Em áudio que circula nos grupos de WhatsApp de Parauapebas desde segunda-feira (21), uma voz masculina atribui a execução de um adolescente de 17 anos, ocorrida no domingo (20), à vingança pelo enforcamento, na Carceragem do Rio Verde, de dois rapazes acusados de tráfico de entorpecentes: Vagno Aquino Silva, 21, e Marco Antônio Oliveira de Souza, 18. Eles estavam presos desde o dia 10 e, no domingo, amanheceram pendurados em cordas, pelo pescoço, na cela em que estavam presos.
“O bagulho não é brincadeira, tá ligado? Mataram dois irmãos nossos dentro da cadeia de Parauapebas, tá ligado? Essa é a nossa resposta, tá ligado? É a resposta do crime em cima do certo, justo e correto, tá ligado? Pegaram a visão certa, tá ligado? Então, não precisa dizer mais nada,” diz a pessoa.
Em seguida ameaça: “Se mexerem com nossos irmãos, chegando na cadeia de Parauapebas, chegando na cadeia de Marabá, que virem oprimir os caras dentro da cadeia, tá ligado? Virem ceifar a vida dos caras dentro da cadeia, o bagulho vai ser doido na rua”.
Ele promete cometer uma carnificina no mesmo dia, matando pessoas dos bairros Primavera, Dos Minérios, Da Paz e Tropical; fazer uma “limpeza geral”. “O bagulho vai ser doido pra cima de vocês, viu? Bando de abóbora do c…”, encerra.
Confira o áudio:
Comandante do 23º BPM fala sobre as ameaças
Ouvido pela Reportagem do Blog a respeito das ameaças, o comandante do 23º Batalhão de Polícia Militar (BPM), major Gledson Melo dos Santos, disse que até o momento não existe relação alguma entre o assassinato do adolescente e o incêndio criminoso de uma casa, também ocorrido no último fim de semana, com o enforcamento dos dois presos. Segundo ele, tanto as circunstâncias dos enforcamentos quanto do incêndio ainda estão sendo investigadas pela Polícia Civil.
Acerca da existência, na Carceragem do Rio Verde, de integrantes das facções criminosas PCC (Primeiro Comando da Capital) e Comando Vermelho (CV), que vivem em guerra pelo domínio das prisões país afora, o oficial disse que revistas como a que ocorreu em Parauapebas, na última segunda-feira (21), estão acontecendo em todas as cadeias do estado, com o objetivo de evitar que ordens para o cometimento de crimes sejam emitidas de dentro dos centros de detenção.
Troca de informações com a Polícia Civil para combater as facções
Sobre o trabalho do 4º BPM para minimizar a criminalidade em Parauapebas, o major disse que a PM já está trabalhando em conjunto com a Polícia Civil, inclusive trocando e somando informações para o planejamento das operações. Segundo ele, para combater com eficácia as facções, só o trabalho nas ruas não é suficiente. É importante também a informação que vai apontar quem são os líderes, os bandidos que têm poder hierárquico sobre os demais, a fim de combatê-los.
A respeito da área bancária, o major Gledson disse que essa é uma de suas preocupações, sobretudo com as demais cidades jurisdicionadas ao 23º BPM, como Curionópolis, Eldorado do Carajás e Canaã dos Carajás, cidade na qual ele esteve recentemente e se reuniu com o oficial que comanda a PM no município.
Canaã terá policiamento reforçado na área bancária
O comandante do 23º BPM disse que, nos períodos de maior circulação de dinheiro nos bancos de Canaã, o policiamento da cidade está sendo reforçado pelo Grupo Tático Operacional (GTO) e, a partir desta quarta-feira (23), com uma guarnição da Ronda Tática Metropolitana (Rotam), que chegou de Belém.
O oficial anunciou, também, que Eldorado do Carajás receberá reforço policial por se tratar de um lugar bastante vulnerável à ação dos assaltantes de banco.
Quanto ao emprego de motocicletas no policiamento, major Gledson afirma que está sendo intensificado na repressão ao crime em Parauapebas exatamente por se tratar de um veículo capaz de entrar em qualquer rua, viela ou caminho, e de maior agilidade no trânsito.
Em relação à criação de um Posto de Policiamento Destacado na Vila Palmares Sul, o comandante do 4º BPM disse que, por ainda não ter sido criado, ele determinou o deslocamento de um efetivo para que fique por tempo indeterminado na comunidade, não só para atender a ocorrências, como acontecia antes, mas para que ali haja um policiamento fixo.