva, de fala e mental/intelectual.
Como ação de inclusão, o evento teve em sua abertura a apresentação cultural de um grupo de alunos da Associação de Pais e Amigos dos Especiais (APAE), que animou o público com o tradicional carimbó. Além disso, intérpretes de Libras fizeram a tradução simultânea da língua falada para a de sinais.
Nadjalucia Oliveira Lima, secretária de Assistência Social Proteção e Assuntos Comunitários de Marabá (Seaspac), analisa que as políticas para pessoas com deficiência tiveram avanço, mas pouco, fator que colabora para que ainda haja inúmeros desafios a serem superados.
“Nós temos a falta de conscientização da sociedade como um todo para esta demanda, por achar que a pessoa com deficiência é incapaz. Que ela não está pronta para o mercado de trabalho e não contribui com renda”, alfineta.
A secretária avalia que esse viés não está de acordo com a realidade, mas que são necessárias iniciativas – como a do evento – para que seja possível desconstruir essa linha de pensamento. Atualmente, enumera, a Seaspac possui equipamentos com acessibilidade, inclusive carros, além de uma intérprete de Libras (Língua Brasileira de Sinais), e aponta que estes avanços são pequenos, mas relevantes.
“A promotoria é muito parceira no sentido de garantir os direitos da pessoa com deficiência, mas ainda podemos citar a dificuldade no transporte e mobilidade urbana, e podemos afirmar que temos um desafio, daqui em diante, para contribuir com a sociedade de forma geral”.