Brasília – O atual conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ), ex-vereador, ex-deputado estadual por cinco mandatos consecutivos (1999-2015) e empresário do ramo de postos de gasolina, Domingos Brazão, de 58 anos, foi acusado pelo ex-PM Ronnie Lessa de ser o mandante da morte da vereadora Marielle Franco.
Preso desde março de 2019, Lessa fez acordo de delação com a Polícia Federal. O acordo ainda precisa ser homologado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), pois Brazão tem foro privilegiado por seu cargo no TCE-RJ.
As investigações acusam o ex-PM de matar Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes com uma rajada de submetralhadora em março de 2018. Em seu depoimento, o suposto executor da morte da vereadora teria delatado Domingos Brazão como um dos mandantes do crime. A informação não pôde ser confirmada de forma independente pelo Blog do Zé Dudu, entretanto, alguns portais independentes garantem terem tido acesso a fontes ligadas à investigação e divulgaram a notícia na manhã desta terça-feira (23).
Essa não é a primeira vez que o conselheiro TCE-RJ foi citado nas investigações do assassinato de Marielle Franco.
O nome do político apareceu após o depoimento do policial militar Rodrigo Jorge Ferreira, o Ferreirinha, que acusou o então vereador Marcello Siciliano (PHS) e o miliciano Orlando Curicica como os mandantes do crime. A Polícia Federal desconfiou e concluiu, após investigação, que Ferreirinha e sua advogada, Camila Nogueira, faziam parte de organização criminosa cujo objetivo era atrapalhar as investigações sobre a morte da vereadora.
Contra Brazão já foram levantadas suspeitas de corrupção – pela qual foi afastado e depois reconduzido ao cargo de conselheiro do Tribunal de Contas –, fraude, improbidade administrativa, compra de votos e até homicídio, segundo a crônica policial e política do Rio de Janeiro.
Em março do ano passado, a 13ª Câmara de Direito Privado determinou o retorno de Brazão ao TCE-RJ por 2 votos a 1. A decisão colocou fim ao processo que pedia a anulação da sua nomeação ao cargo, para o qual foi eleito em 2015, com o voto da maioria dos seus pares na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Operação Quinto do Ouro
O ex-deputado estava afastado desde 2017, quando ele e outros quatro conselheiros chegaram a ser presos temporariamente como parte da Operação Quinto do Ouro, um dos desdobramentos da Operação Lava Jato no Rio.
De acordo com apuração policial do site, o advogado Márcio Palma, que representa Domingos Brazão, disse não ter ficado sabendo dessa informação sobre a delação premiada de Lessa. Afirmou também que tudo que sabe sobre o caso é pelo que acompanha pela imprensa, já que pediu acesso aos autos e foi negado, com a justificativa que seu cliente não era investigado.
Em entrevistas anteriores à imprensa, Domingos Brazão sempre negou qualquer participação no crime.
Por Val-André Mutran – de Brasília
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