A exposição fotográfica “Olhar sobre o Acolhimento” foi aberta ao público em Marabá nesta quinta-feira (25), na sede do Ministério Público Estadual (MPPA), trazendo a temática do envelhecimento institucionalizado. A iniciativa visa oportunizar a visibilidade social positiva de casas-lares do município para pessoas idosas.
Realizado pela Promotoria de Justiça e Defesa da Pessoa Idosa de Marabá, o evento também contou com palestras voltadas à rede de apoio do grupo, e continua nesta sexta-feira (26), no auditório do MPPA.
A mostra de fotografias é uma parceria com o Centro Integrado da Pessoa Idosa Antônio Rodrigues (CIPIAR) e o Lar São Vicente de Paulo, e compartilha o dia a dia desses acolhidos e suas atividades nessas instituições, sob o enfoque da proteção, cuidado e garantia de direitos.
A promotora de justiça titular da Defesa dos Direitos das Pessoas Idosas de Marabá, Lílian Viana, perseverou sobre o acesso à moradia digna na esfera em que o indivíduo vive – seja por decisão ou necessidade –, como os institutos de acolhimento público e particular do município.
Ela chama atenção para o Índice de Desenvolvimento Urbano para a Longevidade (IDL), divulgado em 2017 pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Segundo a pesquisa, Marabá foi a lanterna entre 150 grandes cidades do país no que diz respeito ao atendimento à demanda das pessoas idosas. Desde então, o município tem desenvolvido estratégias para evoluir nesse quesito, inclusive inaugurando o CIPIAR, em maio de 2018.
“Há cerca de 60 pessoas idosas acolhidas, atualmente, nessas instituições. Hoje e amanhã serão, portanto, o momento de capacitação da rede de proteção desses indivíduos,” afirma Viana. A rede é formada pelo Conselho de Direitos das Pessoas Idosas, Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).
A promotora analisa que apesar dos avanços no que tange à assistência social da pessoa idosa, Marabá ainda precisa evoluir na esfera da saúde pública voltada para eles.
PLANO NACIONAL
No dia 25 de julho de 2022, o Estatuto do Idoso ganhou nova denominação: Estatuto da Pessoa Idosa. A mudança, aprovada por deputados e senadores, foi sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro.
Assim como outros termos masculinos, a palavra “idoso” era usada para designar genericamente todas as pessoas idosas, sejam homens ou mulheres – embora mulheres sejam maioria na população de mais de 60 anos. Considerando não somente o respeito ao seu maior peso demográfico, mas também a necessidade de maior atenção estatal para a potencial dupla vulnerabilidade associada ao envelhecimento feminino, o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa (CNDI) recomendou a substituição em todos os textos oficiais.
OLHAR CIENTÍFICO
Pós-doutora em Envelhecimento Humano, a professora Ana Cristina Viana enfatiza o quantitativo de homens idosos nas instituições de acolhimento no município. Frente aos estudos que desenvolve na região desde 2014, ela acredita que o motivo desse fato divergente de outras regiões do país está diretamente ligado a um vínculo cultural e familiar perdido.
Tal questão é um dos pilares do bom envelhecimento: “Esse vínculo dificilmente pode ser reconstruído sem uma intervenção específica para, pelo menos, tentar entender o que aconteceu e o que pode ser feito diante disso,” pontua.
Viana também ressalta a falta de atenção da mídia e, até mesmo, do conhecimento científico sobre o assunto, o que dificulta a compreensão em uma visão micro e macro do abandono e da situação de rua das pessoas idosas em Marabá.