Baseadas na comercialização de produtos primários, notadamente em recursos minerais, as exportações paraenses encolheram 24% nos primeiros quatro meses deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. As informações são exclusivas do Blog do Zé Dudu, que analisou nesta quinta-feira (12) microdados da balança comercial que acabam de ser liberados pelo Ministério da Economia.
A maior praça financeira da Região Norte acumulou 6,705 bilhões de dólares em exportações totais de janeiro a abril, ficando pelo menos 2 bilhões abaixo dos 8,827 bilhões de dólares alcançados no primeiro quadrimestre de 2021. As razões para a queda nas transações comerciais vêm de Carajás: a região que mais produz minério de ferro de alto teor no mundo desacelerou a atividade extrativa nas jazidas de Serra Norte (em Parauapebas) e Serra Sul (em Canaã dos Carajás).
Apesar da baixa, o minério de ferro ainda responde por 60% das exportações paraenses. Cerca de 4,05 bilhões da commodity que abastece a indústria do aço foram embarcados pelo Oceano Atlântico com destino especialmente à China, maior compradora do minério regional. Confira os dez produtos mais exportados pelo Pará durante o primeiro quadrimestre deste ano:
TOP 10 DAS PRINCIPAIS COMMODITIES PARAENSES
1º Minério de ferro — 4,05 bilhões de dólares
2º Alumínio (óxido e hidróxido) — 616,34 milhões de dólares
3º Cobre — 526,68 milhões de dólares
4º Soja — 416,88 milhões de dólares
5º Carne bovina (congelada) — 230,12 milhões de dólares
6º Ferro-ligas — 151,26 milhões de dólares
7º Alumínio (bruto) — 132,38 milhões de dólares
8º Madeira — 116,28 milhões de dólares
9º Caulim — 51,32 milhões de dólares
10º Gases raros — 45,56 milhões de dólares
Menor tonelagem de ferro
Além de assistir à queda de receitas na produção de minério de ferro, o volume físico também foi o menor dos últimos três anos. Dados levantados pelo Blog do Zé Dudu mostram que a produção exportada nos quatro primeiros meses deste ano fechou em 46,87 milhões de toneladas (Mt), inferior aos volumes de 2021 (53,6 Mt) e 2020 (52,17 Mt).
O valor também caiu bruscamente: enquanto o faturamento sobre as exportações de minério totalizou 6,43 bilhões de dólares no ano passado, este ano despencou para 4,05 bilhões. Além do ritmo mais lento de produção física, devido ao “cansaço” das reservas de maior abundância mineral de Parauapebas e que caminham para exaustão, o dólar — cuja cotação se manteve abaixo dos R$ 5 durante grande parte do primeiro quadrimestre — foi preponderante para que o commodity perdesse força.